🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Entenda como a guerra na Ucrânia pode levar à queda do império americano e quais as oportunidades de investimento nesse cenário

No curtíssimo prazo, a performance do setor ligado a commodities deve ser a melhor; enquanto isso, para prazos mais longos, as verdadeiras multiplicações estão nas small e mid caps de qualidade

9 de março de 2022
13:08 - atualizado às 13:17
Guerra na Ucrânia pode levar à queda do império americano? EUA queda
Guerra na Ucrânia e o império americano. Imagem: Shutterstock

“A guerra é o reino da incerteza; três quartos dos fatores em que se baseia a ação na guerra estão envoltos em uma névoa de maior ou menor incerteza. É necessário um julgamento sensível e discriminador; uma inteligência habilidosa para farejar a verdade.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Carl von Clausewitz

Não poderia ser diferente. As palavras abaixo são dedicadas integralmente aos desdobramentos da invasão da Ucrânia pela Rússia sobre os investimentos.

Há várias coisas interessantes a serem extraídas do clássico “Da Guerra”, do grande estrategista militar Carl von Clausewitz.

Da Guerra

O cientista político e professor Heni Ozi Cukier lembrou da ideia do “fog of the war”, a neblina da guerra, para indicar a incerteza associada a um processo como esse. 

Hitler fazia uma analogia entre uma batalha e um quarto escuro: você nunca sabe o que vai encontrar ali dentro. Sabemos como entramos em uma guerra; só depois saberemos como saímos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em carta a seus cotistas de fevereiro, a gestora Kinea destacou outra frase de von Clausewitz: “A guerra é a continuação da política por outros meios”.

Leia Também

Estratégias de guerra e de investimento

A ideia presente em “Da Guerra” de que mais gosto se liga a outra também defendida por Sun Tzu no conceito de “shi”, associada a uma estratégia intertemporal, de que, em uma guerra, não se avance diretamente sobre posições inimigas para uma vitória imediata. 

De forma alternativa, a proposta seria conservar seus recursos e suas tropas, de modo a levar vantagens a partir de posições defensivas, numa dinâmica mais indireta e tortuosa, de que, em determinados momentos, há retrocessos para posterior avanço (o termo em inglês para descrever o fenômeno é “roundabout”).

Há paralelos claros com estratégias de guerra e de investimento. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Retroceder para avançar

Mark Spitznagel, sócio de Nassim Taleb, se apropria das proposições de Clausewitz no livro “The Dao of Capital: Austrian Investing in a Distorted World” para propor a necessidade de, em muitas situações, esperar ou até mesmo retroceder para poder avançar, alojando-se em seguros-catástrofes e hedges clássicos.

Entendo que as circunstâncias exigem uma postura assim. 

Antecipando as conclusões, propomos uma redução da exposição às ações internacionais, para incrementarmos a posição em commodities e em metais preciosos. 

Mantemos inalterada a exposição à Bolsa brasileira, por cinco razões fundamentais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Cinco motivos

 01. Brasil e commodities

O Brasil é visto como uma proxy de commodities. 

Hoje, inclusive, somos superavitários no fluxo comercial de petróleo & gás, além de grandes produtores de minério de ferro e matérias-primas agrícolas;

02. Valuations atrativos

Somos um dos poucos lugares do mundo com liquidez em que os valuations se mostram atrativos, com múltiplos notadamente inferiores às médias históricas e aos pares internacionais.

Além disso, oferecemos bom prêmio de risco de mercado (ou seja, elevado excedente do retorno esperado da Bolsa sobre a renda fixa).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

03. Fluxo de capitais

Podemos nos apropriar de uma mudança do fluxo de capitais em direção a mercados emergentes e à América Latina em particular (mais detalhes sobre isso abaixo);

04. Demanda por aço e ferro

O aumento de gastos militares (a Alemanha, por exemplo, já anunciou 2% do PIB para maior militarização, o que significa uma mudança histórica e paradigmática) representa mais demanda por aço e, por conseguinte, por minério de ferro, colocando o Brasil em vantagem sob a ótica relativa.

05. Alta nos juros

 Iniciamos o processo de subida de taxas de juro muito antes do mundo desenvolvido. 

