Dólar evapora da Argentina: 3 dados para entender a crise no país — e por que a situação do Brasil é bem melhor que a dos “hermanos”
Em economia, tudo pode acontecer, mas o cenário brasileiro é bem diferente do que acontece no país vizinho

A crise que assola a Argentina é um problema que parece não ter solução. O país entrou em uma espiral caótica para a economia, com uma inflação que ultrapassa os 100% ao ano, pouquíssimas reservas em dólar após uma forte seca na lavoura e uma dívida de US$ 45 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
- AS 3 AÇÕES DO MÊS SEM ENROLAÇÃO: Descubra em dois cliques quais são os papéis mais recomendados para quem quer lucrar antes do fim de maio. Basta apertar aqui.
Com eleições marcadas para outubro deste ano, a pauta econômica é a bola quicando no centro do debate político.
Candidatos à direita e à esquerda buscam soluções e tentam dominar a narrativa, apontando culpados que vão desde o antigo governo Maurício Macri até a falta de competência de Alberto Fernández, atual presidente, que desistiu de concorrer à reeleição.
Mas a principal pergunta que fica é: o mesmo pode acontecer com o Brasil? Afinal, acabamos de sair de uma conturbada eleição, e o governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, promete elevar os gastos — sem necessariamente apresentar contrapartidas orçamentárias.
A verdade é que, em economia, tudo pode acontecer. Entretanto, o cenário argentino se repetir no Brasil é muito difícil.
Aqui vão três indicadores econômicos comparando Brasil e Argentina para entender a crise no país vizinho — e por que nós não devemos nos preocupar tanto agora.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
1 — Reservas internacionais em dólar
Começando pelo principal, as reservas cambiais do Brasil e da Argentina são bastante discrepantes.
Dados recentes do Banco Central da Argentina (BCRA, na sigla em espanhol) mostram que as reservas internacionais dos hermanos somam US$ 34 bilhões de acordo com o número compilado até a última sexta-feira (05).
Já as reservas brasileiras são bem maiores. Os números mais recentes do Banco Central (BC) brasileiro indicam reservas de US$ 345 bilhões.
Essas reservas internacionais têm diversas finalidades, como honrar pagamentos internacionais e, em países de câmbio flutuante, evitar choques externos de oscilações contra a moeda local.
Assim, a falta de dólar e as oscilações frente a outras moedas nacionais criam um cenário de incerteza e instabilidade, como é o caso argentino.
- Já sabe como declarar seus investimentos no Imposto de Renda 2023? O Seu Dinheiro elaborou um guia exclusivo onde você confere as particularidades de cada ativo para não errar em nada na hora de se acertar com a Receita. Clique aqui para baixar o material gratuito.
2 — Câmbio flutuante x múltiplos câmbios
Na Argentina, a falta de dólares tem sido um problema para as empresas brasileiras. Cerca de 200 companhias estão sem receber devido à escassez de reservas.
Desde 2002 o país adota o câmbio flutuante — mas a Argentina voltou a controlar e liberar a oscilação das cotações até 2019, quando recebeu um ultimato do FMI e passou a adotar de vez a flutuação do dólar. O câmbio flutuante funciona no Brasil desde 1999.
Mas nos nossos “hermanos” criou-se uma situação, no mínimo, peculiar. Isso porque a Argentina tem mais de 19 taxas oficiais para a moeda dos EUA.
Por exemplo, o “dólar oficial” usado como referência pelo BCRA, custa hoje 235 pesos argentinos. Já o dólar blue (paralelo) pode ser vendido por até 471 pesos, segundo as cotações desta quarta-feira (10); o dólar “turismo” está cotado em 474 pesos — e por aí vai.
No Brasil, a taxa oficial calculada diariamente pelo BC é chamada dólar PTAX e é a referência para o mercado brasileiro. Ele é calculado por uma média das negociações do dólar comercial, que oscila conforme a compra e venda.
O dólar PTAX fechou o pregão da última terça-feira em R$ 5,0001 para compra e R$ 5,0007 para venda.
Existe ainda o chamado dólar turismo, uma cotação especial para quem vai viajar, calculado pelas casas e corretoras de câmbio.
Apesar de ter algumas oscilações, essa cotação não está muito distante da taxa PTAX do BC — valendo aproximadamente R$ 5,030 para compra e R$ 5,171 para venda.
3 — Inflação descontrolada e a relação com o dólar
Como foi dito anteriormente, as reservas internacionais são utilizadas para transações entre países. A ausência de dólares dificulta a importação e exportação, o que acaba encarecendo os produtos.
Encurtando um grande resumo histórico, a economia argentina já foi oficialmente dolarizada. Na passagem de 1991 para 1992 entrou em vigor o chamado Plano Cavallo, que colocava paridade de 1 para 1 do austral (como era chamada a moeda argentina na época) com o dólar — algo próximo do que foi o Plano Real de 1994.
Entretanto, na passagem de 2001 para 2002, a intensa convulsão social obrigou a Argentina a abandonar a paridade com o dólar e decretar o chamado “corralito”, bloqueio das contas dos cidadãos. A moeda voltou a se chamar peso e o câmbio passou a ser livre novamente.
Mas a economia da Argentina nunca deixou de ser totalmente dolarizada. Assim como acontece no Brasil, o dólar tem uma influência no preço final dos produtos, o que acaba gerando uma inflação marginal em toda economia.
Em países com reservas, essa oscilação pode ser controlada. Já para o caso argentino, a soma de todos os fatores citados não poderia ser diferente: a expectativa dos analistas é de que, ao final de 2023, a inflação acumule 120% de alta.
Bônus: e os juros?
Brasil e Argentina são países vizinhos, duas grandes economias da América Latina e se assemelham em muitas coisas — churrasco ou asado, ambos dominam a arte.
Apesar de próximos em muitos pontos, são distantes no quesito taxa de juros.
O Brasil tem o maior juro real — ou seja, a taxa de juros praticada descontada a inflação esperada do período — do planeta, com 6,94% ao ano. No segundo e terceiro lugares vêm México e Chile, com 6,05% e 4,92% respectivamente.
A Argentina ocupa a ponta oposta do gráfico: os juros por lá estão a 91% ao ano, mas a inflação elevada faz com que o juro real por lá seja negativo em quase 20%.
*Atualização: a matéria continha um erro de cálculo no bloco de reservas internacionais e onde dizia "milhões" nas reservas argentinas, o correto é "bilhões". A correção foi feita no dia 11/05.
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Primeiro ETF de XRP do mundo estreia na B3 — marco reforça protagonismo do Brasil no mercado de criptomoedas
Projeto da Hashdex com administração da Genial Investimentos estreia nesta sexta-feira (25) na bolsa de valores brasileira
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?
Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius