Nubank está caro? Empiricus recomenda short no roxinho e vê potencial de queda de 70% de NUBR33
Casa de análise recomenda posição vendida nos BDRs do banco digital e considera seu valuation atual “inaceitável”. Potencial de queda do papel seria de 70%
Não é segredo para ninguém que o Nubank, embora seja uma empresa bastante admirada por clientes, competidores e analistas, chegou ao mercado de capitais por um preço um tanto... salgado.
Avaliado por mais de US$ 40 bilhões na sua estreia na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) - um valor superior ao do Itaú, então maior banco da América Latina -, o roxinho foi considerado caro por muitos analistas e gestores, apesar das perspectivas otimistas de todos com a companhia.
Ainda assim, muita gente com bala na agulha resolveu dar um voto de confiança para a fintech e embarcar no seu IPO (oferta pública inicial de ações), o que fez com seus papéis saíssem pelo topo da faixa indicativa, aos US$ 9, e estreassem em alta.
De lá para cá, as ações do Nubank (NU) acumulam queda de mais de 13% desde o início das negociações em dezembro; já os BDRs, recibos de ações negociados na B3 sob o código NUBR33, acumulam baixa de cerca de 8%.
E, na opinião dos analistas da Empiricus, essa queda é só o começo. Para eles, as ações do Nubank ainda estão caras, e não só devem cair mais - para se adequar ao seu preço justo - como o investidor pode apostar dinheiro nisso.
A casa de análise, que faz parte do mesmo grupo empresarial do Seu Dinheiro, emitiu um relatório, nesta quarta-feira (19), recomendando uma operação short (vendida) em Nubank.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Esse tipo de transação que permite ao investidor apostar (e ganhar dinheiro) com a desvalorização de um papel. Em outubro do ano passado, por exemplo, a Empiricus já havia recomendado uma operação short em TC (TRAD3), o antigo TradersClub, e desde então as ações já caíram cerca de 28%.
O relatório começa destacando o ambiente desafiador para os negócios neste ano de 2022: um cenário de juros em alta no Brasil e no exterior, inflação que deve se manter pressionada - dados os preços crescentes das commodities, como o petróleo - e crescimento baixo no Brasil, com possível perda adicional de renda para a população.
"Aos preços atuais, as ações da fintech ainda negociam por impressionantes 115 vezes seus lucros projetados para 2023. Nesse mercado um tanto quanto agressivo, esse valuation é inaceitável", diz o texto assinado pelos analistas João Piccioni, Felipe Miranda, Fernando Ferrer e Larissa Quaresma.
A tese por trás do short do Nubank
A tese de aposta na queda das ações do Nubank se baseia em quatro pontos:
- Dificuldade na monetização dos usuários: o Nubank tem uma receita por usuário 14 vezes menor que a dos grandes bancos brasileiros (considerando só as pessoas físicas) e tem exposição muito maior a um público jovem e de baixa renda, justamente o mais afetado pelo ambiente econômico desafiador;
- Provável necessidade de capital: o Nubank precisaria de novos aportes de capital dos sócios para aumentar sua concessão de crédito na velocidade necessária para justificar seu valuation atual, o que pode diluir a participação dos acionistas e derrubar o preço da ação;
- Potencial aumento da inadimplência: o Nubank tem mantido a inadimplência abaixo da média do sistema bancário brasileiro, mas isso pode se dever à velocidade da concessão de crédito. A grande exposição a um público mais jovem e de renda mais baixa pode resultar numa inadimplência maior quando essa velocidade normalizar;
- Valuation excessivo: o valor de mercado atual pressupõe um retorno sobre o patrimônio líquido de 30% (muito superior ao retorno dos bancões atualmente) e um lucro líquido de R$ 11 bilhões em 2026. Para isso, a execução precisaria ser perfeita, sem erros, dizem os analistas. Para a Empiricus, o valor justo do Nubank estaria em torno de R$ 54 bilhões, e não dos R$ 200 bilhões atuais.
Veja bem, não é que a casa de análise acredite que o banco digital vai se sair mal nos negócios; pelo contrário, dada a excelente execução da companhia até agora, os analistas usaram premissas otimistas na sua avaliação - um lucro líquido de R$ 6 bilhões em 2026 e um retorno de 23%, maior que o do Santander, banco brasileiro mais rentável atualmente. Ainda assim, chegaram a um valor justo 72% abaixo do valor atual para a companhia.
Sob a perspectiva dos múltiplos, a casa também considera o Nubank caro, em comparação aos seus pares nacionais. Enquanto o roxinho é negociado a US$ 743 por usuário, o Inter é negociado a US$ 238, e o Pan, a US$ 137.
"Essas contas nos apontam que o preço justo do BDR de Nu (NUBR33) está mais perto dos R$ 2 do que dos atuais R$ 7", diz o relatório. Em outras palavras, um potencial de perda de cerca de 70%.
Nubank vs. bancões
Os bancos tendem a se beneficiar de juros em alta, mas segundo o relatório da Empiricus, isso é mais verdade para os grandes bancos tradicionais, já estabelecidos, do que para uma fintech cuja carteira de crédito ainda está na fase inicial de crescimento.
Nesse sentido, os juros em alta devem resultar em um crescimento mais fraco para o Nubank, fora a sua exposição maior a um público mais suscetível às mazelas da inflação e da perda de renda com o crescimento econômico baixo.
Assim, os analistas da Empiricus recomendam, na verdade, uma operação long & short, com venda de Nubank e compra de um bancão tradicional - no caso, do Banco do Brasil (BBAS3), dado seu valuation descontado. O banco estatal é atualmente negociado a apenas quatro vezes os lucros e abaixo do seu valor patrimonial.
O próprio Felipe Miranda explicou as razões para o short nos papéis do Nubank em uma transmissão ao vivo, que você conferir abaixo na íntegra:
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