Isso enseja a possibilidade de controle antecipado da inflação, eventual possibilidade de flexibilização monetária à frente e atratividade para o “carry trade” (aumenta o interesse do investidor estrangeiro pelas nossas gordas taxas de juro), o que, junto à apreciação das commodities, reverbera sobre a nossa taxa de câmbio — é notável a valorização do real em 2022, mesmo diante de um contexto de aversão a risco no exterior e de grande instabilidade política gerada pela guerra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A guerra no mercado

Agora, faço nosso próprio “roundabout” e proponho darmos um passo atrás. Falemos da guerra e de seus desdobramentos para os mercados. 

No curto prazo, o conflito tem consequências sobre duas grandes frentes. A primeira, claro, se liga ao preço das commodities, sejam elas energéticas ou agrícolas.

Preço das commodities agrícolas

Se somarmos as participações de Rússia (18%) e Ucrânia (10%) nas exportações de trigo no mundo, chegamos à marca de 28%. 

Não à toa, o preço do trigo vem renovando recordes, atingindo sua maior marca em 14 anos. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O cenário já não era propriamente fácil, em face a problemas climáticos na Argentina, outro grande produtor. 

Então, chegaram as preocupações com a oferta no leste europeu e os preços dispararam.

O milho foi por caminho semelhante, em seu maior patamar desde 2012. A Ucrânia responde por 15% das exportações globais, enquanto a Rússia representa outros 2%.

Oferta de fertilizantes

Outra preocupação importante se refere à oferta de fertilizantes (NPK). A Rússia é o segundo maior produtor mundial de fertilizantes nitrogenados no mundo, com 10% de market share

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É também o segundo maior produtor mundial de potássio, com 19% de participação, e o quarto maior produtor de fertilizantes de fósforo, com 7% do todo. 

Há, inclusive, grande dependência brasileira dos fertilizantes russos. 

No ano passado, cerca de 22% das importações brasileiras do segmento vieram de lá (o Brasil importa 85% dos fertilizantes que usa, de um total de 40 milhões de toneladas). 

O medo da falta de suprimentos para a próxima safra já perturba produtores rurais e até mesmo o governo brasileiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Desdobramentos no Brasil

Sabendo da importância do tema, seus desdobramentos sobre o Brasil e até mesmo a segurança alimentar global, convidamos para participar da edição de hoje da nossa série Palavra do Estrategista, um especialista para falar sobre commodities agrícolas. 

O consultor Rodolfo Castro trouxe para os assinantes da série sua visão sobre o assunto. 

Ele é engenheiro agrônomo formado pela Esalq-USP, com pós em Finanças pelo Insper-SP. 

É sócio da Agriplanning, onde atua em consultoria em projetos agrícolas e comercialização de ativos agroindustriais e rurais em distressed. Vale muito a pena a leitura.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Commodities energéticas e metálicas

Saindo do tema agrícola, temos a questão das commodities energéticas e metálicas, com a Rússia sendo um dos maiores representantes globais (terceiro maior produtor de petróleo) e responsável por cerca de 40% do gás natural importado pela Europa. 

O país também é grande produtor de aço, níquel, alumínio e paládio (essencial para os catalisadores de veículos). 

A Ucrânia, por sua vez, é grande produtor de metais não ferrosos.

Petróleo russo

Parte dos problemas de oferta com o petróleo russo poderia ser superada com uma eventual suspensão das sanções ao Irã, que voltaria a colocar alguma coisa como um milhão de barris por dia a mais no sistema, ou até mesmo com a retomada das importações da Venezuela. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda assim, é inegável como o mercado se mostra apertado no momento.

A restrição na oferta desses produtos e, por conseguinte, a alta de seus preços representam, claro, um impacto direto sobre a inflação. 

E existe o desdobramento de segunda ordem ligado à destruição da demanda, ou seja, a uma eventual recessão catalisada por um processo como este. 

A alta significativa das matérias-primas significa menos renda disponível para a população e poderia exigir, mais à frente, uma resposta mais agressiva dos bancos centrais, com juros sendo elevados a patamares que jogassem as economias numa situação de maior fragilidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Guerras são inflacionárias

As guerras são tipicamente inflacionárias. Como resposta à exigência de mais gastos militares e à extraordinariedade das circunstâncias, os governos expandem suas políticas fiscais. 

No limite, é como se imprimissem dinheiro para financiar os dispêndios com a guerra. Se aumenta a oferta de moeda, ela perde valor frente aos demais bens da economia (em essência, a inflação é o inverso do valor da moeda). 

