A Eneva (ENEV3) fechou 2021 com chave de ouro: o trimestre que terminou em dezembro foi o melhor de sua história. E, no acumulado do ano, o Ebitda — métrica usada para avaliar quanto de caixa está sendo gerado nas operações — da companhia somou R$ 2,3 bilhões, cifra recorde e que representa um avanço de 40% ante 2020.
Como resultado, as ações da companhia subiram 7,39% e terminaram o dia negociadas a R$ 14,38. Os papéis registraram uma das maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira (22).
Eneva (ENEV3): resultados robustos
A melhora na situação hídrica brasileira, com os reservatórios das hidrelétricas chegando a 65,6% da capacidade, fez com que o despacho médio da companhia recuasse de 91% para 75% no quarto trimestre.
Contudo, a receita cresceu. Segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus, isso aconteceu principalmente porque a companhia possui usinas de carvão em que os contratos são, em parte, indexados aos preços dos combustíveis — o que levou a um descasamento entre receitas e custos que favoreceu a Eneva
Hungria ainda ressalta que o Ebitda do quarto trimestre do ano passado teve a ajuda da reversão de perdas em Itaqui, que acabou “injetando” R$ 150 milhões no resultado de maneira artificial.
Mas, mesmo tirando o “efeito Itaqui”, o resultado teria superado as expectativas do mercado. O BTG Pactual, por exemplo, previa um Ebitda de R$ 635 milhões no trimestre, e a cifra, mesmo com as exclusões, ficou em R$ 663 milhões.
Outra coisa que chamou a atenção do analista da Empiricus foi o recuo de 28% no lucro líquido trimestral da companhia. O motivo para isso seria um pagamento de juros sobre a dívida maior, aliado à desvalorização cambial e ao fim de benefícios fiscais recebidos no último trimestre de 2020.
Ainda assim, o número novamente superou as expectativas do mercado, que esperava um tombo maior. Segundo o BTG Pactual, o resultado positivo pode ser explicado, pelo menos em parte, pela capacidade da Eneva de produzir gás natural a um preço mais baixo do que o praticado no mercado internacional.
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Política de dividendos
A possibilidade de a companhia começar a pagar dividendos a partir de 2023 também deu um empurrãozinho no papel.
Em carta enviada aos acionistas, a Eneva justificou a ausência de dividendos até agora. Segundo a companhia, essa prática garante flexibilidade para financiar o crescimento da empresa por meio de dívidas, por exemplo.
Mas, com o avanço dos projetos, será possível escolher um caminho diferente. A entrada em operação de novas unidades engorda os fluxos de caixa da empresa, o que abre o caminho para que a Eneva pense no próximo passo da sua estratégia de financiamento, que inclui uma política de dividendos.
De braços dados com a Petrorecôncavo (RECV3)
Segundo informações do Brazil Journal, a PetroRecôncavo e a Eneva decidiram realizar, juntas, uma oferta pelo último ativo do processo de desinvestimento de bacias maduras da Petrobras, o Polo Bahia-Terra, que está sendo relicitado hoje.
Os campos em disputa ficam na região do Recôncavo Baiano e já contam com infraestrutura adequada para a exploração, como dutos e um parque de tanques conectados a um terminal portuário, por exemplo.
Caso saia vitoriosa do processo, a parceria vai permitir que a Eneva adicione ao seu portfólio uma reserva de gás de aproximadamente 7 bilhões de metros cúbicos, o que permitiria a construção de duas pequenas termelétricas com capacidade somada de 460MW.
As ações da Petrorecôncavo, que não fazem parte do Ibovespa, tiveram forte alta e subiram 7,72% fechando o pregão negociadas a R$ 23,85.