Zuckerberg tem óculos novos para o metaverso, mas ação da Meta não para de cair no mundo real
Maioria dos investidores vê as iniciativas do metaverso como uma grande distração para o Meta, num momento em que o TikTok cresce muito mais rápido e captura cada vez mais tempo de tela dos usuários

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Na última terça-feira (11), o Meta (antigo Facebook) realizou seu evento anual chamado "Connect", dedicado a compartilhar suas inovações na frente de realidade virtual e aumentada.
No evento, conhecemos uma nova geração do Quest — o seu óculos de realidade virtual —, que é cerca de 4 vezes mais caro do que seu antecessor, mas ainda não sabemos se será 4 vezes mais potente ou não.
Infelizmente, a ação do Meta (conforme o print abaixo, registrado pouco após o final do evento) segue o caminho contrário ao dos preços do dispositivo.
Brincadeiras à parte, o evento trouxe um "showcase" interessantíssimo de inovações que a empresa vem trabalhando. Minha sensação, porém, é de que ainda estamos muito distantes da massificação dessa tecnologia.
Quest Pro: 4x mais caro, quem sabe quantas vezes mais potente?
A grande estrela do evento foi o Quest Pro (imagem abaixo), o sucessor do Quest 2, que é também o dispositivo mais vendido entre todos os disponíveis no mercado.
Diferente do seu antecessor, o Quest Pro é mais leve, mais potente, têm maior autonomia de bateria, além de embutir uma série de avanços em seu conjunto de sensores.
Leia Também
Durante o evento, os executivos do Meta se esforçaram para mostrar que existe um ecossistema grande, neste momento, fazendo muito dinheiro com realidade aumentada.
De acordo com dados deles, desde 2019, foram gastos US$ 1,5 bilhão em aplicações de realidade virtual através dos dispositivos da família Quest.
Também no evento, como forma de criar um senso de urgência na comunidade, foram mencionados casos como o dos games "Zenith: the last city" e "Resident Evil 4", que somaram receitas de US$ 1 milhão e US$ 2 milhões, respectivamente, nas primeiras 24h de vendas.
Para quem está acostumado ao universo mobile — muito mais maduro —, esses números não impressionam muito.
Se os games são a aplicação com maior adesão em realidade aumentada neste momento, o Meta aposta que o mudará o jogo para o seu dispositivo Quest, são as funcionalidades de trabalho.
O futuro do trabalho
Entre as aplicações nativas ao Quest, a grande aposta do Meta é a família de aplicações Horizon, destinada a embarcar o seu dia de trabalho inteiramente no metaverso (basicamente, utilizando o óculos para trabalhar).
Aos mais interessados, há uma série de reportagens no YouTube de jornalistas que se aventuraram a trabalhar um dia inteiro utilizando o Quest. A maioria relata experiências bastante positivas.
Particularmente, gosto bastante dessa reportagem da Bloomberg.
Entre as novidades do Connect, a que mais me chamou atenção foi a parceria com a Microsoft.
O CEO da maior empresa de softwares do mundo, o senhor Satya Nadella, participou do evento do Meta, anunciando que o Microsoft Teams estará disponível no Quest, bem como todos os produtos do Office 365, num futuro muito próximo.
Além disso, no segmento de games, Game Pass do Xbox estará igualmente disponível nos dispositivos do Quest.
A presença de Nadella no evento, num momento em que as Big Techs estão descontinuando projetos muito ousados para economizar recursos (um bom exemplo foi o Google descontinuando o Stadia, seu console de games), é sem dúvidas uma vitória de Mark Zuckerberg.
Não me surpreenderia se, muito em breve, a Microsoft anunciasse que interrompeu o desenvolvimento próprio para dispositivos de realidade virtual e seguirá em parceria com o Meta.
- VEJA TAMBÉM: a ação dessa varejista, ligada a Gisele Bündchen, pode disparar na Bolsa após se tornar a maior da América Latina no ramo de joias e relógios. Acesse um relatório gratuito aqui.
Mas e a ação do Meta?
A maioria dos investidores vê as iniciativas do metaverso como uma grande distração para o Meta, num momento em que o TikTok cresce muito mais rápido e captura cada vez mais tempo de tela dos usuários.
Isso não vai acontecer, mas se amanhã o Meta simplesmente desistisse do Quest e focasse seus esforços 100% na sua vertical de redes sociais, a ação poderia dobrar de valor imediatamente.
O Meta vale apenas 10x lucros, sendo que boa parte desse lucro já inclui os prejuízos enormes da pesquisa e desenvolvimento para o Quest.
Veja na tabela abaixo: nos primeiros 6 meses deste ano, a divisão Reality Labs (Instagram, Facebook e Whatsapp) somou US$ 22,6 bilhões em lucro operacional; o Quest (ou Reality Labs) apresentou um prejuízo operacional de US$ 5,7 bilhões.
Não há dúvidas de que a ação do Meta está muito barata aos patamares atuais.
Além disso, como já escrevi em colunas passadas, muito mais dólares de pesquisa e desenvolvimento estão sendo direcionados a combater o avanço do TikTok, do que para o Reality Labs.
Essas iniciativas simplesmente levam tempo, e o mercado odeia esperar.
Nas próximas semanas, o Meta divulgará resultados, e todos estarão atentos à competição com o TikTok no mundo real, e não no metaverso.
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível