Que a inflação não está dando sossego para nenhum negócio, não é novidade. E para o setor de construção não poderia ser diferente —, mas, como diz o título desta matéria, parece que já é possível enxergar uma luz para o segmento, em especial a MRV (MRVE3).
As ações da tradicional incorporadora mineira, por exemplo, subiram 6,42% nesta quinta-feira (7), a R$ 9,12, e ficaram entre as maiores altas do Ibovespa hoje. E, entre os fatores que ajudaram a dar uma forcinha para os papéis, está o reforço da visão positiva do Itaú BBA para a empresa.
O banco possui recomendação de compra para as ações da MRV e reiterou a posição da companhia como a sua favorita nesse segmento. Com uma desvalorização de 40,69% nos últimos 12 meses, os papéis MRVE3 estão muito baratos na visão dos analistas do banco.
Vale destacar que, apesar da inflação pressionar os ganhos das construtoras e incorporadoras em geral, a margem das vendas da MRV têm subido todos os meses.
Além disso, outro ponto que também favorece a construtora é a diversificação dos negócios: entre as subsidiárias da MRV, há a Resia — antiga AHS, a incorporadora do grupo nos EUA —; a Luggo, de aluguel de apartamento; e a Urba, de loteamentos.
MRV (MRVE3): riscos — e oportunidades — no horizonte
No entanto, a piora do cenário econômico, inflação descontrolada e juros provocam o medo de que os papéis da MRV (MRVE3) caiam ainda mais nos próximos meses.
O relatório confirma que o contexto é mesmo duro para as construtoras: “Não tenham dúvidas: as construtoras brasileiras estão altamente descontadas, e os investidores podem obter retornos razoáveis com o setor, mas ainda não é o momento para dizer que elas atingiram o fundo (do poço).”
Mas uma corda pode ser jogada em breve para a MRV e as demais construtoras: as revisões do programa Casa Verde Amarela, que estão previstas para acontecer nos próximos dias.
Se as mudanças forem aprovadas, as incorporadoras que atuam no setor de baixa renda poderão aumentar os preços das habitações em até 18%, o que contribuirá para a aceleração da recuperação de margens brutas.
Outros fatores positivos, também vêm das mudanças estruturais do programa, segundo o Itaú BBA. Veja abaixo:
- Prazos de empréstimo estendidos de 30 anos para 35 anos;
- Aumento da capacidade de alavancagem por meio da inclusão de contribuição do FGTS de 8%, permitindo uma recuperação mais sustentável de resultados;
- Aumento de subsídios;
- Taxas mais baixas.
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Como fica se tudo der certo?
Os analistas acreditam que, se todas as mudanças potenciais forem transferidas para os preços de vendas, as margens brutas das construtoras de baixa renda, incluindo a MRV (MRVE3), podem aumentar em até 7,9%, considerando a construção plana e os custos da terra.
O cenário aceleraria o processo de recuperação para essas companhias e traria as margens de volta aos níveis vistos antes do forte aumento dos custos de construção em 2021.
Contudo, o Itaú BBA alerta que a perspectiva só terá resultado no longo prazo. Com o cenário macro novamente positivo, as ações podem dobrar ou até triplicar de valor, como visto em 2018 e 2019.
Os analistas ainda defendem que todas as empresas do setor podem se beneficiar dessas mudanças. No curto prazo, os papéis mais recomendados são os expostos ao segmento de baixa renda, como Direcional (DIRR3), Cury (CURY3) e Plano & Plano (PLPL3), além da própria MRV.
Para o banco, os investidores estão perdendo ganhos potenciais nas ações focadas na baixa renda descontadas e com expectativas de lucros e “catalisadores” atraentes de curto prazo.