E existe também a resposta monetária: banqueiros centrais preferem não jogar mais lenha na fogueira em situações assim — diante da incerteza, costumam ser mais tolerantes com a inflação, para não jogar as economias em recessão num momento de conflito militar.

Matérias-primas e inflação

Essa guerra é particularmente preocupante sob a ótica inflacionária, pois ela envolve, além dos elementos do parágrafo anterior, as restrições à oferta de matérias-primas. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, já estávamos num período de inflação alta. O gráfico abaixo ilustra bem o ponto:

Os paralelos com os dois choques do petróleo em 1973 (resultado da Guerra do Yom Kippur, quando o barril saiu de US$ 3 para US$ 12) e em 1979 (revolução iraniana, em que o óleo sai de US$ 13 para US$ 34), com a posterior resposta agressiva de Paul Volcker à frente do Fed, são inevitáveis. 

Àquela altura, Volcker subiu a taxa básica de juros nos EUA acima de 20% ao ano, para combater a inflação anual da ordem de 15%. 

Evidentemente, a analogia não é precisa ou perfeita. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O ponto aqui é para chamarmos atenção para os efeitos inflacionários do processo em curso, de tal sorte que os mercados podem estar subestimando a futura elevação das taxas de juros nos EUA.

Fluxo de capitais internacional

Isso nos traz à segunda grande frente de impacto da guerra no curto prazo: o fluxo de capitais internacional.

A primeira coisa interessante deste processo se liga a uma espécie de quebra-cabeça: enquanto existe clara preocupação inflacionária, um pensamento de primeiro nível apontaria para uma expectativa de juros maiores à frente, numa resposta clara de política monetária à necessidade de controle dos preços. 

O que temos visto desde a invasão da Ucrânia, porém, é um recuo das taxas de juros de mercado, a despeito de incremento nas estimativas de inflação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O yield (rendimento) dos Treasuries de dez anos, que chegou a superar a marca de 2%, veio abaixo de 1,80%. 

Decisões dos bancos centrais

As expectativas para as decisões dos bancos centrais foram atualizadas, sugerindo elevações de taxas de juro menos intensas do que o anteriormente ventilado, conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Há duas explicações principais para a dinâmica. 

Ativos mais seguros em meio à guerra

O primeiro ponto é que, diante da enorme incerteza associada à guerra e a seus desdobramentos sobre a economia (a BCA chegou a atribuir 10% de probabilidade de uma guerra nuclear que nos levasse a um Armagedom), investidores correm para ativos considerados mais seguros, como os títulos soberanos dos países desenvolvidos e, mais especificamente, à tradição dos Treasuries e do dólar. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O preço dos títulos sobe, e o rendimento cai.

Bancos centrais e inflação

A outra questão se liga à mudança de postura dos bancos centrais em momentos de grande incerteza. 

Em linhas gerais, a função de reação de um BC num país desenvolvido segue a chamada Regra de Taylor, que pondera preferências da autoridade monetária entre o PIB e o seu potencial e a inflação e sua meta. 

Em momentos de enorme incerteza, é natural haver alguma mudança nessas preferências, quando o banqueiro central passa a se preocupar um pouco mais também com o produto, tolerando um pouco mais de inflação. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Agir de forma muito contundente num momento de crise seria como jogar gasolina num incêndio.

Aperto monetário nos EUA

Nas semanas anteriores à eclosão da guerra, o consenso de mercado passava a contemplar o início do aperto monetário nos EUA com uma alta de 50 pontos-base na taxa básica de juro. 

Agora, o próprio Fed parece descartar esse cenário e sinaliza uma elevação de 25 pontos-base.

Corolário: temos mais inflação, de uma forma tangível e concreta, quase como se pudéssemos tocá-la, enquanto as taxas de juros nominais devem ficar mais baixas frente ao que se estimava antes do choque inflacionário. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em outras palavras, devemos conviver com taxas de juros reais menores — ao menos no curto prazo.

Como resposta prática a esse cenário, ativos que rendem retornos nominais se tornam menos atrativos, enquanto deveríamos focar em ativos reais. 

Títulos atrelados à inflação, commodities, ouro e mesmo ações (empresas são ativos reais) ganham atratividade.

