Conforme as incertezas sobre a realidade da economia americana se acumulam, as vésperas da decisão de política monetária do Federal Reserve tendem a ser ainda mais tensas do que seriam em um momento de maior estabilidade.
Amanhã, o Federal Reserve deve elevar a taxa de juros americana em 0,75 ponto porcentual, repetindo a dose do último encontro, e ser mais claro com relação às chances de uma recessão de fato se tornar realidade. Hoje, no entanto, a temporada de balanços serviu quase como um spoiler indesejado.
A gigante Walmart refez suas projeções para o segundo trimestre e para todo o ano de 2023, citando a escalada dos preços dos alimentos e dos combustíveis como um catalisador para a mudança de comportamento dos clientes.
Com a confirmação de que o setor varejista deve sentir os primeiros efeitos da desaceleração, as bolsas de Nova York tiveram um dia de forte queda — o Nasdaq, maior prejudicado, recuou 1,87%.
Apesar da prévia de inflação brasileira ter mostrado uma alta menor do que o esperado, o setor varejista local sentiu o “efeito Walmart” e viu os seus principais nomes ampliarem as fortes perdas do ano. Nem mesmo um novo pico de alta das commodities conseguiu evitar que o Ibovespa cedesse ao movimento.
O principal índice da bolsa brasileira teve queda de 0,50%, aos 99.771 pontos, muito por conta da desaceleração das ações da Petrobras (PETR4). No câmbio, apesar da instabilidade, o dólar à vista recuou 0,38%, a R$ 5,3492, acompanhando o alívio no mercado de juros.
Inflação tira o pé do acelerador
O IBGE divulgou nesta manhã o IPCA-15 de julho, considerado uma prévia da inflação oficial. O índice subiu 0,13%, abaixo da mediana das projeções de 0,16% e dentro do intervalo das estimativas.
O indicador acumula alta de 5,79% em 2022 e avança 11,39% em 12 meses, progressão menor do que a esperada de 11,41% para o período, de acordo com as projeções do Broadcast. Em junho, a leitura havia sido de 0,69% na base mensal e 12,04% na comparação anual.
A surpresa positiva com a evolução da inflação chegou a impulsionar os ativos na parte da manhã. Embora o clima não tenha persistido na bolsa, o câmbio e o mercado de juros se ajustaram aos números melhores do que o esperado. Confira o desempenho dos principais contratos de DI:
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,90% | 13,83% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 13,21% | 13,04% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 13,11% | 12,94% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 13,13% | 12,96% |
Sobe e desce do Ibovespa
Apesar de a Petrobras (PETR4) ter desacelerado os ganhos após o petróleo inverter o sinal e passar a cair, a companhia ainda figurou entre as maiores altas do dia. Já a JBS (JBSS3) avançou com boas perspectivas para o balanço do segundo trimestre. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
JBSS3 | JBS ON | R$ 32,60 | 3,10% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 33,79 | 1,44% |
ENBR3 | Energias do Brasil ON | R$ 21,94 | 1,15% |
POSI3 | Positivo Tecnologia ON | R$ 6,42 | 1,10% |
FLRY3 | Fleury ON | R$ 15,16 | 1,07% |
Com o fiasco das novas projeções do Walmart, as varejistas também sentiram o peso do futuro aqui no Brasil, mesmo com a prévia da inflação mostrando uma aceleração menor do que a esperada pelo mercado.
O setor de saúde também teve uma sessão de perdas, puxada pelos papéis da Qualicorp (QUAL3). A empresa teve os seus papéis rebaixados pelos analistas do Citi, um movimento que deflagrou um processo de reprecificação em outros nomes do setor.
Confira também as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 9,22 | -7,80% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 2,60 | -6,81% |
VIIA3 | Via ON | R$ 2,36 | -6,35% |
BPAN4 | Banco Pan PN | R$ 6,40 | -5,88% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 14,73 | -5,39% |