BC deve manter Selic a 2% e pode derrubar ‘forward guidance’ nesta quarta
Retirada do instrumento pode vir acompanhada de uma sinalização de que seu fim não tem relação mecânica com o começo do ciclo de aperto monetário

O Banco Central deve manter a Selic a 2% ao ano nesta quarta-feira (20), conforme a expectativa quase unânime do mercado financeiro, com a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) derrubar o forward guidance.
O instrumento foi adotado pela autoridade monetária em agosto do ano passado, em uma tentativa de acalmar o mercado ao indicar que os juros permaneceriam baixos por bastante tempo — naquela altura a taxa básica já estava em 2% ao ano.
Com a trajetória de retomada da atividade e a aceleração da inflação, economistas veem o Copom pressionado a derrubar o forward guidance. No entanto, a retirada do instrumento pode vir acompanhada de uma sinalização de que seu fim não tem relação mecânica com o começo do ciclo de aperto monetário.
Posteriormente, a decisão de voltar a subir os juros dependeria, em especial, das projeções de inflação e do balanço de riscos. Conforme lembra a economista-chefe da gestora Armor Capital, Andrea Damico, pesa para o BC o fato de cada vez mais as decisões têm impacto sobre as expectativas para 2022.
"O BC já tinha dito nos comunicados que as condições favoráveis ao forward guidance estavam em vias de acabar", diz a especialista. "O fundamental é as expectativas no horizonte de política monetária, que cada vez mais estão na meta".
O BC mexe na taxa de juros para alcançar a meta de inflação — definida neste ano em 3,75%, e em 2022 em 3,50%. O efeito da mudança na Selic sobre economia real leva de seis a nove meses para ocorrer.
Leia Também
IPCA confirma deflação em julho, Copom alivia retórica e analistas começam a revisar projeções para a taxa Selic

Peso da inflação
A inflação voltou a chamar a atenção do mercado nos últimos meses de 2020, com a aceleração em especial de itens da sexta básica, fechando o ano a 4,52% — acima do centro da meta, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância.
Para a XP Investimentos, o IPCA acumulado em 12 meses continuará subindo até ultrapassar 6% no meio de 2021. A partir de então, quando os movimentos de 2020 começarem a sair das estatísticas, a inflação deve recuar, diz a corretora em relatório.
A projeção da casa é de inflação a 3,5% em 2021. Para a XP, mesmo com o risco de alta do IPCA neste ano, não haverá pressa para elevar a taxa Selic. "O choque de inflação ainda parece temporário, o desemprego se manterá elevado e a política monetária exercerá um papel maior para sustentar a retomada da economia com a retirada dos programas fiscais".
Segundo a corretora, é preciso ficar atento também para o aumento do risco fiscal, a depender do desfecho da eleição nas casas legislativas. A expectativa da XP é de que a Selic aumente a partir do segundo semestre, terminando o ano a 3%. Já para a Armor, a taxa termina 2021 a 4%.
A mediana das projeções entre 58 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, do Grupo Estado, é de Selic a 3,50% ao final do ano – para todas as casas, a taxa vai permanecer em 2,00% na decisão de hoje. O Relatório Focus, do BC, aponta a Selic a 3,25% no final deste ano.
O sócio da Integral Investimentos, Mauro Rached, diz que a opinião dos analistas sobre esta quarta-feira é quase unânime, entre outras coisas, porque não há pressão externa pelo aperto monetário. Os Estados Unidos, por exemplo, indicaram há pouco tempo que o momento de subir a taxa de juros ainda deve demorar.
Para Rached, pode dar uma sobrevida ao forward guidance a grande capacidade ociosa da economia, o alto desemprego e o fim do auxílio emergencial, ao mesmo tempo em que uma "certa indefinição" no quadro político, o avanço das vacinas e a retomada da confiança possibilitariam uma derrubada da medida — esta última possibilidade é que ele acha mais provável.
Reação do mercado
Rached diz que a reação do mercado à decisão do BC no dia seguinte deve depender do tom do comunicado. Se o discurso no comunicado for mais duro, pode haver uma alta dos DIs [Depósitos Interbancários] de curto prazo e uma queda nos mais longos, segundo o economista.
Na bolsa, seriam prejudicadas no curtíssimo prazo as ações que dependem mais da taxa de juros baixas, como conscessões rodoviárias e alguns setores ligados ao de construção civil, diz. Por outro lado, se o tom for mais suave, pode haver uma desvalorização do real, "devolvendo um pouco da valorização dos ultimos dias", completa.
Voando cada vez mais alto: Copom sobe a Selic em 0,5 ponto, a 13,25%, e dá a entender que os juros continuarão subindo
O Copom cumpriu as expectativas do mercado e reduziu o ritmo de alta da Selic; confira as sinalizações do BC quanto ao futuro dos juros
Greve dos servidores do BC continua e pode afetar a próxima reunião do Copom sobre a Selic
O sindicato dos servidores do BC terá uma nova reunião em 7 de junho; a categoria afirma que as operações via PIX não serão afetadas
Ata do Copom indica alta de 0,50 ponto da Selic em junho, mas deixa fim do ciclo de alta dos juros em aberto
Banco Central confirma que a Selic vai subir menos na próxima reunião, mas o topo da montanha da taxa de juros pode ser ainda mais alto
Copom segue escalando a montanha dos juros e eleva Selic em 1 ponto, a 12,75% ao ano — e continuará subindo rumo ao pico
É a décima alta consecutiva na Selic, que chega no maior patamar desde o começo de 2017; a decisão de juros do Copom foi unânime
Copom deve voltar a subir a taxa Selic amanhã. Conheça fundos imobiliários que podem lucrar ainda mais com a alta dos juros
Uma categoria específica de FIIs tem a rentabilidade atrelada a indexadores que se alimentam tanto da inflação mais salgada quanto do ciclo de aperto nos juros
Servidores do BC retomam greve na próxima semana. A reunião do Copom será afetada?
Os servidores do Banco Central retomam a greve na próxima terça-feira (03), por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia geral
‘Cenário alternativo’ do BC para a inflação gera mais ruídos que acertos, diz gestor
Para CEO e gestor da Parcitas Investimentos, Marcelo Ferman, cenário alternativo do BC é uma aposta arriscada que ele não faria.
O que esperar da Super-Quarta? Como as reações do Copom e do Fed aos desdobramentos da guerra podem influenciar seus investimentos
Em um contexto de inflação acelerada e elevação de juros, os investidores voltam a se posicionar em renda fixa, mas não só
Copom corre risco de desfalques na próxima reunião sobre taxa Selic após Senado adiar sabatina de novos membros da diretoria do BC
A avaliação do mercado é de que a falta de dois dos participantes empobrece o debate a respeito do ritmo de calibração da taxa básica de juros brasileira
Por que o dólar está despencando? Os motivos que explicam o forte alívio no mercado de câmbio
O dólar à vista fechou janeiro na casa de R$ 5,30, acumulando baixa de quase 5% no mês. Entenda o que está mexendo com o real e a taxa câmbio
Com a Selic acima de 10%, quais os próximos passos do BC? O podcast Touros e Ursos debate o futuro da taxa de juros
No podcast Touros e Ursos desta semana, a equipe do SD discutiu o cenário para a Selic e o BC em 2022. Até onde o Copom vai subir os juros?
Renda fixa, o xerifão da zaga, volta ao time titular dos investidores
Descubra como ficará o retorno dos investimentos em renda fixa agora que a Selic foi elevada a 9,25% ao ano pelo Banco Central
Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 9,25%
Aumento da taxa básica dispara gatilho de mudança na forma de remuneração da poupança. Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa agora que o Banco Central elevou a Selic mais uma vez
Selic decola a 9,25%, maior patamar em quatro anos; BC assume tom duro e indica nova alta de 1,5 ponto em fevereiro
Com a nova alta de 1,5 ponto concretizada hoje, a Selic saiu do patamar de 2% em janeiro e fecha o ano em 9,25%
O novo sabor (ruim) da poupança, os mercados à espera do Copom e outros destaques desta quarta-feira
Com decisão do Copom, a regra da poupança vai mudar e a rentabilidade, aumentar; descubra se vale a pena experimentar
AGORA: Ibovespa futuro abre em forte alta e dólar recua com exterior favorável
Mercados continuam sendo beneficiados pelas notícias iniciais referentes à aparentemente baixa letalidade da variante ômicron do novo coronavírus
O melhor do Seu Dinheiro: Como não treinar seu dragão
Com inflação na casa dos dois dígitos, BC não consegue domar os preços e precisa elevar taxa Selic
O reino rentista ressurge no horizonte: o que esperar da decisão de amanhã (e das próximas) do Copom sobre a Selic
Aperto monetário deve perdurar até o fim da primeira metade do ano que vem, quando voltaremos a ter dois dígitos de taxa básica de juro
4 fatos que mexem com o Ibovespa na próxima semana — incluindo Copom e IPO do Nubank
O principal índice acionário brasileiro terá um calendário cheio de eventos e dados econômicos para digerir ao longo dos próximos dias
Copom muda o plano no meio do voo e contrata mais uma alta de 1,5 ponto porcentual da Selic
Confirmação da mudança do ‘plano de voo’ do BC consta da ata da última reunião de política monetária, divulgada hoje pela manhã; se confirmada, taxa básica de juro fechará 2021 a 9,25% ao ano