A revelação da ata do Fed que derrubou as bolsas nos EUA e fez o Ibovespa ampliar a queda
Documento do banco central norte-americano mostrou que a festa dos bilhões de dólares no mercado está mais perto de acabar do que se imaginava
O fim da era de dinheiro farto nos Estados Unidos está mais perto do que se imaginava e os investidores não gostaram nada disso. A sinalização veio na ata do Federal Reserve (Fed), como é conhecido o banco central norte-americano, divulgada nesta quarta-feira (5).
Segundo o documento, os membros do Fed disseram que o fortalecimento da economia e a aceleração da inflação podem levar a mais aumentos e mais rápidos dos juros nos Estados Unidos.
Atualmente, a taxa básica está na faixa entre zero e 0,25% ao ano. Confira a cobertura da última decisão do Fed, em dezembro.
E as surpresas na ata do Fed não param por aí. Alguns formuladores da política monetária do BC americano também apoiaram o início da redução do balanço de ativos logo depois do início do ciclo de aumento dos juros.
O Fed carrega hoje mais de US$ 8 trilhões em ativos no balanço. Não é por acaso, portanto, que os investidores tremem só de pensar na possibilidade de o BC norte-americano começar a desovar esses papéis no mercado.
A moleza acabou, o mercado não gostou
A notícia de que os mercados não terão mais os bilhões de dólares que o Fed vinha oferecendo na forma de compra de ativos e de juros zero não agradou. Afinal, com menos dinheiro circulando sobra menos para os investidores apostarem em ativos de risco, como a bolsa.
Leia Também
Logo após a divulgação da ata, o Dow Jones e o S&P 500 reverteram a tendência de alta e passaram a amargar perdas. O Nasdaq, que já vinha caindo mais de 1%, acelerou a queda e passou a recuar mais de 2%.
Aqui no Brasil, a ata também pesou sobre o Ibovespa que, assim como o Nasdaq, passou a cair mais de 2%. Confira tudo o que mexe com os mercados hoje.
Por dentro da ata do Fed
Na conclusão da reunião de dezembro, o comitê de política monetária do Fed (Fomc, na sigla em inglês) anunciou que encerraria o programa de compra de títulos em um ritmo mais rápido do que inicialmente delineado em novembro, citando riscos crescentes de inflação.
O novo cronograma colocaria o banco central no caminho para concluir as compras em março. Na ocasião, as autoridades do Fed também foram unânimes em indicar que precisariam começar a aumentar a taxa de juros neste ano, de acordo com projeções publicadas após a reunião.
Isso marcou uma mudança em relação à rodada anterior de previsões em setembro, que mostrava que o Fomc na época estava igualmente dividido sobre a questão.
A ata de hoje foi além, mostrando que o aperto monetário pode ser mais forte do que se pensava.
“Os participantes em geral observaram que, dadas suas perspectivas individuais para a economia, o mercado de trabalho e a inflação, pode ser necessário aumentar a taxa de fundos federais mais cedo ou em um ritmo mais rápido do que os participantes haviam antecipado”, diz a ata.
E o documento prossegue: “Alguns participantes também observaram que poderia ser apropriado começar a reduzir o tamanho do balanço patrimonial do Federal Reserve relativamente logo após começar a aumentar a taxa de fundos federais”.
O balanço trilionário do Fed
No encontro do final de 2021, o Federal Reserve deu início aos planos para começar a cortar a quantidade de títulos que detém, com seus dirigentes dizendo que uma redução no balanço deve começar algum tempo depois que o banco central começar a aumentar a taxa de juros, segundo a ata.
Embora as autoridades não tenham feito nenhuma determinação sobre quando o Fed começará a liberar os quase US$ 8,3 trilhões em títulos que mantém, declarações da reunião indicaram que o processo poderia começar em 2022, possivelmente nos próximos meses.
“Quase todos os participantes concordaram que provavelmente seria apropriado iniciar o escoamento do balanço em algum ponto após o primeiro aumento na faixa-alvo para a taxa de fundos federais”, declarou o resumo da reunião.
O Fed usa seu balanço patrimonial para, entre outras coisas, manter as condições financeiras facilitadas, garantir o bom funcionamento da economia e garantir o alcance de suas metas de pleno emprego e estabilidade de preços.
Em março de 2020, o banco central norte-americano passou a inflar seu balanço ao comprar títulos lastreados em hipotecas, os famosos mbs, e também títulos do Tesouro. Conforme a economia dos Estados Unidos foi se fortalecendo dos efeitos da covid-19, essas aquisições de ativos foram sendo reduzidas e a ideia é zerá-las até março deste ano.
Escoamento do balanço
A ata de hoje também indicou que, uma vez que o processo comece, “o ritmo apropriado de escoamento do balanço provavelmente seria mais rápido do que era durante o episódio de normalização anterior” em 2017.
Durante essa redução, o Fed permitiu que um nível limitado de receitas dos títulos que detém rolasse a cada mês, enquanto reinvestia o restante. O Fed começou permitindo a rolagem de US$ 10 bilhões em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas a cada trimestre, aumentando esse valor a cada mês até que os limites atingissem US$ 50 bilhões.
O programa pretendia reduzir consideravelmente o balanço patrimonial, mas foi interrompido pela fraqueza econômica global em 2019, seguida pela crise pandêmica em 2020. Ao todo, a redução chega a apenas cerca de US$ 600 bilhões.
E os juros?
A expectativa do mercado é de que o Fed comece a aumentar a taxa básica a partir de março, quando as compras de títulos na era pandêmica se encerram.
Como esperado, os membros do Fed mantiveram a taxa básica perto de zero na reunião de dezembro. No entanto, as autoridades também indicaram que prevêem aumentos de até 0,75 ponto percentual este ano, bem como outros três aumentos em 2023 e dois a mais no ano seguinte.
E a explicação para isso é simples: a inflação. Assim como no Brasil e outras partes do mundo, a inflação disparou com a reabertura econômica e os preços saíram do controle do Fed nos Estados Unidos. Lá, a inflação chegou a ser a maior em 30 anos, saltando para 6,8% em novembro - mais que o triplo da meta do banco central americano.
Veja também - Ação do Banco do Brasil (BBAS3) pode disparar até 70% no longo prazo e Bradesco (BBDC4) tem potencial para alta de quase 50%
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado