🔴 SELECIONAMOS AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DO BTG PACTUAL PARA VOCÊ – ACESSE GRATUITAMENTE

Jasmine Olga

Jasmine Olga

É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Vai pesar no bolso?

Eletrobras (ELET3; ELET6) privatizada: o que muda (ou não) na sua conta de energia e no setor elétrico

Apesar dos esforços do governo em propagandear grandes mudanças no setor e no custo da energia elétrica para os consumidores, especialistas são céticos sobre grandes mudanças visíveis no curto e médio prazo

Jasmine Olga
Jasmine Olga
20 de junho de 2022
6:01 - atualizado às 18:22
eletrobras elet6 elet3
Eletrobras - Imagem: Reprodução

Depois de completar de forma bem-sucedida a sua oferta de ações na última semana, a Eletrobras (ELET3; ELET6) é oficialmente uma empresa privada, mas se você acha que a tarifa de luz vai ficar mais barata a partir de agora, é melhor ter calma. Não devem ser encontradas mudanças na conta de energia elétrica tão cedo assim. 

Ao longo de todo o processo de privatização, o governo federal reforçou inúmeras vezes que, sem as amarras estatais, espera que a Eletrobras seja capaz de ampliar o seu potencial de investimentos, melhorar a oferta de energia e aliviar o bolso do consumidor final, tornando-se mais eficiente.

Mas esse não é o tipo de coisa que acontece da noite para o dia — e há até mesmo quem duvide que seja possível alcançar todos esses objetivos.

Para Victor Rhein Schirato, sócio-fundador da Daemon e especialista em Direito Regulatório, e Everton Henriques, diretor de infraestrutura do Banco Fator, a privatização foi, sem dúvida, um grande evento para o mercado de capitais e investidores. Mas pouco — ou quase nada — deve mudar nos primeiros meses e anos após a capitalização. 

Os especialistas dizem que a forte regulação presente no setor, o desenho escolhido pelo governo federal para viabilizar a rápida privatização e a dependência de políticas públicas para ampliação de capacidade e formação de preços podem travar o potencial de investimentos futuros — e, até mesmo, deixar a conta de energia mais cara. 

Eletrobras (ELET3; ELET6) e um novo setor elétrico?

Nos últimos anos, a capacidade de investimentos da Eletrobras (ELET3; ELET6) esteve comprometida pela sua operação deficitária; a privatização, no entanto, promete mudar essa realidade. Com menos burocracia e mais eficiência, o setor poderá se modernizar e optar por soluções mais sustentáveis — ao menos esse é o discurso do governo federal.

Leia Também

Victor Schirato, da Daemon, é mais cético. Para ele, um aumento no volume de investimentos pela Eletrobras tem pouco significado, já que ela ainda é dependente dos leilões e concessões públicos — e são esses certames que viabilizam os projetos que podem, de fato, mudar a estrutura e capacidade da transmissão e geração de energia. 

O fantasma da crise hídrica ainda persegue o sistema elétrico brasileiro, mas Schirato acredita que a empresa tem um papel apenas secundário para conseguir evitar que o problema volte a se repetir.

Projetos de desassoreamento das represas e usinas poderiam aumentar a capacidade de armazenamento de água, mas a construção de novas usinas hidrelétricas com capacidade superior a 50 megawatts só é possível com a realização de licitações públicas. 

Para o especialista, a construção de uma usina como a de São Luiz dos Tapajós, de 12 megawatts, poderia ocorrer, mas seria um absurdo. “As grandes hidrelétricas não são mais os caminhos. Fazer algo lá seria um investimento e impacto socioambiental brutal para poucos ganhos”. 

Em seu discurso na B3 durante a celebração da oferta, o ministro da Economia Paulo Guedes, disse acreditar no potencial da Eletrobras para uma economia mais verde; mas, ao que tudo indica, o setor elétrico não espera que a gigante lidere a revolução. 

Concorrência mais acirrada?

Outro ponto mencionado inúmeras vezes pelo governo federal ao longo da discussão de privatização foi a melhora na concorrência por projetos e leilões, mas a estrutura da nova empresa deixa os analistas receosos. 

Ao invés de ser privatizada por meio da venda de suas subsidiárias ou por unidade de negócio, a Eletrobras (ELET3; ELET6) tornou-se uma empresa privada dentro da mesma estrutura com a qual operava no passado – incluindo uma concentração de 70% da participação do mercado. 

Ewerton Henriques, do Banco Fator, lembra que a companhia opera dentro de um mercado com preços regulados, mas que existem diversos projetos no Congresso que visam a enfraquecer o poder das agências reguladoras e abrir a concorrência.

Caso algum dos dois cenários se concretize, seria ruim para o mercado ter um player com tanto poder, levando a um monopólio semelhante ao formado pela Petrobras no mercado de combustíveis. 

