Ibovespa supera cautela e sobe 0,56%, de olho em discurso de Powell; dólar fica estável

Desde segunda-feira (22) os investidores só possuem um desejo em mente — a chegada da sexta-feira (25). A razão, no entanto, está longe de uma expectativa pelo descanso do fim de semana, mas sim pelo discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em um dos eventos mais importantes do ano. 

Nos últimos dias, a cautela tem feito com que os mercados andem com movimentos limitados. No Brasil, essa tendência persistiu, com o Ibovespa avançando 0,56%, aos 113.531 pontos e o dólar à vista encerrando a sessão em leve alta de 0,02%, a R$ 5,1121, mas nos Estados Unidos o esquenta para o grande evento da semana já começou. 

O simpósio de Jackson Hole, que reúne os principais banqueiros centrais do mundo, pode ser a oportunidade perfeita para que os dirigentes do Fed deem dicas dos próximos passos da política monetária do país. 

Ao longo desta quinta-feira (25), alguns dirigentes já deram declarações em defesa de um ajuste mais rápido e prolongado na taxa de juros, mas as palavras acabaram se misturando com a divulgação de dados econômicos que mostram um cenário misto para a atividade econômica. 

Pelo menos por ora, os números mostraram que uma recessão iminente não parece ser uma realidade, o que trouxe apetite por risco de volta ao jogo. O Nasdaq avançou 1,67%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones tiveram alta de 1,41% e 0,98%, respectivamente.

Esquenta para Jackson Hole

Conhecido como um dos dirigentes mais pró-aperto monetário do Federal Reserve, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou hoje que acredita que a taxa de juros deve ficar entre 3,75% e 4,00%.

De acordo com Bullard, o melhor caminho seria acelerar a alta de juros para chegar mais rapidamente ao nível esperado e reforçou que há o risco de que o BC tenha que manter a taxa básica em nível elevado por mais tempo como forma de controle da inflação.

Patrick Harker, do Fed da Filadélfia, também falou ao longo do dia e defendeu que os juros permaneçam em patamar restritivo por algum tempo, o que pode indicar uma atuação mais branda no aperto monetário, mas uma continuidade por um tempo superior ao precificado pelo mercado. 

Indicadores do dia

Nos EUA, o Departamento do Comércio informou, em nova revisão, que o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,6% na segunda leitura do 2º trimestre, ante a previsão de recuo de 0,9%, divulgada em julho. Ainda será realizada uma terceira revisão em setembro.

O PIB americano já havia encolhido 1,6% no primeiro trimestre. O dado de hoje confirma que os EUA estão em recessão técnica — quando uma economia registra recuos na produção econômica em dois  trimestre consecutivos.

O Departamento do Comércio também informou que o índice de preços de gastos de consumo (PCE) — medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed) — teve variação de +7,1% entre abril e junho.

Sobe e desce do Ibovespa

Assim como nos últimos dias, o setor de varejo e consumo seguiram mostrando apetite para recuperação. Ao longo do dia, as ações da Alpargatas (ALPA4) dispararam mais de 1%, refletindo uma melhora de perspectiva para a economia chinesa diante da atuação do governo para estimular a economia — a companhia possui um braço importante no país. Confira as maiores altas do dia no Ibovespa:

Com o apetite por risco prevalecendo, as empresas do setor de energia passaram por um movimento de realização de lucros. Confira também as maiores quedas da sessão:

Compartilhe