🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Lula e o risco de cauda: O caminho da servidão

Entre os grandes problemas das últimas semanas está o fato de que o cenário de cauda, ainda que com probabilidade baixa, entrou na conta. Muitos que anteviam apenas mediocridade no governo agora temem o real desastre.

19 de dezembro de 2022
18:49
O dragão da inflação voando pelos céus
Imagem: Shutterstock

“Afirma-se que o homem é um ser racional, porém, a racionalidade é uma questão de opção — e as alternativas que a sua natureza oferece são estas: um ser racional ou um animal suicida. O homem tem que ser homem — por escolha, ele tem que ter sua vida como um valor; por escolha, tem que aprender a preservá-la; por escolha, tem que descobrir os valores que ela requer e praticar suas virtudes.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O objetivismo de Ayn Rand, com toda sua defesa da racionalidade, parte de uma premissa aparentemente óbvia: a existência existe. Não há como se escapar das restrições e contingências objetivas. A realidade é real e, mais uma vez apelando a Rand, “você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade.”

Lembrei-me da essência da filosofia de Rand ao me deparar com as palavras do presidente Lula em evento dos catadores: “a gente não cuida do pobre se ficar vendo estatística, se ficar olhando para a política fiscal do governo, sempre haverá uma prioridade acima dos pobres.”

A seguir por esse caminho, Lula ignora a realidade. Talvez o leitor mais crítico pudesse apontar que o presidente eleito fala para a plateia de ouvintes. Pode até ser, nunca saberemos o que está na cabeça dele. Mas, com notícias em tempo real e grupos de Zap altamente engajados, a plateia é sempre o mundo inteiro.

Lula e a lei das consequências indesejadas

É justamente o contrário. Só se cuida do pobre pensando em estatística. Aqueles que criticaram o uso da cloroquina no combate à covid-19 por falta de evidência empírica e apoio na comunidade científica agora querem fazer política econômica também desafiando a ciência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por mais bem intencionadas que possam ser as palavras, ”cuidar do pobre" sem espaço no orçamento aumenta o risco fiscal, o que se traduz em mais taxas de juro, e eleva as expectativas de inflação, porque o governo sempre poderá, num ato inflacionário, emitir mais moeda para cumprir seus compromissos financeiros.

Leia Também

Mais juros implicam menos investimentos, menos crescimento e mais desemprego. Mais inflação aleija justamente as classes mais pobres, desprovidas de alternativas para blindar seu patrimônio. Os rentistas estão lá protegidos no paraíso dos juros altos e nos altos juros reais da NTN-B. Uma opção pela maior concentração de renda, em tese o oposto do desejo original da esquerda. Lei das consequências indesejadas.

Um tiro no pé

Em entrevista que virou meme, Gabriel Galípolo descarta qualquer risco de a inflação subir no pós-pandemia, para ser desmentido pela imposição material da carestia poucos meses depois. Não deveria incomodar tanto o erro da previsão. “Predição é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro.”

Tentar antecipar o impermeável futuro é comprar um jazigo no cemitério das reputações. Pra mim, o problema maior da entrevista é sua tentativa de refutar o típico paralelo entre economia doméstica e macroeconomia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Era algo mais ou menos assim: “você não pode comparar uma família a um país, porque uma família nunca conseguirá dinheiro se estiver muito quebrada. Um país sempre poderá emitir moeda.” Sim, é verdade. O “pequeno" problema é a consequência da emissão de moeda. A senhoriagem, uma prerrogativa do Estado, resulta em inflação, uma espécie de imposto regressivo, cobrado com mais força das classes mais baixas.

A opção até aqui eleva os prêmios de risco, turva o horizonte para investimentos empresariais, estimula saída de capitais do país, faz o dólar subir, embute uma expectativa de alta dos juros em 2023. Com a Selic em 15% e o dólar a R$ 6, não haverá como cuidar do pobre. O governo Lula se inviabiliza em seus anseios mais centrais. É atirar no próprio pé. Fere de morte o princípio da própria racionalidade. "O homem tem que ser homem – por escolha, ele tem que ter sua vida como um valor”.

Começam a circular relatórios de bancos, corretoras e researches independentes com estratégias de investimento para 2023. Em quase todos eles há um consenso sobre o quanto a Bolsa brasileira está barata. O Ibovespa negocia próximo a 6,5x lucros, nível mais baixo desde 2005 e dois desvios-padrão distante da média histórica. O Equity Risk Premium (retorno esperado da Bolsa sobre a renda fixa) do índice também se encontra nas máximas históricas.

Sabemos que, no curto prazo, valuation é um driver menor; acaba sobrepujado pelo fluxo de notícias. O barato fica ainda mais barato se a informação marginal for negativa. O tamanho da atratividade dos preços, porém, chama atenção.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por que estamos tão baratos?

Uma possível explicação está no artigo de Robert Barro, de título “Rare Events and the Equity Premium”, que, em grande medida, se trata de uma atualização mais bem fundamentada (e escrita por um autor mais famoso e respeitado na academia) de Rietz sobre o mesmo tema. A ideia é que os prêmios de risco se alargam quando enxergamos mais probabilidade de eventos raros, os cisnes pretos ou cinzas de Nassim Taleb.

Entre os grandes problemas das últimas semanas está o fato de que o cenário de cauda, ainda que com probabilidade baixa, entrou na conta. Muitos que anteviam apenas mediocridade no governo Lula agora temem o real desastre.

Se falta dinheiro, o governo emite moeda ou aumenta muito os impostos. A inflação dispara. A população vai para rua.

O governo quer atender aos desejos imediatistas. Emite mais moeda para conceder auxílios, pensões, bolsas e afins. A inflação fica mais intensa. Começam os papos de tabelamento, congelamento, confisco, expropriação, ferimento dos direitos de propriedade — esses dois últimos elementos representam a essência do capitalismo e, inclusive, do Parlamento, que nasceu na Inglaterra para proteger direitos econômicos (de propriedade) da burguesia emergente contra os abusos da nobreza.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É o caminho da servidão. Hayek já tinha desenhado a maior das responsabilidades sociais. Uma economia equilibrada. Direito à propriedade privada, respeito aos contratos, obediência às sinalizações do sistema de preços e um Estado que fomente, por meio de bom arcabouço institucional, os três elementos anteriores.

Estamos nos afastando de cada um desses pontos. A racionalidade precisa ser resgatada com urgência. Na direção atual, o governo parece um esquadrão suicida. Se houver alguma acomodação, a recuperação pode ser bem intensa. Por ora, é um grande “se".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central

24 de novembro de 2025 - 19:59

Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje

24 de novembro de 2025 - 7:58

Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA

BOMBOU NO SD

CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana

23 de novembro de 2025 - 17:13

Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD

MERCADOS HOJE

A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje

21 de novembro de 2025 - 9:27

Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa

20 de novembro de 2025 - 8:36

Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?

19 de novembro de 2025 - 20:00

Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje

19 de novembro de 2025 - 8:01

Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje

18 de novembro de 2025 - 8:29

Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?

18 de novembro de 2025 - 6:03

Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

17 de novembro de 2025 - 7:53

Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar