Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 5,25% ao ano
Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa agora que o Banco Central elevou a Selic mais uma vez
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1,00 ponto percentual nesta quarta-feira (04), confirmando as expectativas do mercado. Com isso, a Selic passa de 4,25% para 5,25% ao ano.
Na última reunião do Copom, realizada em junho, o Banco Central já havia acenado com uma nova elevação de 0,75 ponto percentual, mas já deixando a porta aberta para uma alta maior, caso necessário. Isso levou o mercado rapidamente a precificar como bastante provável uma elevação de 1,00 ponto.
Parte do mercado ainda via como provável que o BC mantivesse sua previsão inicial de aumento de 0,75, mas a divulgação do IPCA-15 de julho acendeu a luz amarela para as ameaças inflacionárias.
Na ocasião, o índice - considerado a prévia da inflação oficial do mês - foi de 0,72%, dentro do intervalo das estimativas dos analistas compiladas pelo Broadcast, mas acima da mediana de 0,65%.
A inflação prevista para este ano é de 6,79%, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central, já acima do teto da meta para 2021, de 5,25%. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 8,35%. Em razão disso, o mercado prevê novas altas para a Selic nas próximas reuniões e projeta uma taxa de 7,00% no fim do ano.
A recuperação econômica mais forte que o esperado e as pressões inflacionárias estão levando o BC ao aperto monetário, na tentativa de conter o descontrole de preços, mas sem prejudicar excessivamente o crescimento. Afinal, o desemprego continua alto no país.
No vídeo a seguir, eu explico o que é a reunião do Copom e como a definição da Selic afeta a sua vida. Assista:
Vencendo o dragão
No patamar de 5,25% ao ano, a Selic já não perde para a inflação oficial projetada para os próximos 12 meses (de 4,47%, segundo o último Focus), ao contrário do que vinha acontecendo há algum tempo.
No entanto, as aplicações financeiras cuja remuneração é atrelada à Selic ou à taxa DI - taxa de juros que costuma acompanhar a taxa básica - podem ainda ter alguma dificuldade de vencer o dragão, em razão de taxas, spread entre preços de compra e venda e/ou imposto de renda, por exemplo.
Ainda assim, com a continuidade esperada para o ciclo de alta dos juros, a tendência é que o retorno dessas aplicações siga crescendo, enquanto a inflação vá sendo controlada.
Assim, os investimentos conservadores estão voltando a ter rentabilidades atrativas, aumentando sua probabilidade de ganhar da inflação e preservar o poder de compra do investidor. É o caso do Tesouro Selic (LFT), da caderneta de poupança, dos fundos DI e de títulos bancários, como os CDB, LCI e LCA pós-fixados.
Como ficam os investimentos conservadores com a Selic em 5,25% ao ano
Para você ter uma ideia de como o retorno da renda fixa conservadora está neste momento, eu fiz uma simulação de rentabilidade com quatro aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: caderneta de poupança, Tesouro Selic (LFT), fundo de renda fixa e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Considerei Selic constante de 5,25% ao ano e o CDI constante de 5,15%, um pouco abaixo, como costuma acontecer.
Prazo | Poupança | Tesouro Selic | Fundo de renda fixa | LCI 100% do CDI |
3 meses | 0,91% | 0,95% | 0,98% | 1,26% |
8 meses | 2,44% | 2,68% | 2,71% | 3,38% |
1 ano | 3,68% | 4,22% | 4,25% | 5,15% |
2 anos | 7,49% | 8,96% | 8,96% | 10,54% |
Vale frisar aqui que o retorno do Tesouro Selic é um pouco maior do que o que aparece na tabela, pois desde 1º de agosto de 2020, aplicações de até R$ 10 mil nesse título ficaram isentas da taxa de custódia cobrada pela B3, de 0,25% ao ano. Aplicações superiores a este valor sofrem cobrança dessa taxa apenas sobre o que exceder os R$ 10 mil.
Para montar a tabela, eu considerei aportes de R$ 1.000, mas a calculadora do Tesouro Direto, utilizada para fazer as contas do Tesouro Selic, não foi atualizada com os novos parâmetros para a taxa de custódia.
Nos atuais patamares de taxa de juros, o Tesouro Selic ganha da poupança nova em todos os cenários, mesmo quando há cobrança de taxa de custódia e nos prazos mais curtos, quando a alíquota de IR é maior. Como víamos no início do ano, porém, nos patamares mais baixos de Selic isso nem sempre é verdade.
Parâmetros
A poupança atualmente paga 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), que no momento encontra-se zerada. Não tem taxas nem imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário.
Já o Tesouro Selic é um título público que paga, no vencimento, a Selic mais um ágio ou deságio. Se vendido antes do vencimento, o retorno é levemente sacrificado em função de uma diferença entre as taxas de compra e venda do papel (spread), o que pode deixar a rentabilidade inferior à Selic do período.
O rendimento é diário, e há cobrança de IR e de uma taxa de custódia obrigatória de 0,25% ao ano, paga à B3, apenas sobre o que exceder o saldo investido de R$ 10 mil. Na simulação acima, eu considerei, ainda, que a corretora utilizada para operar no Tesouro Direto não cobra taxa de agente de custódia. O título simulado foi o Tesouro Selic com vencimento em 2024.
