A Ambev (ABEV3) vai levantar a taça? Como a Copa do Mundo tende a aumentar as vendas da empresa — e recuperar suas margens
Ambev (ABEV3) pode experimentar melhora operacional considerável nos próximos meses, condição essencial para que os papéis fiquem mais atraentes para os investidores
Tradicionalmente, os grandes eventos do calendário nacional são de grande importância para a Ambev (ABEV3), maior fabricante de cervejas do mundo. E, neste ano, a companhia está animada: antes das festas de fim de ano, das férias e do Carnaval, teremos uma Copa do Mundo fora de época — e com promessa de calor, o que aumenta as chances de consumo das pessoas.
Com isso, a expectativa é de crescimento nas vendas e recomposição de margens, após meses em que foi preciso habilidades de equilibrista para suportar o aumento de custos e a necessidade de repasse de preços sem perder em vendas.
A melhora operacional é apontada como essencial para que os papéis ABEV3 fiquem mais atraentes para os investidores — as margens pressionadas foram um ponto de atenção para os analistas nos últimos meses.
- Magazine Luiza (MGLU3) já era? Cara ou barata? Com uma queda de mais de 30% no ano, alguns fatores marcantes podem impactar a ação e concorrentes daqui para frente. Acesse neste link mais detalhes.
Com o Mundial, a ideia é investir pesado em marketing e nas marcas premium, de modo a associar ao máximo o consumo de bebidas — inclusive as não alcoólicas — com o período. O resultado dessa estratégia deve ser visto já no balanço do quarto trimestre, especialmente no volume de vendas.
No entanto, o caminho pela frente não está totalmente desimpedido, uma vez que a situação macroeconômica ainda preocupa e tem impacto direto na demanda. Afinal, não basta ter festa para garantir que as pessoas vão lotar os bares ou encher o carrinho do mercado com cerveja.
"Para 2023, temos muito a fazer em termos de rentabilidade. Nossos focos para o ano que vem serão proteger liquidez e melhorar não apenas a rentabilidade, mas também retorno sobre o capital e nossas margens, além de ter uma forte geração de caixa", disse o CEO da Ambev, Jean Jereissati, durante teleconferência com analistas no fim de outubro, quando comentou o balanço referente ao terceiro trimestre da empresa.
Leia Também
Para que isso seja possível, a companhia vem concentrando esforços em sua campanha de Copa do Mundo, com foco especial em tecnologia, logística e um mix de produto melhor do que aquele visto no mundial de 2018, disse o CEO.
"Mais de 25% do crescimento de volume que temos hoje vem de produtos que não existiam na Copa de 2018. O Zé Delivery também deve nos ajudar muito no período dos jogos", afirmou Jereissati.
Vale lembrar que o aplicativo de entregas de bebidas fechou uma parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para ser o delivery oficial da seleção Brasileira. Além do consumo nos bares, a estratégia consiste em atingir também aqueles consumidores que assistirão aos jogos em casa.
A plataforma BEES, voltada para o público B2B, também é essencial para que a Ambev avance.
Hoje, a companhia calcula que venderá 500 milhões de litros a mais na Copa deste ano em relação a 2018. Além disso, há expectativa de que o ganho de escala ajude a diluir os custos fixos.
De acordo com dados da Kantar Worldpanel, considerando informações da última Copa, que aconteceu entre os meses de maio e julho de 2018, foi observado um crescimento em valor de 15% na comparação com os três meses anteriores. Observando o mesmo período de 2019, a alta é de 20%, ficando atrás apenas do período do verão do mesmo ano. Para o cálculo, a Kantar considera o consumo fora do lar.
Isso ajuda a dar uma dimensão do que um Mundial às vésperas do verão pode significar para as fabricantes.
A expectativa da Ambev (ABEV3) tem razão de ser
Faz todo sentido que tanto a própria Ambev (ABEV3) quanto os analistas e gestores ouvidos pelo Seu Dinheiro estejam mais otimistas com o desempenho da empresa nos próximos meses.
Os últimos balanços da cervejaria não foram assim tão excepcionais. No mais recente, referente ao terceiro trimestre deste ano, ficou claro que o inverno fora de época em setembro e o aumento nas despesas financeiras pesaram no resultado.
A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,2 bilhões, o que representa uma queda de 13,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O volume de vendas de bebidas teve pequena alta de 1,3% em relação aos meses de julho a setembro de 2021, mas foi puxado pela categoria de não-alcoólicos.
Já as vendas de cervejas ficaram estáveis na comparação com o terceiro trimestre de 2021, época em que as restrições da pandemia começaram a abrandar. Assim, acredita-se que há espaço para o comércio de cervejas avançar.
