Com o aumento da concorrência e a piora do cenário macro, as ações da Cielo (CIEL3) estão longe das suas máximas e colecionam diversas cicatrizes dos últimos anos difíceis.
As quedas das margens sequenciais e a perda significativa de fatia de mercado deixou os analistas menos otimistas com os papéis – segundo levantamento feito pela plataforma Trademap, das 14 recomendações computadas, apenas duas são de compra.
Depois de passar os últimos cinco anos alternando entre indicações de venda e neutra, os analistas do JP Morgan passaram a ver as ações da empresa de maquininhas como uma boa oportunidade de compra.

Isso porque a companhia tem sido eficaz no repasse do aumento de custos e tem mantido suas despesas e sua fatia do mercado sob controle. Além disso, o banco americano espera que a companhia consiga distribuir dividendos que representem cerca de 40% da receita total após a venda e gestão de subsidiárias que impactam negativamente o balanço.
Com isso em mente, os analistas do JP Morgan passaram a recomendar a compra dos papéis CIEL3, com um preço-alvo de R$ 5, um potencial de alta de 37%, ainda bem longe das máximas do papel. Nesta quinta-feira (26), os papéis reagiram com um forte avanço de mais de 10%.
O que mudou na Cielo?
Confira os principais gatilhos para a mudança de atitude dos analistas do JP Morgan com relação aos papéis da Cielo:
- Depois das fortes perdas de participação de mercado dos últimos anos, o ritmo de queda parece ter se estabilizado, o que deve ter impacto positivo nas receitas dos próximos trimestres. Nos últimos três balanços divulgados, a empresa de maquininhas sustentou a faixa dos 26%.
- A forte alta da Selic do último ano passou a demandar um reajuste nos preços dos serviços oferecidos, uma movimentação difícil de ser realizada diante do cenário econômico complicado e forte pressão inflacionária. A Cielo, no entanto, mostrou que está conseguindo levar adiante a sua estratégia de reprecificação, o que deve levar a um crescimento da receita nos próximos meses.
- A alta dos juros tende a castigar empresas de crescimento com grande exposição ao setor de tecnologia, mas a Cielo está se comportando bem diante do cenário. Para os analistas do JP Morgan, os custos seguem sob controle, em um patamar melhor do que outros concorrentes
- A venda da subsidiária Merchant e-Solutions tem sido um gatilho importante para a recuperação dos papéis em 2022, e o banco americano acha que ainda existem muitos frutos a serem colhidos dessa operação, como o menor impacto negativo das operações no balanço e a possibilidade de que a Cateno, uma joint venture da Cielo com o Banco do Brasil, possa ser corretamente precificada. Hoje, a Cateno sozinha vale cerca de R$ 9 bilhões, quase a mesma coisa que o valor de mercado total da Cielo – cerca de R$ 10 bilhões.