Copom eleva Selic para 3,5% ao ano e indica aumento semelhante na próxima reunião
Essa é a segunda alta consecutiva da Selic em 0,75 ponto percentual — no começo do ano, a taxa de juros estava nas mínimas históricas, em 2% ao ano

O Banco Central (BC) acaba de confirmar o movimento que já havia sido sinalizado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A autoridade monetária aumentou em 0,75 ponto percentual a Selic, elevando a taxa básica de juros a 3,5% ao ano, nesta quarta-feira (05).
A decisão da 238ª reunião foi unânime. O aumento já estava previsto desde a última reunião, quando o BC iniciou o novo ciclo de ajuste na taxa básica de juros em uma tentativa de reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação, e era esperado pelo mercado.
Essa é a segunda alta consecutiva da Selic em 0,75 ponto percentual - a primeira foi no encontro de março. E não deve ser a última caso os cenários para a atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação se mantenham os mesmos. Na próxima terça-feira (11) a ata da reunião deve trazer maiores informações sobre esses cenários.
O Comitê já deixou sinalizado que deve continuar o processo de normalização "parcial" do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude. No começo do ano, a taxa de juros estava nas mínimas históricas, em 2%.
Perseguindo o dragão
No comunicado, o BC reforçou que acredita que a pressão inflacionária seja temporária, e que os indicadores recentes da atividade da economia mostram uma evolução "mais positiva do que o esperado, apesar da intensidade da segunda onda da pandemia estar maior do que o antecipado". Mas o contrário também não é descartado: caso a superação da pandemia se mostre mais lenta, a trajetória pode ficar abaixo do projetado.
O documento também mostra preocupação com o impacto da manutenção dos estímulos fiscais e monetários nos países desenvolvidos, já que a sombra de uma pressão inflacionária nos países mais ricos - mesmo que transitória, como tem sido reforçado pelo Federal Reserve e autoridades do Banco Central Europeu - podem deixar o ambiente mais desafiador para os países emergentes.
Leia Também
IPCA confirma deflação em julho, Copom alivia retórica e analistas começam a revisar projeções para a taxa Selic
Além disso, a elevação dos preços das commodites também é mencionada como um fator de impacto para a projeções de preços de alimentos. O BC projeta a inflação de preços administrados em 8,4% para 2021 e 5,0% para 2022.
- O que mudou de março para cá? O Seu Dinheiro produziu um comparativo entre os comunicados divulgados pelo Banco Central na reunião de março e na decisão de hoje. Confira aqui.
- Ouça abaixo o comentário do Matheus Spiess, analista da Empiricus e colunista do Seu Dinheiro, sobre a decisão:
E agora, BC?
Com a alta de 0,75 ponto percentual já contratada, o mercado estava de olho mesmo no preview das cenas dos próximos capítulos. O tom mais incisivo era outro ponto já esperado, assim como o grande foco no controle da inflação - mas não de forma tão enfática quanto a apresentada.
Na leitura dos analistas, o BC iria deixar a porta aberta para ter uma maior liberdade de decisão no próximo encontro. A redação do comunicado de fato reforça que tudo depende da manutenção dos cenários-base traçados pela instituição - e inclusive menciona que a atividade tem se recuperado de forma mais positiva -, mas o aumento de 0,75 ponto percentual, para uma taxa de 4,25% ao ano já fica contratado.
Para Licinio Neto, sócio-gestor da Ajax Capital, o movimento do Copom não deve ser recebido com maus olhos pelo mercado, já que o nível de 2% ao ano era visto como ‘insustentável’ e essa normalização parcial significa que o BC está ‘caindo na real’.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, reforça essa visão. Assim como o gestor da Ajax Capital, a economista vê uma taxa de juros mais neutra - tendo como base um índice de inflação nos últimos doze meses girando em torno de 6% e o persistente problema fiscal do país - na faixa dos 5,50% e 6% ao fim de 2021, já que uma taxa de juros real negativa, como tem sido a realidade, não faz sentido em um país com tantos problemas nas contas públicas.
Os problemas fiscais, prolongados pelos enroscos em Brasília, a falta de avanço das reformas estruturantes e a incerteza com relação à pandemia do coronavírus já haviam chamado a atenção no comunicado anterior e foram mais uma vez destacados pelos membros do Copom. O Comitê voltou a ressaltar o perigo que esse risco fiscal traz para o país, pressionando prêmios de risco e levando a trajetória para a inflação acima do projetado.
“Não temos nada muito claro [com relação ao fiscal] e todo esse cenário exige esforços maiores da política monetária. Eles [BC] sabem que a meta inflacionária para 2021 está comprometida e já estão de olho no futuro” - Camila Abdelmalack
E agora, mercado?
Com o Banco Central mais enfático do que o esperado, o que é monitorado agora é o próximo passo do mercado.
Tanto Neto quanto Abdelmalack acreditam que a reação não deve ser negativa. O relatório Focus, com projeções coletadas de economistas pelo Banco Central, já trabalha com uma Selic de 5,50% ao ano ao fim de 2021.
Amanhã é dia de ajuste? Provavelmente, mas não necessariamente de uma forma muito intensa, já que existem outros fatores que determinam o movimento da curva de juros.
Para a economista da Veedha Investimentos, o cenário político conturbado de abril - com Orçamento e as corriqueiras crises políticas em Brasília - deixou muito prêmio na curva e, nas últimas semanas, o mercado já vinha precificando um discurso mais enfático por parte do BC.
Voando cada vez mais alto: Copom sobe a Selic em 0,5 ponto, a 13,25%, e dá a entender que os juros continuarão subindo
O Copom cumpriu as expectativas do mercado e reduziu o ritmo de alta da Selic; confira as sinalizações do BC quanto ao futuro dos juros
Greve dos servidores do BC continua e pode afetar a próxima reunião do Copom sobre a Selic
O sindicato dos servidores do BC terá uma nova reunião em 7 de junho; a categoria afirma que as operações via PIX não serão afetadas
Ata do Copom indica alta de 0,50 ponto da Selic em junho, mas deixa fim do ciclo de alta dos juros em aberto
Banco Central confirma que a Selic vai subir menos na próxima reunião, mas o topo da montanha da taxa de juros pode ser ainda mais alto
Copom segue escalando a montanha dos juros e eleva Selic em 1 ponto, a 12,75% ao ano — e continuará subindo rumo ao pico
É a décima alta consecutiva na Selic, que chega no maior patamar desde o começo de 2017; a decisão de juros do Copom foi unânime
Copom deve voltar a subir a taxa Selic amanhã. Conheça fundos imobiliários que podem lucrar ainda mais com a alta dos juros
Uma categoria específica de FIIs tem a rentabilidade atrelada a indexadores que se alimentam tanto da inflação mais salgada quanto do ciclo de aperto nos juros
Servidores do BC retomam greve na próxima semana. A reunião do Copom será afetada?
Os servidores do Banco Central retomam a greve na próxima terça-feira (03), por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia geral
‘Cenário alternativo’ do BC para a inflação gera mais ruídos que acertos, diz gestor
Para CEO e gestor da Parcitas Investimentos, Marcelo Ferman, cenário alternativo do BC é uma aposta arriscada que ele não faria.
O que esperar da Super-Quarta? Como as reações do Copom e do Fed aos desdobramentos da guerra podem influenciar seus investimentos
Em um contexto de inflação acelerada e elevação de juros, os investidores voltam a se posicionar em renda fixa, mas não só
Copom corre risco de desfalques na próxima reunião sobre taxa Selic após Senado adiar sabatina de novos membros da diretoria do BC
A avaliação do mercado é de que a falta de dois dos participantes empobrece o debate a respeito do ritmo de calibração da taxa básica de juros brasileira
Por que o dólar está despencando? Os motivos que explicam o forte alívio no mercado de câmbio
O dólar à vista fechou janeiro na casa de R$ 5,30, acumulando baixa de quase 5% no mês. Entenda o que está mexendo com o real e a taxa câmbio
Com a Selic acima de 10%, quais os próximos passos do BC? O podcast Touros e Ursos debate o futuro da taxa de juros
No podcast Touros e Ursos desta semana, a equipe do SD discutiu o cenário para a Selic e o BC em 2022. Até onde o Copom vai subir os juros?
Renda fixa, o xerifão da zaga, volta ao time titular dos investidores
Descubra como ficará o retorno dos investimentos em renda fixa agora que a Selic foi elevada a 9,25% ao ano pelo Banco Central
Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 9,25%
Aumento da taxa básica dispara gatilho de mudança na forma de remuneração da poupança. Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa agora que o Banco Central elevou a Selic mais uma vez
Selic decola a 9,25%, maior patamar em quatro anos; BC assume tom duro e indica nova alta de 1,5 ponto em fevereiro
Com a nova alta de 1,5 ponto concretizada hoje, a Selic saiu do patamar de 2% em janeiro e fecha o ano em 9,25%
O novo sabor (ruim) da poupança, os mercados à espera do Copom e outros destaques desta quarta-feira
Com decisão do Copom, a regra da poupança vai mudar e a rentabilidade, aumentar; descubra se vale a pena experimentar
AGORA: Ibovespa futuro abre em forte alta e dólar recua com exterior favorável
Mercados continuam sendo beneficiados pelas notícias iniciais referentes à aparentemente baixa letalidade da variante ômicron do novo coronavírus
O melhor do Seu Dinheiro: Como não treinar seu dragão
Com inflação na casa dos dois dígitos, BC não consegue domar os preços e precisa elevar taxa Selic
O reino rentista ressurge no horizonte: o que esperar da decisão de amanhã (e das próximas) do Copom sobre a Selic
Aperto monetário deve perdurar até o fim da primeira metade do ano que vem, quando voltaremos a ter dois dígitos de taxa básica de juro
4 fatos que mexem com o Ibovespa na próxima semana — incluindo Copom e IPO do Nubank
O principal índice acionário brasileiro terá um calendário cheio de eventos e dados econômicos para digerir ao longo dos próximos dias
Copom muda o plano no meio do voo e contrata mais uma alta de 1,5 ponto porcentual da Selic
Confirmação da mudança do ‘plano de voo’ do BC consta da ata da última reunião de política monetária, divulgada hoje pela manhã; se confirmada, taxa básica de juro fechará 2021 a 9,25% ao ano