Poderia ser melhor se ela tivesse sido vendida de forma fatiada como havia sido pretendido nos anos 90, junto com Telebrás e Petrobras. Existia uma divisão clara por região geográfica e segmento, com cada uma dessas empresas sendo vendida separadamente. Seria muito melhor para o mercado brasileiro porque teríamos mais competitividade e mais agentes, muito mais interessante. Não foi isso que aconteceu.

Victor Rhein Schirato, sócio-fundador da Daemon e especialista em Direito Regulatório

Rafael Passos, sócio-analista da Ajax Capital, enxerga a estrutura atual de outra forma. Com diversos ativos pouco rentáveis e fora da atividade principal de atuação sobre o seu poder, a Eletrobras poderá seguir executando o processo de desinvestimentos iniciado em 2016, ainda na gestão de Wilson Ferreira Junior.

Essa é uma oportunidade para a companhia se tornar mais enxuta e eficiente, enquanto os demais concorrentes têm a chance de abocanhar uma parcela da participação de mercado da ex-estatal. 

Com os ativos entregues para a iniciativa privada, essas subsidiárias passam a contar com investimentos mais altos e deixam o restante do setor mais competitivo e moderno, podendo, inclusive, levar a uma tarifa de energia menor no futuro, numa espécie de reação em cadeia. Assim como as demais etapas da privatização, os resultados só devem ser sentidos no longo prazo, com mais de três anos. 

Eletrobras (ELET3; ELET6) privatizada: como fica a sua conta de energia?

Com os problemas hídricos enfrentados pelo país nos últimos anos, a conta de energia elétrica se tornou uma grande dor de cabeça para a população e forte candidata à vilã dos indicadores de inflação. Não por acaso, uma das principais preocupações dos consumidores é o impacto da privatização no bolso.

A lei de privatização que gere a Eletrobras (ELET3; ELET6) obrigou a companhia a engordar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) com R$ 5 bilhões. O fundo tem o objetivo de subsidiar obras e parte da tarifa de energia. 

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o montante deve ser capaz de reduzir as tarifas em 2,3% para os consumidores, mas os analistas colocam em dúvida o potencial efetivo da ação. Isso porque ao mesmo tempo que o subsídio cumpre a sua função, outros elementos levam os preços na direção contrária. 

O mais citado é o fim do regime de cotas. Instituído em 2012 pela medida provisória 579, o sistema obrigava a Eletrobras a vender energia por um valor bem abaixo do praticado no mercado regulado. A notícia é boa para a empresa, que conseguirá aumentar a sua receita, mas, em tese, deve pesar diretamente no bolso do consumidor. 

E eu digo "em tese" porque existem dúvidas sobre o real impacto da mudança. Ewerton Henriques, do Banco Fator, acha mais plausível acreditar que a regulação da Aneel, responsável pela metodologia de cálculos tarifários, irá deixar as coisas no mesmo caminho em que já se encontram. 

Já Victor Schirato, da Daemon, aponta que a medida foi  ineficiente para segurar os preços da tarifa nos últimos anos e deve trazer uma pressão limitada ao valor final, com os preços mais suscetíveis a seguir acompanhando a evolução do quadro hídrico do que responder imediatamente a um aumento de custos pela Eletrobras. 

O preço dos jabutis

Se o fim do regime de cotas gera dúvidas, a inclusão de diversas emendas parlamentares com pouca relação com a Eletrobras (ELET3; ELET6) no projeto de privatização possui potencial de encarecer o custo de energia. Os chamados 'jabutis' são questionados desde quando o debate ainda estava restrito ao Congresso.

O mais polêmico deles é a obrigatoriedade de contratação de usinas termelétricas pelo período de 25 anos nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Os milhares de quilômetros de gasodutos e o valor pago às usinas térmicas terão um impacto enorme no preço da energia.

Para Schirato, da Daemon, ao contrário do que ocorria nos anos 90, hoje a contratação de termelétricas no Nordeste é desnecessária e tem um custo-benefício muito ruim, com a conta do projeto sendo distribuída para todos por meio da CDE. 

“Os contratos que estão em vigor irão continuar iguais. Se a Eletrobras tiver algum ganho de eficiência, talvez lá na frente ela possa ser mais agressiva nos leilões, mas teria um impacto marginal em termos de redução do valor de energia”. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
FECHAMENTO DO DIA

Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed

13 de setembro de 2022 - 19:01

Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições

13 de setembro de 2022 - 7:37

Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão

DANÇA DAS CADEIRAS

CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa

12 de setembro de 2022 - 19:45

Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim

FECHAMENTO DO DIA

Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09

12 de setembro de 2022 - 18:04

O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta

novo rei?