América Latina em foco

Ainda no tema do fluxo de capital internacional, como há, literalmente, uma guerra lá fora, com impactos físicos concretos, a posição geográfica importa, o que inclusive tem efeito sobre o Brasil. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Europa e, em particular, o leste europeu acabam preteridos — o euro tende a ficar mais fraco frente ao dólar. 

Parte do dinheiro destinado a mercados emergentes nessa região acaba indo para outras frentes, como a América Latina.

O movimento já vem acontecendo, sobretudo com a retirada da Rússia do índice MSCI, muito seguido por fundos passivos e referência para outros ativos. 

A Rússia tinha 1,47% de peso no índice e estimativas apontam para uma saída de cerca de US$ 5,9 bilhões de investidores passivos e US$ 21,2 bilhões de ativos — a América Latina representa 9,33% do índice e poderia abocanhar parte desses recursos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Brasil: ilha de valuation barato

Além de se beneficiar em termos relativos das mazelas ligadas ao leste europeu, o Brasil é uma proxy natural de commodities, goza de casos mais representativos de “value” (valor) em detrimento a “growth” (crescimento), alimentando nossa eterna vocação agrícola e nossa tradição extrativista sem grandes referências de tecnologia mais associadas a crescimento, iniciou antecipadamente seu processo de subida de taxas de juros e, portanto, antecipa-se no combate à inflação e é uma das poucas ilhas de valuation barato no mundo. 

A rigor, talvez sejamos o mercado líquido mais barato entre todos, conforme tenta demonstrar a tabela abaixo:

Bolsa brasileira e empresas de commodities

Antes de prosseguirmos para as consequências de mais longo prazo da invasão da Ucrânia, faço um breve comentário sobre a microestrutura da Bolsa brasileira. 

Conforme os três leitores mais atentos devem ter percebido, há meses temos reduzido nossa exposição a nomes de alto crescimento (saímos de tecnologia e inclusive montamos operações short no segmento) para comprar casos ligados a valor e a commodities especificamente. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com efeito, continuamos acreditando que o curtíssimo prazo deve trazer boa performance de empresas ligadas às matérias-primas, conforme tudo que foi escrito até aqui.

Small e midcaps atrativas

Contudo, queremos chamar atenção também para a atratividade de small e midcaps ligadas ao ciclo doméstico. Há vários fatores para isso. 

O aumento das taxas de juros, a preocupação com renda disponível diante de um contexto adverso para a inflação, o fluxo vendedor compulsório de fundos de ações e multimercados, cujos resgates diários são impiedosos e obrigam gestores a se desfazerem mesmo de posições de qualidade a valuations impensáveis. 

Objetivamente, porém, algumas dessas ações negociam hoje a patamares muito convidativos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O gráfico abaixo ilustra um pouco esse comportamento:

Curto e longo prazo

Em termos práticos, portanto, se, de um lado, entendemos que a performance do setor ligado a commodities deve ser a melhor no curtíssimo prazo por conta do fluxo de notícias e de um contexto de alta das matérias-primas por conta da guerra; de outro, acreditamos que, para prazos mais longos, as verdadeiras multiplicações estão nas small caps ligadas ao ciclo doméstico, ainda que essas possam ensejar mais volatilidade de curto prazo.

Muitos gostam de repetir frases do tipo “compre ao som dos canhões, venda ao som dos violinos” ou “compre quando há sangue ou protesto nas ruas”. 

Poucos têm a coragem de assumir uma postura pragmática e efetivamente comprar ações nesses momentos, quando seus valuations assumem níveis escorchantes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dois lados na B3

Nossa proposta pragmática advoga em prol de uma espécie de Barbell Strategy na Bolsa brasileira. 

De um lado, bastante commodity para se aproveitar do contexto atual, do bom momentum de curto prazo e de valuations ainda atrativos, a despeito das altas recentes. 

De outro, com horizonte mais dilatado, uma posição representativa de small e mid caps de qualidade (com lucro!), a valuations excessivamente descontados.

Ainda antes de caminharmos para as consequências de mais longo prazo, vale observar o comportamento das Bolsas norte-americanas depois de guerras e de períodos de correção. As tabelas abaixo são autoexplicativas:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Consequências de longo prazo

Chegamos então às consequências potenciais de longo prazo, àquilo que o gestor Ray Dalio tem chamado de “Mudanças na Nova Ordem Mundial” — para mais detalhes sobre o tema, vale ver o vídeo “Principles for Dealing with the Changing World Order”.

