Depois de IPO frustrado, Madero apresenta melhorias no balanço, mas dívida bruta de mais de R$ 1 bilhão ainda preocupa
Empresa conseguiu recompor parte de suas margens operacionais e reduzir sua alavancagem, mas tamanho e prazo da dívida ainda deixam a desejar

A rede de hamburguerias Madero terminou 2021 com uma dívida bruta de R$ 1 bilhão, mostram as demonstrações financeiras apresentadas pela empresa nesta segunda-feira (07).
Apesar da cifra preocupante, o balanço do quarto trimestre do ano passado traz também boas notícias. A empresa conseguiu, pelo menos parcialmente, recompor sua margem de lucro.
A margem Ebitda, métrica utilizada como proxy para geração de caixa operacional, fechou o ano em 11,9%, melhora expressiva quando comparamos ao número de 2020, 3,9%.
Se olharmos exclusivamente para o quarto trimestre, a esperança de que os velhos tempos não tenham ficado para trás cresce ainda mais: no período, o Madero foi capaz de entregar uma margem de 21,2%, já bem mais próxima dos 25% observados antes da pandemia.
Outra coisa que tem voltado a se comportar de maneira mais parecida com o que acontecia antes do surto é a participação do delivery nas receitas da companhia. No auge da pandemia, a modalidade chegou a representar 55% da receita do grupo; agora volta ao patamar dos 17%. A empresa espera que essa participação se estabilize neste nível.
Perfil da dívida deixa a desejar
Apesar das melhorias apresentadas no balanço, o endividamento da empresa continua chamando a atenção, principalmente se tivermos em mente que a companhia planeja realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
No balanço publicado hoje pudemos enxergar mais claramente como a companhia tem lidado com os recursos que capta.
O aumento de capital da ordem de R$ 300 milhões contribuiu para que a empresa gerasse, no ano, R$ 200 milhões em caixa, o que causou algum alívio e abriu espaço para que se mantivesse o nível de investimento realizado em 2020. Em ambos os anos a rubrica girou em torno dos R$ 333 milhões em desembolsos.
A empresa ainda foi ao mercado e captou R$ 436,3 milhões via dívida, frente R$ 444 milhões em 2020. O pagamento de empréstimos diminuiu de ritmo, ficando em R$ 113,32 milhões em 2021, frente a R$ 241,795 milhões em 2020.
Tudo isso fez com que a empresa ganhasse algum fôlego, como é possível observar ao analisarmos a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda. O indicador, que tinha terminado 2020 acima de 20x, conseguiu fechar 2021 entre 5x e 6x.
Essa redução indica que a empresa tem sido capaz de gerar mais receita e margens melhores, o que faz com que suas obrigações financeiras possam ser cumpridas com menos dificuldades.
Mas nem tudo são flores. A dívida da empresa está muito mais concentrada no curto prazo do que nos períodos anteriores. Para que se tenha uma ideia, cada R$ 1 que poderia ser exigido da empresa pelos seus credores nos próximos 12 meses se transformou em R$ 2,86. Isso em um intervalo de um ano.
A dívida de longo prazo até diminuiu, mas não na mesma proporção. Ou seja, temos uma dívida de curto prazo mais elevada, com as obrigações de longo prazo praticamente inalteradas. Veja como evoluiu o prazo da dívida no período:
O Madero continua a assistir ao crescimento das suas obrigações de curto prazo. Desde 2019, o índice de liquidez corrente, calculado a partir da relação entre ativo e passivo circulantes, vem se deteriorando, como pode ser observado na tabela abaixo:
Ano/Conta | 2021 | 2020 | 2019 |
Passivo Circulante | 1.018.968 | 683.916 | 360.929 |
Ativo Circulante | 451.238 | 191.022 | 210.163 |
Liquidez Corrente | 2,26 | 3,58 | 1,72 |
IPO frustrado
O Madero tentou aliviar o peso do seu endividamento através de uma oferta pública de ações. Cogitou-se até que a rede de hamburguerias optaria por negociar seus papéis nos EUA, já que empresas do mesmo segmento estariam se saindo melhor por lá.
A rede Madero esperava vender uma participação minoritária por um múltiplo de 17 a 19 vezes o Ebitda, mas as características do IPO proposto acabaram atrapalhando.
Metade dos recursos da oferta primária de ações - quando novas ações são emitidas, e o dinheiro captado entra no caixa da empresa - seria destinada ao pagamento de dívidas.
Além disso, haveria ainda uma oferta secundária, quando os próprios acionistas vendem suas participações, e os recursos obtidos vão para o bolso deles.
E um dos acionistas interessados em se desfazer de uma parte do grupo era, justamente, seu fundador, Junior Durski, detentor de 64,8% dos papéis do Madero.
A combinação de emissão de ações para quitar dívidas com acionista controlador reduzindo sua participação no negócio não costuma ser muito bem recebida pelos investidores, principalmente em momentos adversos de mercado. Assim, ainda no ano passado, a abertura de capital foi adiada.
A rede de restaurantes justificou, na época, esperar por uma melhoria nas condições de mercado, o que se tornou possível após receber um aporte (anteriormente citado nesta matéria) de R$ 300 milhões do fundo americano Carlyle — que detém 27,6% das ações do grupo, em novembro. Mesmo assim, o Madero optou por cancelar os planos de IPO neste início de ano.
A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)
Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.
Senta que lá vem mais tarifa: China retalia (de novo) e mercados reagem, em meio ao fogo cruzado
Por aqui, os investidores devem ficar com um olho no peixe e outro no gato, acompanhando os dados do IPCA e do IBC-Br, considerado a prévia do PIB nacional
Entre a crise e a oportunidade: Prejuízo trimestral e queda no lucro anual da Petrobras pesam sobre o Ibovespa
Além do balanço da Petrobras, os investidores reagem hoje à revisão do PIB dos EUA e à taxa de desemprego no Brasil
A culpa é da Selic: seca de IPOs na B3 deve persistir em 2025, diz Anbima
Enquanto o mercado brasileiro segue sem nenhuma sinalização de retomada dos IPOs, algumas empresas locais devem tentar a sorte lá fora
Memórias de uma janela fechada: Ibovespa busca manter alta com Wall Street de volta ao jogo e negociações sobre guerra na Ucrânia
Diante da agenda fraca, negociações entre EUA e Rússia ocorrem na Arábia Saudita, mas exclui os ucranianos da conversa
Duas faces de uma mesma moeda: Ibovespa monitora Galípolo para manter recuperação em dia sem Trump
Mercados financeiros chegam à última sessão da semana mostrando algum alívio em relação à guerra comercial norte-americana
De maior marketplace de NFTs a protagonista dos ativos digitais: OpenSea se reinventa e anuncia “IPO” de token próprio
A empresa destacou que o acesso antecipado ao token será um presente para os usuários mais antigos e engajados da plataforma
Um rolezinho no shopping: Ibovespa reage a tarifas de Trump em semana de testemunhos de Powell e IPCA
Enquanto isso, banco BTG Pactual dá andamento à temporada de balanços com lucro recorde em 2024
Alinhando expectativas: Shein deve reduzir valuation para tentar o IPO na bolsa de Londres – e um dos ‘culpados’ por isso é Donald Trump
Varejista chinesa tenta abertura de capital na bolsa há algum tempo; nova medida do governo americano pode deixar esse processo ainda mais complicado
Ultrapar (UGPA3) pretende investir até R$ 2,5 bilhões em 2025 – e a maior parte deve ir ‘lá para o posto Ipiranga’
Plano apresentado pela Ultrapar (UGPA3) prevê investimentos de até R$ 2,542 bilhões este ano, com 60% do valor destinados à expansão do grupo
O raio-x da Moody’s para quem investe em empresas brasileiras: quais devem sofrer o maior e o menor impacto dos juros altos
Aumento da Selic, inflação persistente e depreciação cambial devem pressionar a rentabilidade das companhias nacionais em diferentes graus, segundo a agência de classificação de risco
Uma renda nem tão fixa assim: Ibovespa reage a balanços enquanto investidores monitoram Trump e decisão de juros na Inglaterra
Itaú reporta lucro líquido maior do que se esperava e anuncia dividendos extraordinários e recompra de ações multibilionária
Vem novo FII por aí: construtora aposta em residenciais para aluguel e anuncia novo fundo imobiliário na bolsa
IPO do fundo imobiliário da Neoin deve ocorrer ainda em 2025 e, apesar do cenário de turbulências no mercado, a construtora aposta na expansão dos negócios
Em mais uma etapa da reestruturação financeira, Azul (AZUL4) aprova aumento de capital em até R$ 6,1 bilhões – mercado reage e ação cai
Conselho de administração da Azul aprova aumento de capital da companhia em até R$ 6,1 bilhões; ação fica entre maiores quedas do Ibovespa nesta manhã (5)
A mensagem de uma mudança: Ibovespa se prepara para balanços enquanto guerra comercial de Trump derruba bolsas mundo afora
Trump impõe ao Canadá e ao México maiores até do que as direcionadas à China e coloca a União Europeia de sobreaviso; países retaliam
Depois do bombardeio: Ibovespa repercute produção da Petrobras enquanto mundo se recupera do impacto da DeepSeek
Petrobras reporta cumprimento da meta de produção e novo recorde no pré-sal em 2024; Vale divulga relatório hoje
Apetite insaciável em Wall Street? Concorrente do Ozempic pode chegar a valer US$ 2 bilhões com IPO nos EUA
Empresa, fundada em 2022, está desenvolvendo medicamentos com o mesmo princípio ativo das injeções das principais rivais, Novo Nordisk e Eli Lilly
Todo vazio será ocupado: Ibovespa busca recuperação em meio a queda do dólar com Trump preenchendo o vácuo de agenda em Davos
Presidente dos Estados Unidos vai participar do Fórum Econômico Mundial via teleconferência nesta quinta-feira
Em meio à seca de IPOs na bolsa, renda fixa foi campeã em emissões em ano recorde de captação pelas empresas
Segundo dados divulgados pela Anbima, empresas captaram R$ 783,4 bilhões e 2024, sendo R$ 709 bilhões advindos de instrumentos como debêntures e FIDCs
Metralhadora giratória: Ibovespa reage às primeiras medidas de Trump com volta do pregão em Nova York
Investidores ainda tentam mensurar os efeitos do retorno de Trump à Casa Branca agora que a retórica começa a se converter em ações práticas