No SoftBank, um rombo de R$ 140 bilhões com o Vision Fund põe em xeque o investimento nas empresas de tecnologia
O conglomerado japonês é conhecido por financiar fintechs e startups mundo afora através desse fundo de investimento em específico

Tempos difíceis para as empresas de tecnologia: nos mercados globais, a ordem é fugir do risco — e esse setor é quase sinônimo de perigo em tempos de juros em alta. Portanto, era de se imaginar que o SoftBank e seu Vision Fund, o bilionário fundo de investimentos especializado nas techs globais, sofreria um baque em seus resultados financeiros; o tamanho do impacto, no entanto, surpreendeu até os mais céticos.
O conglomerado japonês reportou na manhã desta quinta-feira (12) seu balanço referente ao ano fiscal de 2021, encerrado em 31 de março. E somente o Vision Fund — conhecido por seus aportes volumosos em companhias como Uber, WeWork, Rappi e Loggi — teve uma perda de 3,5 trilhões de ienes no período; pelo câmbio atual, estamos falando em incríveis R$ 140 bilhões de prejuízo.
Colocando essa cifra em perspectiva: o Santander Brasil (SANB11), sexta empresa mais valiosa da bolsa brasileira, tem valor de mercado de 'apenas' R$ 121 bilhões; B3 (B3SA3) e Suzano (SUZB3), somadas, são estimadas em R$ 135 bilhões.

O rombo deixado pelo Vision Fund afetou o resultado do Softbank como um todo: a instituição teve um prejuízo acumulado de 1,7 trilhão de ienes no ano, pouco mais de R$ 68 bilhões — um recorde de perdas para o grupo. Como resultado as ações da empresa na bolsa de Tóquio desabaram 8% hoje; não há BDRs negociados por aqui.
Esses resultados, naturalmente, colocam em xeque a estratégia agressiva do SoftBank. Em meio à alta de juros nos EUA e no mundo, às incertezas relacionadas à guerra da Ucrânia e à rigidez do governo da China com as empresas de tecnologia do país, o cenário parece mais desfavorável que nunca para o investimento no setor.
Afinal, companhias de tecnologia, em especial as que estão no estágio inicial da vida — as preferidas do Vision Fund, diga-se —, representam uma espécie de tela em branco no mercado financeiro. Todas prometem pinturas belíssimas e sofisticadas, mas, para tal, precisam de recursos e investidores.
Leia Também
Ou seja: fintechs, startups e outras empresas do tipo estão atrás de alguém que tope correr o risco de aportar dinheiro num negócio que ainda não dá lucro — mas que, se tudo der certo, dará retornos polpudos no futuro.
Só que, num ambiente cheio de entraves no presente, muitos preferem não correr o risco; em outras palavras, procuram destinos mais seguros para os investimentos. Com isso, há uma corrida em direção às chamadas 'ações de valor' — empresas mais tradicionais e sólidas. E, aí, as techs e o SoftBank se veem numa sinuca de bico.
SoftBank e Vision Fund: e agora, Son?
Questionar os rumos do SoftBank é questionar diretamente o seu fundador, Masayoshi Son. O Vision Fund, afinal, é a 'visão' do executivo para a economia global: viabilizar uma 'revolução' a partir dos investimentos em empresas novas e inovadoras.
Em teleconferência realizada mais cedo, Son disse que o conglomerado japonês entrará em "modo de defesa" daqui em diante, mas isso não quer dizer que sua filosofia de atuação mudará radicalmente. O Vision Fund continuará de olho no setor de tecnologia e em empresas promissoras, mas os critérios de investimento ficarão "mais rigorosos".
O desempenho de algumas das estrelas do portfólio do fundo ajuda a entender as enormes perdas contabilizadas em 2021. A Coupang, empresa sul-coreana de e-commerce, abriu seu capital nos EUA no ano passado e, de lá para cá, amarga uma desvalorização de 60%.
Situações semelhantes são vistas na Grab, de Cingapura, e na Doordash, dos EUA — ambas atuam no setor de transportes e entregas, num modelo de negócio semelhante ao do Uber e do Rappi.
As gigantes chinesas de tecnologia também tiveram um papel importante nas perdas do SoftBank no ano; o grupo japonês tem posições relevantes no Alibaba e na Didi, duas companhias que sofreram nos últimos meses com a postura mais firme de Pequim em relação às grandes corporações do país.
O pesadelo das techs
O mau momento do setor de tecnologia afeta até mesmo as gigantes americanas: empresas como Apple, Microsoft, Google e Amazon amargam perdas expressivas no mercado de ações; a Nasdaq, bolsa tech dos EUA, está nas mínimas desde outubro de 2020.
E o movimento vendedor foi ampliado nos últimos dias: com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevando os juros do país em 0,5 ponto, para a faixa de 0,75% a 1%, e dando a entender que novas elevações estão a caminho, as big techs foram ladeira abaixo em Wall Street.
Nos três pregões posteriores à decisão do Fed, as gigantes de tecnologia dos EUA perderam US$ 1 trilhão em valor de mercado; as quedas continuaram nos dias seguintes e, ontem (11), a Apple perdeu o posto de empresa mais valiosa do mundo — agora, a petroleira Saudi Aramco ocupa o topo do ranking. Veja abaixo o top 10 global:
Empresa | País | Valor de mercado (US$ bi) | Código da ação | Alta/baixa da ação em 2022* |
Saudi Aramco | Arábia Saudita | 2.382 | 2222.SR | 24,90% |
Apple | EUA | 2.286 | AAPL | -17,30% |
Microsoft | EUA | 1.905 | MSFT | -22,40% |
Alphabet/Google | EUA | 1.482 | GOOG | -21,20% |
Amazon | EUA | 1.092 | AMZN | -36,80% |
Tesla | EUA | 749 | TSLA | -30,50% |
Berkshire Hathaway | EUA | 672 | BRK-A | 3,80% |
Meta/Facebook | EUA | 547 | FB | -43,90% |
Johnson & Johnson | EUA | 460 | JNJ | 3,60% |
TSMC | Taiwan | 448 | TSM | -26,60% |
*Com informações da CNBC
Rumo ao Novo Mercado: Acionistas da Copel (CPLE6) aprovam a migração para nível elevado de governança na B3 e a unificação de ações
Em fato relevante enviado à CVM, a companhia dará prosseguimento às etapas necessárias para a efetivação da mudança
“Não acreditamos que seremos bem-sucedidos investindo em Nvidia”, diz Squadra, que aposta nestas ações brasileiras
Em carta semestral, a gestora explica as principais teses de investimento e também relata alguns erros pelo caminho
Bolsas disparam com Powell e Ibovespa sobe 2,57%; saiba o que agradou tanto os investidores
O presidente do Fed deu a declaração mais contundente até agora com relação ao corte de juros e levou o dólar à vista a cair 1% por aqui
Rogério Xavier revela o ponto decisivo que pode destravar potencial para as ações no Brasil — e conta qual é a aposta da SPX para ‘fugir’ do dólar
Na avaliação do sócio da SPX, se o Brasil tomar as decisões certas, o jogo pode virar para o mercado de ações local
Sequóia III Renda Imobiliária (SEQR11) consegue inquilino para imóvel vago há mais de um ano, mas cotas caem
O galpão presente no portfólio do FII está localizado na Penha, no Rio de Janeiro, e foi construído sob medida para a operação da Atento, empresa de atendimento ao cliente
Bolsa brasileira pode saltar 30% até o fim de 2025, mas sem rali de fim de ano, afirma André Lion. Essas são as 5 ações favoritas da Ibiuna para investir agora
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, o sócio da Ibiuna abriu quais são as grandes apostas da gestora para o segundo semestre e revelou o que poderia atrapalhar a boa toada da bolsa
Cinco bancos perdem juntos R$ 42 bilhões em valor de mercado — e estrela da bolsa puxa a fila
A terça-feira (19) foi marcada por fortes perdas na bolsa brasileira diante do aumento das tensões entre Estados Unidos e o Brasil
As cinco ações do Itaú BBA para lucrar: de Sabesp (SBSP3) a Eletrobras (ELET3), confira as escolhidas após a temporada de resultados
Banco destaca empresas que superaram as expectativas no segundo trimestre em meio a um cenário desafiador para o Ibovespa
Dólar abaixo de R$ 5? Como a vitória de Trump na guerra comercial pode ser positiva para o Brasil
Guilherme Abbud, CEO e CIO da Persevera Asset, fala sobre os motivos para ter otimismo com os ativos de risco no Touros e Ursos desta semana
Exclusivo: A nova aposta da Kinea para os próximos 100 anos — e como investir como a gestora
A Kinea Investimentos acaba de revelar sua nova aposta para o próximo século: o urânio e a energia nuclear. Entenda a tese de investimento
Entra Cury (CURY3), sai São Martinho (SMTO3): bolsa divulga segunda prévia do Ibovespa
Na segunda prévia, a Cury fez sua estreia com 0,210% de peso para o período de setembro a dezembro de 2025, enquanto a São Martinho se despede do índice
Petrobras (PETR4), Gerdau (GGBR4) e outras 3 empresas pagam dividendos nesta semana; saiba quem recebe
Cinco companhias listadas no Ibovespa (IBOV) entregam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas na terceira semana de agosto
Howard Marks zera Petrobras e aposta na argentina YPF — mas ainda segura quatro ações brasileiras
A saída da petroleira estatal marca mais um corte de exposição brasileira, apesar do reforço em Itaú e JBS
Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana
A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?
Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda
Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema
Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?
Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital
TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso
Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos
Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?
Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)
FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa
Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos
“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’
Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3