O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira, 23, que o câmbio de equilíbrio ainda é "bem abaixo" do patamar atual.
Guedes destacou que o dólar furou R$ 5,00 no fechamento do mercado financeiro na terça-feira (22) pela primeira vez em um ano, mas disse que deve cair mais.
O ministro reforçou que o Brasil foi o único país que fez reformas estruturantes em meio à pandemia.
Guedes também afirmou que os juros curtos estão subindo, mas o longo está controlado, pois o governo manteve a responsabilidade fiscal e tem reduzido gastos, embora tenha ficado "espremido contra a parede" com os golpes contra o teto de gastos.
Eletrobras
Além do câmbio, o ministro também comentou um assunto que movimentou os mercados nos últimos dias.
Guedes confirmou que preferia uma "privatização clássica" da Eletrobras, com a venda pelo preço mais alto e uso dos recursos nas necessidades do país.
Mas, diante das disputas políticas em torno da medida provisória que permitiu a concessão da estatal à iniciativa privada, reconheceu que é "compreensível" que isso não tenha ocorrido.
"Não vamos chorar muito pela Eletrobras porque a meta de liberalização de energia continua", afirmou.
De acordo com o ministro, os "jabutis maiores" foram abatidos de projeto da Eletrobras e sobraram apenas alguns que vão "evaporar por serem menos eficientes".
Jabuti é o termo utilizado para designar assuntos que são incluídos em projetos na tramitação no Congresso e não são relacionados ao tema central.
"A equipe econômica tomou cuidado de não ser arrastada para uma situação desfavorável para indústria brasileira", garantiu o ministro.
E as termelétricas?
Guedes tratou ainda da inclusão na medida da obrigação da contratação de 8 mil MW de termelétricas a gás, mesmo em locais sem o insumo, o que pode onerar a tarifa de energia elétrica.
"Prometemos comprar energia de termelétricas a menos da metade do preço atual. Parece subsídio, mas é uma promessa de comprar pela metade do preço", afirmou.
Guedes disse ainda ser "perfeitamente cabível" deslocar recursos para revitalização do São Francisco e disse que a medida - que atende pleito do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco - era "politicamente incontornável". "Estamos tomando cuidado para não ter choque de custo mesmo em meio a problemas hídricos", completou.
Discurso de campanha
As afirmações do ministro foram feitas em uma live com Josué Gomes e Rafael Cervone, candidatos, em chapa única, à presidência e à primeira vice-presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), respectivamente.
Gomes e Cervone são apoiados pelo atual presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que fez, em seu discurso inicial, campanha para os dois.
O caráter eleitoral também ficou claro nas primeiras declarações de Gomes e Cervone, que convocaram os industriais paulistas à votação, que ocorre dia 5 de julho.
*Com informações do Estadão Conteúdo