Com o noticiário corporativo agitado e uma perspectiva de melhora no campo macroeconômico as ações dos setores de varejo e consumo andam tendo dias de ganhos expressivos na bolsa e nesta quarta-feira (24) a tendência não é diferente — principalmente após a prévia da inflação indicar que o aperto monetário começa a fazer efeito.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, registrou uma queda de 0,73% em agosto.
É bem verdade que a redução foi menor do que a expectativa dos analistas, mas os investidores preferiram focar no impacto positivo que a interrupção do aperto monetário e uma reconstituição do poder de compra pode trazer para setores mais sensíveis da bolsa.
Com isso, a empresa de turismo CVC (CVCB3) e a varejista Magazine Luiza (MGLU3) se revezam na ponta do Ibovespa, com ganhos de mais de 10%. Na sequência, Via (VIIA3), Positivo (POSI3) e Americanas (AMER3) fecham o top 5 melhores desempenhos do dia. Acompanhe os movimentos do mercado ao vivo.
No caso da última, vale lembrar que os investidores ainda repercutem a chegada do ex-CEO do Santander Brasil, Sergio Rial, ao comando da empresa. Só nesta semana, as ações AMER3 acumulam ganhos superiores a 30%.
Por volta das 12h45, esses eram os principais destaques positivos do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 4,60 | 10,84% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 7,91 | 10,17% |
VIIA3 | Via ON | R$ 3,59 | 9,79% |
POSI3 | Positivo Tecnologia ON | R$ 11,45 | 7,71% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 15,74 | 6,57% |
Inflação: um problema do passado?
Embora a prévia da inflação tenha apresentado o maior recuo desde o início da série histórica e boa parte dos investidores já dão como certo o fim do aperto monetário por parte do Banco Central brasileiro, alguns economistas ainda enxergam algumas tendências negativas e preocupantes na dinâmica de preços do país.
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, o movimento das últimas leituras reflete o impacto de medidas legislativas nos preços administrados — o que impacta diretamente a queda do preço da energia elétrica e dos combustíveis —, e que, quando revertidos devem voltar a pressionar os consumidores, já que não se trata de uma melhora sustentável.
Para a economista, outros elementos do número divulgado nesta manhã também tiram força do processo de recuperação — como uma inflação acumulada nos últimos meses, ainda que seja um período de tradicional deflação sazonal, e a pressão internacional na composição de preços —, o que pode obrigar o Banco Central a repensar a sua política monetária.