Para simular o retorno do fundo de renda fixa, considerei um fundo que só invista em Tesouro Selic e não cobre taxas. Supus, portanto, que seu retorno represente a variação do CDI no período menos o imposto de renda. Seria similar, por exemplo, para um CDB, RDB ou conta de pagamentos que pagasse 100% do CDI.
Vale aqui uma observação: os fundos com esse perfil não têm pago 100% do CDI. Sua remuneração tem ficado um pouco abaixo disso. A simulação é apenas ilustrativa.
Por fim, simulei o retorno da LCI porque se trata de um título isento de taxas e de IR. Considerei um papel que pague 100% do CDI (às vezes surge uma dessas por aí), apenas para você ver o que seria receber uma rentabilidade líquida de 100% do CDI.
Escolhi quatro prazos de forma a contemplar as quatro alíquotas de IR possíveis, no caso das aplicações tributadas (Tesouro Selic e fundos). Usei datas reais para poder usar o simulador do Tesouro Direto para calcular o retorno do Tesouro Selic, de modo a incluir a taxa de custódia e o spread nos cálculos no caso de uma venda antes do vencimento.
Para calcular o retorno da poupança utilizei os prazos em meses e anos. Já para simular os retornos do fundo e da LCI, levei em conta o número de dias úteis entre as duas datas reais consideradas em cada prazo.
Retorno da renda fixa permanece baixo
É importante notar, porém, que uma Selic a 5,25% - ou mesmo 6,00% ou 7,00%, como é esperado para o fim do ano - ainda é historicamente baixa para parâmetros brasileiros.
Há não muito tempo, tínhamos taxas de juros de dois dígitos, e assim foi durante a maior parte da era pós-Real.
Como eu mostrei acima, quem permanecer 100% conservador num cenário como esse ainda tem chance de perder da inflação.
A Selic mais alta ainda é baixa o suficiente para não ter tirado totalmente a atratividade dos investimentos com maior risco, seja por terem menor liquidez, seja por terem uma volatilidade mais alta no dia a dia.
Assim, além da parcela conservadora e pós-fixada da carteira - onde deve ficar aplicada a sua reserva de emergência -, o ideal ainda é diversificar em investimentos com mais risco e para prazos mais longos, a fim de obter retornos maiores, superiores à inflação e capazes de multiplicar seu patrimônio.
IPCA confirma deflação em julho, Copom alivia retórica e analistas começam a revisar projeções para a taxa Selic
IBGE registra deflação de 0,68% ante junho, a maior do Plano Real; preços foram puxados para baixo pelos combustíveis
Agenda econômica: ata do Copom, IPCA de julho e inflação no mundo são os destaques da semana; veja o cronograma
Dados de inflação são destaque na agenda econômica, no Brasil e no mundo; por aqui, além do IPCA, também será divulgada a ata do Copom
Copom eleva a Selic em mais meio ponto, a 13,75%, e avisa os passageiros: o avião dos juros está quase em altitude de cruzeiro
Conforme projetado pelo mercado, a Selic chegou a 13,75% ao ano; veja os detalhes da decisão de juros do Copom
Agenda econômica: decisão do Copom e payroll nos EUA são os destaques da semana; veja o cronograma
Os juros no Brasil e o mercado de trabalho nos EUA são os destaques da agenda econômica carregada do início de agosto
O Banco Central adverte: a escalada da taxa Selic continua; confira os recados da última ata do Copom
Selic ainda vai subir mais antes de começar a cair, mas a alta do juro pelo Banco Central está próxima do pico
Voando cada vez mais alto: Copom sobe a Selic em 0,5 ponto, a 13,25%, e dá a entender que os juros continuarão subindo
O Copom cumpriu as expectativas do mercado e reduziu o ritmo de alta da Selic; confira as sinalizações do BC quanto ao futuro dos juros
Greve dos servidores do BC continua e pode afetar a próxima reunião do Copom sobre a Selic
O sindicato dos servidores do BC terá uma nova reunião em 7 de junho; a categoria afirma que as operações via PIX não serão afetadas
Ata do Copom indica alta de 0,50 ponto da Selic em junho, mas deixa fim do ciclo de alta dos juros em aberto
Banco Central confirma que a Selic vai subir menos na próxima reunião, mas o topo da montanha da taxa de juros pode ser ainda mais alto
Copom segue escalando a montanha dos juros e eleva Selic em 1 ponto, a 12,75% ao ano — e continuará subindo rumo ao pico
É a décima alta consecutiva na Selic, que chega no maior patamar desde o começo de 2017; a decisão de juros do Copom foi unânime
Copom deve voltar a subir a taxa Selic amanhã. Conheça fundos imobiliários que podem lucrar ainda mais com a alta dos juros
Uma categoria específica de FIIs tem a rentabilidade atrelada a indexadores que se alimentam tanto da inflação mais salgada quanto do ciclo de aperto nos juros
Leia Também
Mais lidas
-
1
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
2
Após o halving, um protocolo 'surge' para revolucionar o bitcoin (BTC): entenda o impacto do protocolo Runes
-
3
A verdade dura sobre a Petrobras (PETR4) hoje: por que a ação estaria tão perto de ser “o investimento perfeito”?