Quando Putin invade a Ucrânia sem uma agressão direta a seu território e fere os preceitos de tratados internacionais, que regulavam relações entre países, coloca-se em risco, em linhas gerais, o conjunto de regras cujas bases remetem ao fim da Segunda Guerra Mundial, ao fim do tratado de Bretton-Woods em 1971, quando abandonamos o padrão-ouro e o dólar assumiu o papel de grande moeda de reserva internacional.

Fim do fim da história

Resgato também aquilo que Marcos Troyjo certa vez propôs em coluna na Folha de S.Paulo, de que a emergência de grandes líderes autocratas (Vladimir Putin na Rússia, Recep Erdogan na Turquia, Viktor Urban na Hungria, Nursultan Nazarbayev no Cazaquistão, entre outros) poderia significar o “fim do fim da história”. 

Era, claro, uma referência à ideia de Francis Fukuyama, para quem a História, como um percurso dialético hegeliano de disputas entre teses e antíteses, teria acabado a partir da queda do Muro de Berlim. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não haveria mais antítese à tese da democracia liberal. Era a vitória dos valores ocidentais e das sociedades abertas como síntese definitiva, garantindo os dividendos da “pax americana” e o dólar como grande reserva de valor global.

Guerra entre Putin e a Ucrânia

Os autocratas e os questionamentos de valores democráticos, agora simbolizados de maneira mais caricata em Putin e em sua guerra contra a Ucrânia, representariam a volta de uma antítese à tese, tendo, no limite, como referência Pedro, o Grande e a reconstituição do Império Russo, como lembrou nesta semana o historiador Niall Ferguson.

Se os tratados e as organizações supranacionais em vigor desde a queda do Muro de Berlim já não contemplam mais adequadamente as circunstâncias atuais, há uma Nova Ordem Mundial em construção, cujo resultado ainda é desconhecido.

As consequências podem ser variadas e profundas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Queda do Império Americano na guerra

Ray Dalio identifica o início do processo de queda do Império Americano.

Há também desdobramentos importantes sobre a questão energética, tanto no sentido de, eventualmente, revisitar as restrições ao uso de energia nuclear, quanto em reavaliar o ritmo da transição energética — a dependência da Europa frente ao gás russo precisa ser revista, pois o crescimento econômico e o desenvolvimento de regiões sempre foram atrelados, na essência, na transformação de energia e em seu acesso barato. 

Sem isso, a Europa poderia estar condenada a ainda mais baixo crescimento pela frente. Já a China, se continuar o uso de carvão mesmo com seus impactos ambientais, poderia emergir como um dos ganhadores do processo.

Ocidente e o Banco Central da Rússia

A BCA lembra ainda das consequências de longo prazo da decisão do Ocidente de negar acesso do Banco Central da Rússia às suas reservas em moeda estrangeira e custodiada em países ocidentais. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se os BCs em geral não podem mais confiar cegamente na capacidade de acessar seus ativos em dólar ou em euro, essas instituições vão começar a questionar a validade das reservas nessas respectivas moedas. 

Isso poderia significar uma mudança importante nas reservas dos bancos centrais, menos em dólares e euros e mais em dólares e em yuans.

Mudanças, riscos e oportunidades

Estamos vendo a História ser escrita em nossa frente. 

Precisamos manter a guarda alta para evitar sermos pegos de surpresa num mundo de tantas mudanças e riscos. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao mesmo tempo, devemos estar prontos para aproveitar oportunidades que surgem em momentos assim — somente em momentos assim. 

Há, literalmente, sons de canhões ao fundo. Acesse o relatório completo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central

24 de novembro de 2025 - 19:59

Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje

24 de novembro de 2025 - 7:58

Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA

BOMBOU NO SD

CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana

23 de novembro de 2025 - 17:13

Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD

MERCADOS HOJE

A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje

21 de novembro de 2025 - 9:27

Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa

20 de novembro de 2025 - 8:36

Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?

19 de novembro de 2025 - 20:00

Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje

19 de novembro de 2025 - 8:01

Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje

18 de novembro de 2025 - 8:29

Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?

18 de novembro de 2025 - 6:03

Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

17 de novembro de 2025 - 7:53

Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar