Nasdaq cai quase 3% e contamina Ibovespa após ‘recessão técnica’ nos EUA; dólar sobe

Faltando poucas horas para o último debate presidencial antes do pleito do próximo domingo (02), mas o principal evento do dia foi a confirmação de que a economia americana se encontra em recessão técnica. 

A divulgação dos números do Produto Interno Bruto (PIB) americano piorou o humor em Nova York. Antes disso, os investidores já repercutiam as notícias de contenção de gastos de algumas das principais big techs. 

Isso sem falar nas últimas declarações de dirigentes do Federal Reserve, onde fica claro que os juros seguirão subindo até que a inflação mostre sinais de arrefecimento — e, até o momento, esse número é uma incógnita para o Fed e também para o mercado. 

Com um misto de notícias corporativas negativas e temor com a economia, as bolsas em Nova York tiveram um dia tenso. O Dow Jones recuou 1,54%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq tiveram queda de 2,11% e 2,84%, respectivamente.

Apesar do clima de cautela antes da eleição presidencial, o Ibovespa recuou menos do que seus pares no exterior — 0,73%, aos 107.664 pontos. O dólar à vista avançou 0,86%, a R$ 5,3955. 

Recessão técnica

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA encolheu 0,6% no 2º trimestre (3ª leitura), em linha com o previsto pelo mercado, mas indicando que a economia americana está oficialmente em uma recessão técnica. 

No primeiro trimestre, o PIB já havia encolhido 1,6%. O Departamento do Comércio também divulgou o Índice de Gastos com Consumo (PCE, na sigla em inglês, dado utilizado como referência de inflação pelo Federal Reserve (Fed), que ficou em 7,3% na base anualizada. 

O dia também foi marcado por novas declarações de dirigentes do Federal Reserve, mas sem grandes surpresas. Os dirigentes voltaram a repetir que é preciso seguir promovendo ajustes na taxa de juros e que a economia deve ser impactada por isso. 

Com um misto de notícias corporativas negativas e temor com a economia, as bolsas em Nova York tiveram um dia tenso. O Dow Jones recuou 1,54%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq tiveram queda de 2,11% e 2,84%, respectivamente.

De olho no BC

No Brasil, hoje também foi dia de divulgação do Relatório Trimestral de Inflação e de coletiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

Entre os destaques do documento, a autoridade monetária afirmou que o resultado do IPCA — índice de inflação oficial —, até agosto, surpreendeu para baixo as expectativas, o que não ocorria desde o RTI de setembro de 2020. Mas em discurso, Campos Neto voltou a reforçar que caso seja preciso, o BC pode voltar a elevar os juros. 

Em reação, o mercado de juros futuros operou instável, até fechar o dia em queda:

Sobe e desce do Ibovespa

Com o momento adverso ao risco, as empresas que vêm sendo mais penalizadas são as do setor aéreo.  Apesar do barril do petróleo ter recuado no mercado internacional, empresas como a Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e Embraer (EMBR3) são penalizadas pelo forte avanço do dólar. Além disso, o risco de desaceleração global se torna mais uma vez uma pedra no sapato do setor de turismo. 

Varejistas como Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) também recuam forte, acompanhando uma nova inclinação na curva de juros e o ambiente desfavorável ao setor de consumo. Confira as maiores quedas do Ibovespa:

Confira também as maiores altas da sessão, marcada por empresas de perfil mais defensivo:

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