Recentemente, a Heineken — maior concorrente da Ambev em cervejas — também demonstrou preocupação com o volume vendido e a demanda mais fraca. Em sua divulgação de resultados, a companhia informou um avanço de 8,9% no volume comercializado, abaixo das expectativas de 11,8% previstas pelo mercado.
Após o anúncio, as ações da cervejaria holandesa caíram mais de 10%, com analistas preocupados com o aumento dos custos e, por consequência, seu impacto nas margens da Heineken.
No geral, as fabricantes de cerveja conseguiram repassar bem os preços a fim de proteger suas margens ao longo deste ano, mas essa prática tem um limite de exercício. Afinal, quando o bolso aperta, a cerveja acaba não sendo uma prioridade.
Para esclarecer as contas, dados do CervBrasil apontam que a inflação anual medida pelo IPCA em setembro foi de 7,17%, enquanto o preço da cerveja no mesmo período subiu 10,68% — fruto da recomposição de preços praticada no segundo semestre.
Na avaliação de Andreas Ferreira, analista da Mantaro Capital, é importante observar que a Ambev vem sustentando sua receita mais pela alta de preço do que pelos volumes. Assim, fica a dúvida: quando essa tendência irá se inverter?
"Falar de vendas acaba sendo mais relevante no caso da Ambev porque ela está repassando bastante os custos, vemos isso nos balanços. No curto prazo, ainda esperamos ver queda de volume com crescimento via preços", explica.
Veja os destaques financeiros da Ambev no terceiro trimestre:
| R$ milhões | 3T22 | 3T21 |
| Volume ('000 hl) | 45.655,4 | 46.256,3 |
| Receita líquida | 18.492,6 | 20.587,6 |
| Lucro bruto | 9.239,5 | 9.939,6 |
| Margem bruta | 50,0% | 48,3% |
| EBITDA ajustado | 5.468,9 | 5.600,6 |
| Margem EBITDA ajustado | 29,6% | 27,2% |
| Lucro líquido | 3.712,7 | 3.215,0 |
| Lucro líquido ajustado | 3.753,3 | 3.229,8 |
A briga com o Cade
Mas o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quase estragou a festa da Ambev (ABEV3) com a Copa do Mundo. O órgão proibiu a empresa de firmar novos contratos de exclusividade para a venda de cerveja até o fim da investigação — anteriormente, a proibição era válida apenas até o fim da Copa no Catar, que termina em 18 de dezembro.
A medida, segundo o Cade, foi tomada em caráter cautelar depois de reclamação da Heineken de que a Ambev estaria fechando diversos acordos de exclusividade com bares, restaurantes e outros pontos de venda de forma a excluir as outras cervejarias e limitar a escolha dos consumidores.
A liminar é válida para regiões em que a Ambev tem mais de 20% de participação de mercado e afeta especialmente São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A medida também proíbe a própria Heineken de firmar contratos de exclusividade.
O que esperar da Ambev (ABEV3) em 2023
Um consenso entre os especialistas é que o ano que vem deve ser um período de custos menores para a Ambev (ABEV3), uma vez que os preços de suas principais matérias-primas estão em tendência de queda
"Esse declínio do preço das commodities deve ter reflexo nos balanços do segundo ou terceiro trimestre de 2023. Se não baixarem o preço, a partir daí a Ambev vai melhorar suas margens, por isso vejo um ano mais positivo para a empresa", diz Bruno Damiani, analista de varejo da Western Asset.
Para ele, caso esse cenário se confirme, é o cenário macroeconômico global que deve oferecer mais desafios à companhia.
Em relatório recente, os analistas do Itaú BBA apontaram que o aumento de preços feito ao longo desse semestre garantirá uma alta de 3% de receita para a Ambev no ano que vem, em termos reais.
A equipe do banco também revisou suas projeções para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da divisão de Cerveja Brasil para 2023 e 2024 em 15% e 10%, respectivamente.
Já o BTG Pactual, em relatório, aponta que a demanda por cerveja no Brasil segue forte e deve permanecer assim pelo menos até o fim do ano, especialmente por conta da Copa do Mundo.
Olhando especificamente para ABEV3, os analistas do banco apontam que o papel negocia atualmente em 18,1 vezes o preço/lucro projetado para 2023. Para a equipe, trata-se de um valuation "exigente", principalmente se considerada a qualidade dos lucros da empresa.
A recomendação do BTG para as ações é neutra.
Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3) fecham parceria para o e-commerce; veja
Aliança cria uma nova frente no e-commerce e intensifica a competição com Mercado Livre e Casas Bahia
Governador do DF indica Celso Eloi para comandar o BRB; escolha ainda depende da Câmara Legislativa
A nomeação acontece após o afastamento judicial de Paulo Henrique Costa, em meio à operação da PF que mira irregularidades envolvendo o Banco Master
Ele foi o segundo maior banco privado do Brasil e seu jingle resistiu ao tempo, mas não acabou numa boa
Do auge ao colapso: o caso Bamerindus marcou o FGC por décadas como um dos maiores resgates do FGC da história — até o Banco Master
Cedae informa suspensão do pagamento do resgate de CDBs do Banco Master presentes na sua carteira de aplicações
Companhia de saneamento do Rio de Janeiro não informou montante aplicado nos papéis, mas tinha R$ 248 milhões em CDBs do Master ao final do primeiro semestre
A história do banco que patrocinou o boné azul de Ayrton Senna e protagonizou uma das maiores fraudes do mercado financeiro
Banco Nacional: a ascensão, a fraude contábil e a liquidação do banco que virou sinônimo de solidez nos anos 80 e que acabou exposto como protagonista de uma das maiores fraudes da história bancária do país
Oncoclínicas (ONCO3) confirma vencimento antecipado de R$ 433 milhões em CDBs do Banco Master
Ações caem forte no pregão desta terça após liquidação extrajudicial do banco, ao qual o caixa da empresa está exposto
Por que Vorcaro foi preso: PF investiga fraude de R$ 12 bilhões do Banco Master para tentar driblar o BC e emplacar venda ao BRB
De acordo com informações da Polícia Federal, o fundador do Master vendeu mais de R$ 12 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao BRB e entregou documentos falsos ao Banco Central para tentar justificar o negócio com o banco estatal de Brasília
Banco Central nomeia liquidante do Banco Master e bloqueia bens de executivos, inclusive do dono, Daniel Vorcaro
O BC também determinou a liquidação extrajudicial de outras empresas do grupo, como a corretora, o Letsbank e o Banco Master de Investimento
Cloudflare cai e arrasta X, ChatGPT e outros serviços nesta terça-feira (18)
Falha em um dos principais provedores de infraestrutura digital deixou diversos sites instáveis e fora do ar
Liquidado: de crescimento acelerado à crise e prisão do dono, relembre como o Banco Master chegou até aqui
A Polícia Federal prendeu o dono da empresa, Daniel Vorcaro, em operação para apurar suspeitas de crimes envolvendo a venda do banco para o BRB, Banco de Brasília.
BTG Pactual (BPAC11) quer transformar o Banco Pan (BPAN4) em sua subsidiária; confira proposta
Segundo fato relevante publicado, cada acionista do Pan receberá 0,2128 unit do BTG para cada ação, exceto o Banco Sistema, que já integra a estrutura de controle. A troca representa um prêmio de 30% sobre o preço das ações preferenciais do Pan no fechamento de 13 de outubro de 2025
Polícia Federal prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master; BC decreta liquidação extrajudicial da instituição
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Master, que vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses
Azzas 2154 (AZZA3) e Marcopolo (POMO4) anunciam mais de R$ 300 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP)
Dona da Arezzo pagará R$ 180 milhões, e fabricante de ônibus, R$ 169 milhões, fora os JCP; veja quem tem direito aos proventos
XP (XPBR31) anuncia R$ 500 milhões em dividendos e recompra de até R$ 1 bilhão em ações após lucro recorde no 3T25
Companhia reportou lucro líquido de R$ 1,33 bilhão, avanço de 12% na comparação anual; veja os destaques do balanço
Banco do Brasil (BBAS3) lança cartão para a altíssima renda de olho nos milionários; veja os benefícios
O cartão BB Visa Altus Liv será exclusivo para clientes com mais de R$ 1 milhão investido, gastos médios acima de R$ 20 mil e/ou renda mínima de R$ 30 mil
A ação que pode virar ‘terror’ dos vendidos: veja o alerta do Itaú BBA sobre papel ‘odiado’ na B3
Apesar da pressão dos vendidos, o banco vê gatilhos de melhora para 2026 e 2027 e diz que shortear a ação agora pode ser um erro
JBS (JBSS32): BofA ‘perdoa’ motivo que fez mercado torcer o nariz para a empresa e eleva preço-alvo para as ações
Após balanço do terceiro trimestre e revisão do guidance, o BofA elevou o preço-alvo e manteve recomendação de compra para a JBS
Grupo Toky (TOKY3), da Mobly e Tok&Stok, aprova aumento de capital e diminui prejuízo, mas briga entre sócios custou até R$ 42 milhões
Empresa amargou dificuldades com fornecedores, que levaram a perdas de vendas, faltas de produtos e atraso nas entregas
Petrobras (PETR4) descobre ‘petróleo excelente’ no Rio de Janeiro: veja detalhes sobre o achado
A estatal identificou petróleo no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde e segue com análises para medir o potencial da nova área
Gigantes de frango e ovos: JBS e Mantiqueira compram empresa familiar nos EUA para acelerar expansão internacional
A maior produtora de frangos do mundo e a maior produtora de ovos da América do Sul ampliam sua presença global
