Sofrendo com o efeito sazonal das chuvas de verão, que chegaram a paralisar parte das operações no início do ano, a Vale (VALE3) mostrou uma desaceleração na produção e venda da matéria-prima do aço que desagradou o mercado. As ações da mineradora recuam 17% no último mês.
Agora, investidores e analistas aguardam a divulgação do balanço para conferir se o revés operacional atrapalhou também o resultado financeiro da empresa. A Vale divulga os números do primeiro trimestre na próxima quarta-feira (27), após o fechamento do mercado.
Para o Bank of America, que comentou recentemente o desempenho da mineradora, este foi “começo de ano fraco, mas muito previsível”. A produção de minério recuou 6% em relação ao mesmo período de 2021, para 63,9 milhões de toneladas métricas (Mt), e também veio abaixo das expectativas do banco.
Mas o JP Morgan acredita que a produção deve acelerar nos próximos trimestres, após o fim da temporada de chuvas torrenciais. Ainda assim, deve terminar o ano no limite inferior das projeções fornecidas pela própria companhia.
Produção desce, mas preços sobem na Vale (VALE3)
Com os embarques da commodity dentro do esperado, os analistas do Bank of America esperam que a companhia entregue um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, da sigla em inglês) de US$ 6,6 bilhões no primeiro trimestre.
A cifra, que representa uma leve queda de 4% na comparação com os últimos três meses de 2021, passa perto das previsões do Bradesco BBI. O banco de investimentos do Bradesco aposta em Ebitda de US$ 6,5 bilhões para o período.
O recuo financeiro projetado é pequeno, apesar da queda na produção, porque a Vale se beneficia do patamar ainda elevado dos preços do minério de ferro. O prêmio para a commodity foi de US$ 9 por tonelada nos primeiros três meses de 2021.
Esse é o nível mais alto desde o segundo trimestre de 2019 e, de acordo com a Genial Investimentos, beneficia especialmente um produto com qualidade superior, como é o oferecido pela companhia.
E, conforme explica a XP, a própria produção mais fraca da Vale contribui para a manutenção do prêmio. Seguindo a lei da oferta e demanda, menos minério no mercado implica em preços maiores.
Na visão do BofA, porém, a vantagem não será eterna. O banco de investimentos acredita que o patamar atual de preços está “inflado” e deve passar por uma correção nos próximos anos até ficar abaixo dos US$ 100 a tonelada.