Depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a Selic a 13,75% ao ano e deixou claro que, caso uma nova elevação ocorra, será apenas um ajuste residual, o mercado financeiro comprou a ideia de que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim e já começa a sonhar até mesmo com um corte de juros. Os efeitos são sentidos no Ibovespa.
Amanhã pode ser um dia decisivo para que os analistas ajustem as suas projeções para os próximos meses. Isso porque teremos a divulgação de novos dados de inflação e a ata do último encontro do BC — que deve dar mais dicas de como os diretores enxergam a economia brasileira.
O forte alívio visto na curva de juros puxou as empresas dos setores mais ligados ao consumo local, mas essa não foi a única boa onda surfada pelos investidores nesta segunda-feira (08). Confira o comportamento do mercado de juros:
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,72% | 13,77% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 11,77% | 12,13% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,57% | 11,98% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,59% | 12,01% |
O apetite por risco ganhou um empurrãozinho das commodities. Com a alta do petróleo e do minério de ferro, o Ibovespa alcançou o seu maior nível em mais de dois meses, a 108.402 pontos — alta de 1,81%, o quinto pregão seguido de avanço. O forte fluxo de capital estrangeiro para as principais empresas da bolsa levou o dólar à vista a recuar 1,04%, a R$ 5,1229.
Em Nova York, o dia até começou no azul, mas a preocupação com os efeitos de uma crise diplomática maior dos EUA com a China fez com que o humor se deteriorasse ao longo do dia. O Nasdaq e o S&P 500 tiveram queda de 0,1%, enquanto o Dow Jones mostrou leve avanço de 0,09%.
Sobe e desce do Ibovespa
No geral, o setor de consumo foi um grande favorecido na sessão desta segunda-feira, acompanhando o movimento visto na curva de juros.
Empresas do segmento de saúde também se beneficiaram de informações divulgadas pela Agência Nacional de Saúde (ANS).
De acordo com a entidade, a Hapvida adicionou 122 mil novas vidas no mês de junho após aumentar a venda de planos corporativos. No trimestre, a expectativa é de 240 mil novos clientes.
As companhias aéreas também tiveram um dia positivo. Além da melhora no cenário macro e da queda do dólar, a Azul (AZUL4) divulgou números operacionais melhores do que o esperado. Confira as maiores altas do dia no Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
RDOR3 | Rede D'Or ON | R$ 35,97 | 6,61% |
SULA11 | SulAmérica units | R$ 26,18 | 6,47% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 10,62 | 6,41% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 14,22 | 6,12% |
HAPV3 | Hapvida ON | R$ 6,83 | 5,89% |
Ao longo do dia, Magazine Luiza (MGLU3) e Petz (PETZ3) foram algumas das companhias que aproveitaram para se recuperar de parte das perdas anuais. No caso das varejistas, a semana será marcada pela divulgação dos balanços do segundo trimestre, mas o olhar dos investidores está voltado para a curva de juros.
Na ponta contrária da tabela, frigoríficos como JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) operaram na lanterna. Além da forte queda do dólar, o que prejudica exportadores, as empresas repercutem um balanço pior do que o esperado de companhias do setor de proteínas nos Estados Unidos.
Tanto a JBS quanto a Marfrig são empresas com forte exposição ao mercado americano, o que leva os analistas a reajustarem as expectativas para os números do segundo trimestre. Confira as maiores quedas do Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
JBSS3 | JBS ON | R$ 30,06 | -3,28% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 8,70 | -2,47% |
MRVE3 | MRV ON | R$ 11,22 | -1,49% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 13,22 | -1,49% |
ENEV3 | Eneva ON | R$ 15,46 | -1,15% |