Wall Street afunda e leva Ibovespa na carona; índice brasileiro recua 3,7% na semana, enquanto dólar vai a R$ 5,32

Não foi preciso esperar o clássico happy hour de sexta-feira para que as bolsas americanas passassem por uma ressaca das bravas — daquelas que nenhum dorflex ou banho de água fria curam. 

A forte alta de mais de 2% vista nos principais índices americanos ontem (13) foi surpreendente para um dia marcado pela confirmação de que a inflação local não parece ter nada de passageira. O enjoo causado pela alta volatilidade cobrou o seu preço hoje. 

Em uma semana marcada por diversos indicadores de preços ao produtor e ao consumidor que mostraram que as medidas adotadas pelo Federal Reserve até agora ainda não surtem efeito, o início da temporada de balanços americana foi ofuscada pelo temor de juros cada vez mais altos. 

Apagando completamente os ganhos da véspera e renovando as mínimas dos últimos dois anos, o Nasdaq recuou 3,08%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones apresentaram quedas de 2,37% e 1,34%, respectivamente. 

No Brasil, a semana mais curta foi de perdas de 3,70% no período. O Ibovespa foi influenciado pela cautela internacional — que não contou apenas com a contribuição americana. Na Europa, o recrudescimento da guerra na Ucrânia e a crise financeira-institucional no Reino Unido também fizeram preço. 

Nesta sexta-feira, a queda do principal índice da bolsa foi de 1,95%, aos 112.072 pontos — fortemente influenciada pelo recuo de mais de 3% no preço do barril de petróleo. Já o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,94%, a R$ 5,3227. Na semana, o avanço foi de 2,11%. 

A estrela da festa

Nos últimos dias, foram os indicadores de inflação dos Estados Unidos que comandaram as discussões do mercado. 

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), um dos principais indicadores de inflação dos Estados Unidos, divulgado ontem (13), avançou 0,4% em setembro ante agosto, acima da expectativa de alta de 0,2%.

No comparativo anual, o indicador avançou 8,2% no mês, também acima das projeções dos analistas de 8,1%. A alta acima do esperado levou a uma recalibragem das apostas para a próxima reunião do Federal Reserve — com projeções majoritárias em uma nova elevação de 75 pontos-base nos juros americanos nas próximas duas reuniões. 

Na quarta-feira (12) foi a vez da divulgação da inflação ao produtor. O PPI avançou 0,4% em setembro ante julho e ficou acima do esperado.

Acompanhando o ajuste de alta visto no exterior, o mercado brasileiro de juros futuros terminou a semana em alta. 

Sobe e desce do Ibovespa

As ações da Braskem (BRKM5) descolaram e muito do resto do Ibovespaao longo de toda a semana. 

Os papéis repercutiram novos rumores sobre a possibilidade de venda da fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na companhia. De acordo com informações veiculadas na imprensa, a gestora Apollo teria feito mais uma proposta pela companhia.

Segundo informações da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, a nova oferta da Apollo é de R$ 50 por ação — o que corresponde a um prêmio de 82,4% em relação ao preço das ações BRKM5 no fechamento anterior. 

O negócio incluiria ainda o fechamento do capital da Braskem na B3, para uma posterior reabertura na bolsa de valores de Nova York (NYSE), de acordo com o colunista. Isso levou a petroquímica a acumular ganhos de 30% na semana. Confira:

A retração menor do que o esperado do índice de preços ao consumidor (IPCA) e os dados mistos dos setores de varejo e consumo pesaram sobre as varejistas da bolsa. O setor de saúde também repercutiu o acompanhamento das decisões sobre o piso dos profissionais de enfermagem. Confira também as maiores quedas da semana:

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