O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)

12 de setembro de 2022 - 11:12

Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior

Segredos da bolsa

Esquenta dos mercados: Inflação dos EUA não assusta e bolsas internacionais começam semana em alta; Ibovespa acompanha prévia do PIB

12 de setembro de 2022 - 7:57

O exterior ignora a crise energética hoje e amplia o rali da última sexta-feira

A SEMANA NA B3

Vale (VALE3) dispara mais de 10% e anota a maior alta do Ibovespa na semana, enquanto duas ações de frigoríficos dominam a ponta negativa do índice

10 de setembro de 2022 - 13:40

Por trás da alta da mineradora e da queda de Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) estão duas notícias vindas da China

Exclusivo Seu Dinheiro

Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação

10 de setembro de 2022 - 10:00

Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda

FECHAMENTO DO DIA

Commodities puxam Ibovespa, que sobe 1,3% na semana; dólar volta a cair e vai a R$ 5,14

9 de setembro de 2022 - 18:42

O Ibovespa teve uma semana marcada por expectativas para os juros e inflação. O dólar à vista voltou a cair após atingir máximas em 20 anos

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Inflação e eleições movimentam o Ibovespa enquanto bolsas no exterior sobem em busca de ‘descontos’ nas ações

9 de setembro de 2022 - 7:36

O exterior ignora a crise energética e a perspectiva de juros elevados faz as ações de bancos dispararem na Europa

FECHAMENTO DO DIA

BCE e Powell trazem instabilidade à sessão, mas Ibovespa fecha o dia em alta; dólar cai a R$ 5,20

8 de setembro de 2022 - 19:00

A instabilidade gerada pelos bancos centrais gringos fez com o Ibovespa custasse a se firmar em alta — mesmo com prognósticos melhores para a inflação local e uma desinclinação da curva de juros.

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Decisão de juros do BCE movimenta as bolsas no exterior enquanto Ibovespa digere o 7 de setembro

8 de setembro de 2022 - 7:47

Se o saldo da Independência foi positivo para Bolsonaro e negativo aos demais concorrentes — ou vice-versa —, só o tempo e as pesquisas eleitorais dirão

FECHAMENTO DO DIA

Ibovespa cede mais de 2% com temor renovado de nova alta da Selic; dólar vai a R$ 5,23

6 de setembro de 2022 - 18:43

Ao contrário do que os investidores vinham precificando desde a última reunião do Copom, o BC parece ainda não estar pronto para interromper o ciclo de aperto monetário – o que pesou sobre o Ibovespa

ACABOU A ESPERA?

Em transação esperada pelo mercado, GPA (PCAR3) prepara cisão do Grupo Éxito, mas ações reagem em queda

6 de setembro de 2022 - 15:38

O fato relevante com a informação foi divulgado após o fechamento do mercado ontem, quando as ações operaram em forte alta de cerca de 10%, liderando os ganhos do Ibovespa na ocasião

ANOTE NO CALENDÁRIO

Atenção, investidor: Confira como fica o funcionamento da B3 e dos bancos durante o feriado de 7 de setembro

6 de setembro de 2022 - 11:29

Não haverá negociações na bolsa nesta quarta-feira. Isso inclui os mercados de renda variável, renda fixa privada, ETFs de renda fixa e de derivativos listados

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas no exterior deixam crise energética de lado e investidores buscam barganhas hoje; Ibovespa reage às falas de Campos Neto

6 de setembro de 2022 - 7:43

Às vésperas do feriado local, a bolsa brasileira deve acompanhar o exterior, que vive momentos tensos entre Europa e Rússia

FECHAMENTO DO DIA

Ibovespa ignora crise energética na Europa e vai aos 112 mil pontos; dólar cai a R$ 5,15

5 de setembro de 2022 - 18:40

Apesar da cautela na Europa, o Ibovespa teve um dia de ganhos, apoiado na alta das commodities

MÍNIMA HISTÓRICA

Crise energética em pleno inverno assusta, e efeito ‘Putin’ faz euro renovar mínima abaixo de US$ 1 pela primeira vez em 20 anos

5 de setembro de 2022 - 13:55

O governo russo atribuiu a interrupção do fornecimento de gás a uma falha técnica, mas a pressão inflacionária que isso gera derruba o euro

PASSANDO A FAIXA

Boris Johnson de saída: Liz Truss é eleita nova primeira-ministra do Reino Unido; conheça a ‘herdeira’ de Margaret Thatcher

5 de setembro de 2022 - 9:14

Aos 47 anos, a política conservadora precisa liderar um bloco que encara crise energética, inflação alta e reflexos do Brexit

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem com crise energética no radar; Ibovespa acompanha calendário eleitoral hoje

5 de setembro de 2022 - 7:46

Com o feriado nos EUA e sem a operação das bolsas por lá, a cautela deve prevalecer e a volatilidade aumentar no pregão de hoje

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar