🔴 META: ATÉ R$ 334,17 POR NOITE – CONHEÇA A ESTRATÉGIA

Surreal! O ‘peso-real’ deixou todo mundo histérico, mas inutilmente; entenda por que moeda comum não vai sair do papel

Uma ideia ruim acabou sendo explicada da maneira errada para um jornal com um pouco mais de credibilidade e peso-real rendeu uma confusão enorme

24 de janeiro de 2023
6:09 - atualizado às 10:48
argentina, real, brasil, peso, criptomoedas
Imagem: Montagem Seu Dinheiro

Os participantes do mercado financeiro, os veículos de notícias e as redes sociais passaram por um momento de histeria coletiva com a notícia cheia de equívocos de um grande jornal estrangeiro sobre a criação de uma moeda entre Brasil e Argentina.

O ruído chamou a atenção de gente importante, uma vez que é um absurdo bem grande. O problema é que a história foi contada e espalhada da maneira errada.

Mas vamos por partes.

A ideia de uma moeda compartilhada não é nova e já teve entre seus defensores o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que a chamava de “peso-real”.

Agora ventilada pelo governo atual e autoridades argentinas, o projeto se trata, na verdade, não da utilização de uma moeda única latino-americana, nos moldes do euro, mas, sim, de uma moeda virtual para ser usada bilateralmente em transações financeiras e comerciais dos países.

"Ah, mas começa assim mesmo e depois avança". Não, não começa não.

VEJA TAMBÉM - Brasileiros vivem "dias de rico na Argentina", mas cuidado ao levar o seu dinheiro para lá: descubra a forma mais vantajosa ade fazer isso

O que está sendo discutido afinal

Em primeiro lugar o que foi colocado é o início de um estudo colaborativo de viabilidade econômica, não um preparo propriamente dito, como foi ventilado no fim de semana.

O pano de fundo seria o experimento de 2008, após a crise do subprime, em que os países adotaram trocas nas moedas de origem, por conta da volatilidade internacional.

De maneira similar, o objetivo do estudo, somente iniciado, é o de identificar alguma chance de mitigar os efeitos da volatilidade e desvalorização do peso argentino, diante da inflação galopante do país.

Como se trata de um parceiro comercial relevante do Brasil, a situação monetária do vizinho atrapalha os controles comerciais. Não há, portanto, uma essência de união monetária, apesar do alinhamento entre os governos.

Imagina quanto tempo isso iria levar

Em segundo lugar, mesmo uma união monetária como a da zona do euro precisou de mais de três décadas para sair do papel.

Imaginem o tempo necessário para realizar o mesmo experimento na América Latina, com tantos problemas nos dois países e perante uma exacerbada volatilidade e polarização política.

São necessárias inúmeras etapas de harmonização de políticas fiscal e cambial entre os países, movimento do qual não estamos nem próximos com a união alfandegária do Mercosul.

Instituições e legislações comuns

Sem falar nas instituições supranacionais e em algum conjunto de leis em comum.

Por isso, quando muito, tratamos aqui não de uma moeda nacional, mas um veículo que minimize as dificuldades de aceitação do peso no mercado internacional, como uma espécie de "clearing" (serviço de compensação e liquidação de ordens de compra e venda eletrônicas) para mercado Brasil-Argentina, dado que a restrição de dólar pode prejudicar o comércio com Argentina ou outros países.

Melhor que o peso real? Executivo gringo dá sugestão de moeda “ousada” para Brasil e Argentina; veja 

Politicamente inviável

O que nos traz ao terceiro ponto, que é a falta de viabilidade política. Não apenas o assunto parece não ter unanimidade dentro do próprio governo, como também haveria uma oposição muito forte em Brasília, em especial a partir de fevereiro, com o novo Congresso mais à direita do que o atual proporcionando uma oposição mais ferrenha.

Em outras palavras, portanto, a iniciativa morre na praia quando olhamos para o futuro. Não é uma prioridade e, consequentemente, não haveria razão para o governo gastar munição com a temática, considerando outros temas econômicos mais relevantes, como o novo arcabouço fiscal de Rogério Ceron, secretário do Tesouro, e a reforma tributária de Bernard Appy, secretário especial de reforma tributária.

peso real

Melhor que o peso real?

Executivo gringo dá sugestão de moeda “ousada” para Brasil e Argentina; veja aqui

Powered by Empiricus Research.

