Os efeitos da pandemia de covid-19 foram mais cruéis com alguns setores da economia, e as academias de ginástica certamente estão neste grupo. Claro que a Smart Fit, maior rede do Brasil, não passou incólume. Agora, enquanto ensaia uma recuperação, a empresa protocolou novo pedido para fazer sua oferta inicial de ações, esperada pelo mercado desde 2018.
Em comunicado, a companhia afirma que ainda vai definir o número de ações e o intervalo de preço. Mas enquanto esta definição não acontece, os movimentos recentes e os últimos balanços podem ajudar os investidores a ter uma noção do que está por vir.
No final do ano passado, a Smart Fit recebeu um aporte de R$ 680 milhões, e começou 2021 com um caixa superior a R$ 1 bilhão. Com os cofres cheio, foi às compras, e em março adquiriu a rede Just Fit, com 27 unidades em São Paulo.
Sobre os resultados, a rede teve prejuízo de R$ 144,7 milhões no primeiro trimestre deste ano, depois das perdas de R$ 88,7 milhões nos últimos três meses de 2020. Antes dos efeitos mais severos da pandemia, entre janeiro e março do ano passado, a companhia teve lucro de R$ 16,9 milhões.
Mas quando se olha além do resultado final, é possível perceber que os indicadores operacionais estão em recuperação. O Ebitda ajustado, que chegou a ficar negativo em R$ 126 milhões no segundo trimestre de 2020, reverteu a tendência com resultado positivo de R$ 8 milhões no quarto trimestre, e no início deste ano, chegou a R$ 21 milhões.
Mesmo com as turbulências, a empresa aumentou sua rede de academias, tanto no Brasil quanto em toda a América Latina. Em um ano, o número de unidades passou de 860 para 929.
Os números de abertura de academias revelam também o reforço da estratégia de internacionalização. O total de unidades na América Latina, com exceção de Brasil e México, cresceu 14,4% em um ano, contra 7,4% e 8,9% nos outros dois países.
Um ponto de atenção é que a melhora do Ebitda foi provocada principalmente pelo controle de despesas e dos custos dos serviços prestados, com queda de 17,3% neste último indicador em um ano.
Mas a base de clientes, por outro lado, continua em queda. Ao final de março, eram 2,381 milhões de pessoas ativas nas academias da Smart Fit, número 15,6% menor na comparação anual, e 8,1% a menos que em dezembro de 2020.
Para atenuar essa tendência, a empresa aposta nos canais digitais. A base de clientes online foi na contramão da tendência geral, e cresceu 14,6% em três meses até março, chegando perto de 20% do total.
Segundo a própria Smart Fit, essa evolução é resultado da plataforma Queima Diária, que foi lançada no México no primeiro trimestre. No Brasil, o Smart Fit Nutri já conta com a adesão de 63 mil clientes, depois de ter sido relançado durante o terceiro trimestre de 2020.
A segunda onda de covid-19 no Brasil e na América Latina atrasou o processo de recuperação, já que ao final de março, a Smart Fit tinha somente 57% de suas unidades abertas. No entanto, em abril, essa proporção voltou para 93%, o que pode indicar melhores números no segundo trimestre.