Em muitos momentos, o mercado financeiro global sofre de uma certa "síndrome de Poliana”. A clássica personagem criada por Eleanor H. Porter é famosa por sempre encontrar o lado bom em situações adversas, com tendência a uma positividade crônica.
Na maior parte das vezes, a defasagem entre a realidade e o projetado leva alguns dias ou semanas para ser notada, mas hoje ela veio de forma muito mais rápida.
Nos Estados Unidos, a inflação atingiu o maior patamar em 41 anos, mas o mercado decidiu olhar apenas para os poucos sinais positivos que poderiam ser extraídos do número – o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou apenas 0,3%, levando a uma leitura de que o pico da elevação dos preços está próximo e o Federal Reserve não deve seguir com o plano de acelerar a elevação dos juros. O resultado foi as bolsas globais renovando máximas.
Mas não foi preciso esperar a próxima comunicação oficial do banco central americano para que o mercado levasse um belo banho de água fria. Lael Brainard, indicada para a vice-presidência do Fed, fez questão de lembrar que a inflação segue em patamares muito altos e que a guerra na Ucrânia continua gerando pressões inflacionárias significativas.
Para o mercado, ficou bem claro que o cenário ainda é de grande dificuldade e não teve como manter o apetite por risco visto na parte da manhã. As bolsas americanas fecharam no vermelho e o Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,69%, aos 116.146 pontos.
Com o petróleo acelerando para uma alta de 6% devido ao risco de uma queda na demanda global, o dólar à vista ainda conseguiu segurar uma tendência de queda no Brasil e encerrou a sessão com um recuo de 0,29%, a R$ 4,6767. O mercado de juros voltou a acelerar a alta.
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,07% | 13,10% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 11,96% | 11,98% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,72% | 11,72% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,68% | 11,65% |
Dados do dia
O principal destaque do dia foi a muito aguardada inflação dos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 1,2% em março nos Estados Unidos, levando ao maior acúmulo anual em 41 anos. Ainda assim, o mercado reagiu positivamente após analisar que o núcleo do CPI foi de "apenas" 0,3%, quando a expectativa era de 0,5%.
O IBGE divulgou nesta manhã que o volume de serviços de fevereiro caiu 0,2% no mês, abaixo do piso das estimativas do Broadcast de alta de 0,3%. Em relação aos últimos 12 meses, houve elevação de 7,4%, dentro da faixa prevista de 6,1% até 13,0%
Commodities em alta
O petróleo, que fechou em queda de mais de 4% na sessão de ontem, hoje avançou mais de 6%. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduziu a sua previsão de aumento da demanda global para 2022, pressionando mais uma vez a cotação da commodity.
Entre os fatores citados pela entidade está a nova onda de covid-19 que obriga a China a realizar novos lockdowns e a guerra na Ucrânia.
Sobe e desce do Ibovespa
A prévia operacional do Banco Inter (BIDI11), divulgada na noite de ontem, não agradou o mercado. Dentre os números, o crescimento da inadimplência foi o que mais chamou a atenção dos investidores. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 16,74 | -8,32% |
CASH3 | Meliuz ON | R$ 2,09 | -5,00% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 20,79 | -4,55% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 18,78 | -3,99% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 8,27 | -3,50% |
Na primeira etapa do pregão, as empresas de tecnologia e varejo aproveitaram para recuperar parte das perdas recentes. Embora o fôlego do Ibovespa não tenha se mantido até o final, algumas empresas seguraram o desempenho positivo. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
COGN3 | Cogna ON | R$ 2,78 | 4,12% |
CIEL3 | Cielo ON | R$ 3,61 | 4,03% |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 14,14 | 3,21% |
ASAI3 | Assaí ON | R$ 16,45 | 2,81% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 28,70 | 2,14% |