A retórica parece que só se tornou mais evidente por conta da viagem do presidente Lula aos vizinhos nesta semana, começando com a própria Argentina, que está visivelmente usando a bandeira para fins eleitorais, uma vez que há eleição presidencial neste ano.

Por outro lado, considerando que se trata da primeira viagem internacional de Lula e que o atual presidente vê no chefe de estado argentino um amigo, ficaria muito difícil simplesmente desmentir a situação toda do dia para a noite.

Veja também - A forma mais barata de levar dinheiro para a Argentina

Outros problemas

Adicionalmente aos pontos já expostos, a proposta acaba tocando diversos problemas econômicos.

Ocorre que, ao entrar em uma união monetária, os países membros devem ter uma combinação de flexibilidade e simetrias de forma que atendam aos critérios propostos pelo modelo de Mundell Fleming, o que não é o caso: 

  1. a diferença da taxa de juros entre os dois países é enorme, impossibilitando uma política monetária que acomode as duas condições (primeiro gráfico abaixo); e
  2. a diferença deriva da inflação argentina (segundo gráfico); seria uma idiotice para o Brasil financiar a redução de prêmio de risco da dívida da Argentina.
Fontes: Steno Research, Bloomberg e Macrobond
Fontes: Steno Research, Bloomberg e Macrobond

Dessa forma, tirando o mal-estar para os agentes de mercado e para o próprio governo brasileiro criado pela entrevista para o Financial Times do ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, não temos muito com que nos preocupar.

Pelo menos temos boas piadas sobre o nome da moeda: gosto de Surreal, o Real do Mercosul.

Compartilhe

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Com mundo de olho na abertura dos Jogos Olímpicos, mercado aguarda PCE para o pontapé inicial na bolsa

26 de julho de 2024 - 7:52

Além de Wall Street, Ibovespa também repercute hoje os números do Governo Central e o balanço da Vale no segundo trimestre

SEXTOU COM O RUY

“Caçadores de ações”: a empresa que ainda está fora do radar dos investidores, mas é por pouco tempo

26 de julho de 2024 - 6:08

A ótima prévia operacional nos deixa mais confiantes de que essa companhia está no caminho certo para voltar a dar lucro ainda em 2024, podendo inclusive se tornar uma boa pagadora de dividendos para quem tem paciência e pensa no longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bugs, bolhas e tecnologia: Big techs azedam o clima nas bolsas em dia de PIB dos EUA e de IPCA-15

25 de julho de 2024 - 8:07

Ibovespa ainda tem que lidar com petróleo e minério de ferro em queda e dólar em alta com mercado à espera do balanço da Vale

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Obrigado, mas não, obrigado

24 de julho de 2024 - 20:30

Recentemente, a startup de cibersegurança Wiz deixou passar uma oferta de US$ 26 bilhões feita pela dona do Google

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A maionese desanda na bolsa: Big techs e minério de ferro pesam sobre os mercados internacionais e Ibovespa paga a conta

24 de julho de 2024 - 7:47

Enquanto resultados trimestrais da Tesla e da dona do Google desapontam investidores, Santander Brasil dá início à safra de balanços dos bancões por aqui

CRYPTO INSIGHTS

Tudo o que você precisa saber sobre os ETFs de Ethereum (ETH) que acabaram de ser lançados

23 de julho de 2024 - 17:36

Segue um dashboard da Bloomberg mostrando as gestoras que estão criando seus respectivos ETF´s de Ether, tickers, taxas, exchanges de negociação e custodiantes

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ibovespa fica a reboque do exterior antes dos balanços das big techs

23 de julho de 2024 - 8:02

Enquanto temporada de balanços ganha tração em meio a agenda fraca, Ibovespa se prepara para os resultados dos bancões

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’

23 de julho de 2024 - 6:37

Rotação setorial coincide com esgotamento da valorização das ‘big techs’ em Wall Street e inflação desacelerando nos EUA

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Erro de design na indústria de multimercados

22 de julho de 2024 - 20:03

O que aconteceu para os conhecedores de política monetária restritiva perderem tanto dinheiro no começo de 2024?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O poder dos fatos novos: Ibovespa reage a desistência de Biden e corte de juros na China

22 de julho de 2024 - 8:04

A bolsa brasileira tem pela frente uma agenda carregada, com os balanços da Vale e do Santander e o IPCA-15; lá fora, PCE é o destaque

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar