A inflação fora de controle e a alta do dólar custaram caro ao presidente da Argentina, Alberto Fernández.
O mandatário argentino anunciou na manhã desta sexta-feira (21) que não buscará a reeleição ao cargo nas eleições de outubro.
Em uma mensagem de vídeo de mais de 7 minutos de duração publicada em suas redes sociais, Fernández disse que vai entregar a faixa presidencial em 10 de dezembro a quem vencer o pleito.
Alberto Fernández afirmou ter tomado a decisão “com a certeza de não ter tomado uma única medida contra o nosso povo”.
Comprometeu-se ainda a concentrar “seu esforço, seu empenho e seu coração na resolução dos problemas dos argentinos”.
Fala mais, Alberto Fernández
“Quando comecei a militar na política, na década de 1970, nunca coloquei a missão pessoal antes da necessidade do todo”, disse Fernández.
“Como militante peronista, sempre soube que primeiro vem a pátria, depois o movimento e por último os homens. Por isso vou cumprir essa escala de prioridades”, argumentou o presidente no vídeo.
Ainda de acordo com ele, o contexto econômico o obriga “a dedicar todos os esforços para atender aos momentos difíceis que o país atravessa”.
Decisão abre disputa no campo peronista
Com a decisão, o chefe de Estado argentino abriu caminho para que os diferentes setores que compõem a Frente de Todos decidam quem será o candidato da centro-esquerda argentina à sucessão.
Isso pode acontecer por acordo entre as facções políticas do campo peronista ou por meio de eleições primárias.
Nos últimos meses, Fernández vinha tomando uma série de medidas com a intenção de apresentar alguma melhora econômica na Argentina.
Entre essas ações, numa tentativa de estimular setores produtivos, o governo criou uma sucessão de taxas de câmbio preferenciais.
A seis meses das eleições, entretanto, as medidas mostraram-se inócuas.
Enquanto o governo renegocia um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país vizinho atravessa um momento no qual a inflação anual supera os 100% e a depreciação cambial acentua-se cada vez mais.
As atenções voltam-se agora a como vai se posicionar a ex-presidente e atual vice-presidente Cristina Kirchner, líder da ala peronista à qual pertence Fernández.
Apesar da situação periclitante no país, a imprensa local tem apontado o ministro da Economia, Sergio Massa, como um possível presidenciável para outubro.