Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Nos EUA, estamos a todo vapor na temporada de resultados do primeiro trimestre de 2022.
Na semana passada, todas as Big Techs divulgaram seus números.
A Microsoft fez bonito, subindo 8% e o Meta (antigo Facebook), conforme eu tanto insisti após o último resultado, mostrou que a reação do mercado na ocasião foi exagerada e subiu 18% após os seus números.
Os destaques negativos entre as Big Techs foram o Google, que saiu-se bem, porém caiu 4% com o mercado respondendo mal à desaceleração do Youtube, e a Apple, que apesar de um resultado muito forte, não se comprometeu com um guidance animador para o próximo trimestre.
O grande destaque dessa temporada, porém, foi a Amazon.
Após a divulgação dos seus números, a gigante do e-commerce caiu mais de 14%. Vamos entender o que aconteceu.
Amazon cresce, pero no mucho
No consolidado, a Amazon cresceu. Esse crescimento, porém, foi composto de um mix bastante particular: o e-commerce encolheu no mundo todo, com exceção dos EUA e a divisão de infraestrutura em nuvem, a Amazon AWS, deu show.
No consolidado, a Amazon reportou US$ 116,4 bilhões em receitas, um crescimento de 7,3% na comparação anual.
O e-commerce cresceu nos EUA, somando US$ 69,2 bilhões, 7,5% acima do ano passado.
Parece pouco?
É difícil julgar o ritmo de crescimento da Amazon. Por conta da pandemia e do "boom" que ela trouxe ao e-commerce, no mesmo período de 2021, a divisão estava crescendo num ritmo insustentável, superior a 40%, numa escala multibilionária.
Abaixo, compilo para você o crescimento trimestral da Amazon, desde 2016.
No internacional, a situação foi diferente. Por vários motivos, entre eles a força do dólar contra as demais moedas fortes, a inflação e os problemas na cadeia logística, a receita caiu 6,1%.
O grande destaque do resultado, mais uma vez, foi a Amazon AWS, braço de infraestrutura em nuvem, que cresceu impressionantes 37%, somando vendas de US$ 18,44 bilhões no trimestre.
Desafiando a "lei dos grandes números", o resultado da AWS é simplesmente impressionante.
Mais detalhes, por favor
Mais importante do que o crescimento (ou a ausência dele) em cada uma das linhas de negócio da Amazon, seu resultado trouxe de volta o fantasma de um passado não tão distante: os prejuízos.
Depois de três anos acostumados com lucros trimestrais (ainda que pequenos), além de excelentes resultados consecutivos durante a pandemia, os acionistas da Amazon se surpreenderam com um prejuízo e tanto.
Quando entramos no detalhe de cada um dos seus segmentos, mais importante que o consolidado é a compreensão do "mix" que mencionei anteriormente.
Por exemplo, a margem operacional da Amazon AWS foi a maior da sua história, enquanto o e-commerce voltou a perder dinheiro.
Nos EUA, o e-commerce fez pior margem desde, pelo menos, 2016.
Abaixo, mais uma cortesia, compilo o histórico de margens de cada segmento.
Fora dos EUA, o dólar se impôs contra todas as moedas fortes e a margem do e-commerce internacional voltou aos níveis anteriores à pandemia.
Na Amazon AWS, como eu havia dito, a margem foi a melhor da série histórica.
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Só o futuro interessa
No call de resultados, seus executivos tentaram responder a questão que voltou a assolar os investidores: será que algum dia o e-commerce da Amazon será lucrativo?
Para responder a essa pergunta, eles se esforçaram para colocar em perspectiva todos os desafios de curto prazo que o setor vive.
Por exemplo, entre fretes mais caros (1,5x superiores ao ano passado), combustíveis e salários, a Amazon teve um aumento de custos da ordem de US$ 2 bilhões.
Devido à variante Ômicron, entre dezembro e janeiro, eles aceleraram o ritmo de contratações e agora perceberam o problema oposto: passaram da escassez de funcionários ao excesso, com impactos na produtividade estimados também em US$ 2 bilhões.
Com impactos similares de custos devido a outros fatores inflacionários, os executivos falaram que as cifras anteriores representam dois terços da detração de margem, e que corrigi-la está entre suas metas para os próximos meses.
Amazon já provou que pode ser lucrativa no e-commerce
Na pandemia, a Amazon mostrou que pode ser lucrativa no e-commerce mantendo elevado nível de serviço. Também para 2022, o mercado espera que o ritmo dos investimentos diminua e seja cada vez mais concentrado na AWS, onde o retorno é maior e mais rápido.
Por exemplo, em 2021, os investimentos na infraestrutura da AWS representaram 40% do CAPEX da Amazon; eles devem representar 50% neste ano.
A Amazon é uma das maiores empresas do mundo e possui a joia da coroa do setor de tecnologia, a impressionante AWS.
Aos preços atuais, eu mantenho recomendação de compra para a ação em diversas séries que contribuo na Empiricus. Definitivamente, AMZN - cujo BDR é negociado na B3 sob o ticker AMZO34 - é uma ação para estar na sua carteira.