A XP Investimentos iniciou nesta segunda-feira (28) a cobertura da distribuidora de produtos eletrônicos Allied Tecnologia (ALLD3), definindo a empresa como uma "plataforma de varejo emergindo".
As ações da Allied estrearam na B3 em abril e desde então acumulam alta de 68%. Para a XP, os papéis ainda podem subir 25% em relação ao preço de sexta-feira (25), chegando a R$ 38 — fecharam negociados a R$ 33,25 nesta segunda, em alta de 9,63%.
Segundo os analistas Matheus Soares, Danniela Eiger e Vitor Pini, a companhia está alavancando sua escala e capilaridade nacional para entrar no varejo (físico e digital) direto ao consumidor, o qual é mais lucrativo.
O varejo já representa 25% da receita e 47% do lucro bruto da Allied, "números que devem chegar a 45% e 70% em 2024, respectivamente", dizem os analistas da XP.
Segundo a casa, a empresa tem sido capaz de desenvolver serviços e soluções para melhor servir seus clientes, enquanto explora novos caminhos de crescimento com margens lucrativas dentro de seu ecossistema de varejo.
Entre as soluções estão SAV/Wooza (plataforma de venda de produtos e serviços), Soudi (plataforma digital de crédito e pagamento), Mobcom (vendedor de e-commerce e marketplace) e “iPhone para sempre” (parceria com Itaú e Apple para a venda de iPhones para clientes Itaú).
Os analistas da XP também citam a plataforma omnicanal plugada em seu canal de varejo (lojas físicas integradas às digitais). "Esse ecossistema deve continuar apoiando o crescimento do varejo", dizem.
"Enxergamos um valuation atrativo, uma vez que a empresa está negociando a 11,7x preço/lucro para 2022 com um CAGR [taxa de crescimento anual composta] de lucro estimado em 21,2% entre 2021-24, em linha quando comparado aos distribuidores globais 'puros' (~11x P/L) e bem abaixo dos varejistas locais (a ~26x P/L)".
XP, em relatório
Riscos
Para a XP, a liquidez da ação da Allied é um dos riscos para quem a compra. Até maio, a liquidez média diária era de R$ 1,7 milhão, mas aumentou para R$ 13,8 milhões em junho. Os papéis têm cerca de 13,6% de free float (ações em circulação).
A Allied recebe incentivos fiscais do Compete/ES (incentivo de ICMS de imposto de vendas para operações de atacado e varejo não presentes no Estado do Espírito Santo) — que representa cerca de 0,7% das vendas brutas (ou 27% do lucro líquido de 2020) —, lembram os analistas.
"O benefício é válido até dez/22. Em nossas estimativas, assumimos que os benefícios serão renovados em 2022, mas os retiramos na perpetuidade", diz a XP. Os analistas também citam entre os riscos:
- Concorrência de empresas como Magazine Luiza, Mercado Livre, B2W e Via por meio de marketplaces, apesar de também verem as empresas como parceiras;
- Dependência da expansão da Samsung em meio ao avanço da Huawei no Brasil;
- Riscos de execução associados a M&A e varejo direto ao consumidor.