Fed tenta sair da caverna do dragão com outra alta de juro de 0,75 pp — saiba tudo sobre mais essa decisão
Com o aumento desta quarta-feira (27), a taxa básica pulou para a faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano; entenda por que essa elevação mexe com seus investimentos

Assim como os seis adolescentes que tentam voltar para casa depois de um passeio de montanha-russa, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, também quer sair da caverna do dragão — da inflação.
Só que ao invés de contar com a ajuda do Mestre dos Magos, o chefe do banco central norte-americano está usando o juro para isso.
Nesta quarta-feira (27), o comitê de política monetária do Fed (Fomc, na sigla em inglês) anunciou mais uma elevação da taxa básica.
O aumento da vez foi de 0,75 ponto porcentual (pp) — como ocorreu na reunião de junho, porém menor do que 1 pp que alguns agentes de mercado mantinham sobre a mesa. Com esse ajuste, a taxa passou para a faixa de 2,25% a 2,50% ao ano.
Talvez por isso, assim que a decisão de hoje foi anunciada, as bolsas em Nova York não tenham tido uma reação compatível com o calibre desse aperto monetário.
O Dow Jones, o S&P 500 e Nasdaq chegaram a bater máximas, mas logo desaceleraram a alta para o mesmo nível de antes do anúncio da decisão.
Leia Também
Fed contra o Vingador
No desenho A Caverna do Dragão, o Vingador é o vilão da história. No caso do Fed, a batalha é contra a inflação.
Em junho, o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,3% em base mensal e 9,1% em 12 meses — o maior patamar em 41 anos.
Assim como em maio, a inflação de junho foi influenciada principalmente pelo aumento de preços nos alimentos e combustíveis.
No mês passado, o preço médio do galão da gasolina nos Estados Unidos atingiu US$ 5 pela primeira vez na história.
Na decisão de hoje, o Fed disse que continuará perseguindo uma inflação próxima da meta de 2% ao ano e, para isso, usará o aumento da taxa de juros.
"A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões mais amplas sobre os preços", diz o comunicado da decisão.
O documento alerta ainda que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia está criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e pesando sobre a atividade econômica global.
"O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários", diz outro trecho do comunicado.
Mestre dos Magos: o comunicado do Fed
O Mestre dos Magos é um dos personagens mais misteriosos do desenho A Caverna do Dragão. Uma de suas principais características é ajudar os jovens a se livrar dos perigos do reino encantando e voltar para casa por meio de mensagens cifradas.
Assim também é o comunicado do Fed e a coletiva de Powell: mensagens cifradas que indicam aos investidores os próximos passos do banco central norte-americano.
No comunicado de hoje, a autoridade monetária diz que mais aumentos de juro devem vir por aí.
"O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar a taxa de juro para a faixa entre 2,25% e 2,50% e prevê que os aumentos contínuos serão apropriados", diz o documento.
Além disso, o Comitê afirma que continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas, conforme descrito nos Planos para Redução do Tamanho do Balanço do Federal Reserve, emitidos em maio.
Essa redução das compras de títulos equivale a apertos monetários, já que enxugam a liquidez do mercado — oferecida em massa no auge da pandemia para garantir o bom funcionamento do sistema financeiro e da economia dos EUA.
Como o Fed vai sair da Caverna do Dragão?
Enquanto em A Caverna do Dragão, Hank, Eric, Diana, Sheila, Presto e Bobby ganham armas mágicas para ajudar na volta para casa, no caso do Fed, a ferramenta contra a aceleração da inflação continuará sendo a taxa de juros — pelo menos até segunda ordem.
Para o BTG Pactual, o banco central norte-americano deve elevar o juro em 0,50 pp em setembro e novembro e reduzir esse ritmo de aumento da taxa para 0,25 pp em dezembro.
"Esperamos a continuidade de um suporte para um dólar forte nos próximos meses e também a continuidade do fluxo para ativos de renda fixa", disse o BTG em nota.
Já a gestora Pimco, não descarta novo aumento de 0,75 pp na reunião de setembro — que também trará a atualização de projeções econômicas pelos membros do Fed.
“Esperamos que na reunião de setembro o Fed também revise suas projeções para o juro, antecipando os dois aumentos que foram previstos para 2023 ainda em 2022”, disse a Pimco em nota.
Veja também: É hora de comprar dólar e ouro?
Andy Warhol: 6 museus para ver as obras do mestre da Pop Art — incluindo uma exposição inédita no Brasil
Tão transgressor quanto popular, Warhol ganha mostra no Brasil em maio; aqui, contamos detalhes dela e indicamos onde mais conferir seus quadros, desenhos, fotografias e filmes
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China
Starbase: o novo plano de Elon Musk para transformar casa da SpaceX na primeira cidade corporativa do mundo
Moradores de enclave dominado pela SpaceX votam neste sábado (03) a criação oficial de Starbase, cidade idealizada pelo bilionário no sul do Texas
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Conheça os 50 melhores bares da América do Norte
Seleção do The 50 Best Bars North America traz confirmações no pódio e reforço de tendências já apontadas na pré-lista divulgada há algumas semanas
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Trump vai jogar a toalha?
Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento
S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA
Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Próximo de completar 100 dias de volta à Casa Branca, Trump tem um olho no conclave e outro na popularidade
Donald Trump se aproxima do centésimo dia de seu atual mandato como presidente com taxa de reprovação em alta e interesse na sucessão do papa Francisco
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio