Quem é rei, nunca perde a majestade. Essa máxima ainda pode valer para muitas coisas, mas parece que não mais para o dólar.
A moeda norte-americana, que reinou absoluta como a reserva global do mundo por décadas, agora vê as estruturas de seu império abaladas pela concorrência.
Levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que a participação do dólar nas reservas cambiais globais caiu abaixo de 59% no quarto trimestre do ano passado.
E essa não é uma novidade. Segundo o FMI, a tendência de queda vem ocorrendo há duas décadas.
Quem quer levar a coroa do dólar?
Algumas moedas aparecem como candidatas a levar a coroa do dólar como moeda dominante no mundo — embora nenhuma, segundo o FMI, desponte ainda como favorita ou próxima de conseguir esse feito.
A coroa sueca, o won sul-coreano e os dólares australiano e canadense estão nessa lista, dado o interesse dos bancos centrais em reservas não tradicionais.
Ao mesmo tempo, outras moedas de reserva tradicionais que desempenharam um grande papel internacional — incluindo o euro, o iene e a libra — não avançaram.
Além disso, as moedas de economias menores que tradicionalmente não estão em reservas são responsáveis por três quartos da mudança do dólar, segundo o FMI.
A guerra ajuda a destronar o dólar
Não é só o interesse dos bancos centrais em moedas não tradicionais que tem ajudado a reduzir a supremacia do dólar como moeda de reserva global.
Em março, o FMI alertou que as sanções ocidentais contra a Rússia por conta da invasão da Ucrânia poderiam diminuir o domínio do dólar.
E mais: economistas do Fundo indicaram que a guerra também pode levar à adoção de criptomoedas e stablecoins, ainda que haja uma lacuna na regulamentação.
Israel, um exemplo recente
Em abril, o banco central de Israel revelou uma nova estratégia para alocar mais de US$ 200 bilhões em reservas.
A autoridade monetária expandirá as participações para incluir os dólares canadense e australiano, o yuan e o iene.
Segundo dados da Bloomberg, quando isso acontecer, a participação do dólar no banco central de Israel cairá de 66,5% para 61%.