Com a crise entre Ucrânia e Rússia ainda no radar e a expectativa crescente para a reunião de política monetária do Federal Reserve, a ser realizada na próxima quarta-feira (26), o dia tinha tudo para terminar como ontem: com o Ibovespa no vermelho.
O principal índice da B3 começou mesmo a terça-feira (25) em queda e a manhã foi marcada pela volatilidade nos negócios. Mas, ao longo da tarde, o Ibovespa virou definitivamente o sinal e se firmou em terreno positivo.
Mesmo pressionado por mais um dia negativo em Nova York, o índice seguiu pelo caminho oposto ao da segunda-feira (25) e encerrou o pregão no melhor nível desde outubro de 2021, com alta de 2,10%, aos 110.203 pontos.
Boa parte desse movimento ainda segue o ritmo da semana passada, com entrada de recursos estrangeiros alocados em papéis considerados baratos, do ponto de vista do investidor global. A performance também é amparada pelo desempenho positivo das commodities.
Já as bolsas norte-americanas não conseguiram repetir o feito do primeiro pregão da semana e reverter a queda na reta final do dia.
Por lá, pesou a tensão pré-Fed. O mercado espera que a autoridade monetária sinalize uma alta de juros para a reunião de março e indique os próximos passos do tapering, a retirada de estímulos monetários da economia.
Mas os investidores também temem surpresas negativas, como um discurso ainda mais duro da autoridade monetária contra a inflação. O Dow Jones chegou a subir durante a tarde, mas terminou a sessão em leve queda de 0,19%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq recuaram 1,22% e 2,88%.
Na Europa, as principais bolsas tiveram um dia de recuperação parcial, depois de terem desabado ontem. O índice pan-europeu Stoxx 600, que reúne as principais empresas do continente, recuou quase 4% na segunda-feira, mas hoje fechou em alta de 0,71%.
Os índices do velho continente chegaram a balançar com a abertura negativa em Wall Street - e também permaneceu no radar a crise entre Ucrânia e Rússia - mas se recuperaram, e fecharam majoritariamente em alta.
O dólar à vista, por sua vez, continuou sua trajetória de alta na abertura, mas logo virou para queda, e fechou o dia em recuo de 1,24%, a R$ 5,435, puxando para baixo as ações de exportadoras brasileiras.
Por aqui, os juros futuros operaram mistos, depois de terem começado o dia em alta. Veja como foi o desempenho dos principais vencimentos:
- Janeiro/23: alta de 0,13%, para 11,835%;
- Janeiro/25: queda de 0,61%, para 11,03%;
- Janeiro/27: queda de 0,29%, para 11,17%
Federal Reserve
Nesta quarta-feira (26), o Federal Reserve, o Banco Central americano, decide os próximos passos da sua política monetária. A expectativa dos mercados é de que o Fed mantenha os juros inalterados, sinalize a primeira alta das taxas para a reunião de março e indique a próxima etapa do tapering, o processo de retirada de estímulos da economia.
O temor é de que venha por aí alguma surpresa, no sentido de que a alta de juros ou a retirada de estímulos possam ser mais intensas ou mais rápidas do que o atualmente esperado.
De acordo com as projeções de especialistas ouvidos pelo Yahoo! Finance, o Fed deve elevar os juros mais duas ou três vezes ainda neste ano, fazendo a taxa atingir o 1% até o final de 2022.
Mas de acordo com um relatório do Goldman Sachs, para que o BC americano consiga controlar a inflação, os juros devem subir até cinco vezes ainda neste ano.
Risco fiscal segue no radar
Os mercados domésticos continuam de olho no risco fiscal, após a sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro e com a proposta do governo de cortar impostos federais para reduzir os preços dos combustíveis.
O Orçamento deste ano destina cifras bilionárias para o parlamento, enquanto reduziu o nível de investimentos. Além disso, manteve R$ 1,7 bilhão para reajustes de servidores públicos federais, que o Bolsonaro já havia se comprometido a destinar à classe policial, gerando insatisfação em outras categorias.
Também causa desconforto ao mercado a chamada PEC dos Combustíveis, Proposta de Emenda à Constituição que zera os impostos federais PIS/Cofins dos combustíveis, podendo estender a isenção à energia elétrica.
De acordo com um relatório da XP, o governo central pode perder até R$ 240 bilhões com a aprovação da chamada PEC dos Combustíveis — e o impacto no preço da gasolina será de apenas R$ 0,20, no melhor dos cenários.
Sobe e desce do Ibovespa
Veja as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira:
CÓDIGO | AÇÃO | VALOR | VARIAÇÃO |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 17,45 | +7,52% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 9,09 | +6,44% |
CIEL3 | Cielo ON | R$ 2,18 | +6,34% |
SANB11 | Santander unit | R$ 33,13 | +6,25% |
JHSF3 | JHSF ON | R$ 5,82 | +6,20% |
Veja também as maiores quedas:
CÓDIGO | AÇÃO | VALOR | VARIAÇÃO |
SUZB3 | Suzano ON | R$ 56,71 | -2,59% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 25,41 | -2,04% |
ALPA4 | Alpargatas PN | R$ 28,29 | -1,60% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 27,39 | -1,47% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 23,25 | -0,90% |