Existe vida na bolsa depois do topo, mas é preciso tomar cuidado com o “tudo ou nada”
O que os gestores vencedores têm de diferente das pessoas comuns é a capacidade de ajustar o portfólio de acordo com as condições de mercado e suas convicções
Nos últimos meses você deve ter lido algumas vezes que chegou o momento para investir em ações, ou que esta é a oportunidade perfeita para entrar no mercado acionário.
O problema é que os investidores nem esperaram a pandemia terminar e levaram a bolsa dos 60 mil pontos para mais de 120 mil pontos, em poucos meses. O Ibovespa não apenas dobrou de valor, como ainda renovou seu recorde histórico.
E agora, com a bolsa nas alturas, muita gente fica se perguntando o que fazer: será que ainda é hora para investir em ações ou será que a festa está perto de terminar?
Ninguém sabe
Antes de mais nada, é bom esclarecer que você nunca vai conseguir adivinhar se a bolsa vai marcar um topo na semana seguinte e cair seis meses sem parar. Muito menos se ela vai continuar subindo e triplicar de valor em relação aos patamares atuais.
A verdade é que ninguém consegue saber isso. Nem os grandes gestores de fundos multibilionários possuem esse poder.
O que esses gestores vencedores no longo prazo têm de diferente das pessoas comuns é a capacidade de ajustar o portfólio de acordo com as condições de mercado e suas convicções, o que nos leva a um outro ponto importante.
Leia Também
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Gestora aposta em ações 'esquecidas' do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Ações: tudo ou nada?
Às vezes eu tenho a impressão que as pessoas tratam a exposição às ações nos portfólios como tudo ou nada.
Ou tem muitas ações, ou não tem nada de ações.
Em um determinado momento, a bolsa está lá embaixo, as condições para investimentos não parecem tão boas e você deixa todo o dinheiro guardado na poupança.
De repente, a bolsa começa a subir e no mesmo dia que o analista de um banco de investimentos menciona que chegou o momento de comprar ações, você se desfaz de todos os investimentos conservadores e coloca tudo em ações, com o único medo de perder a alta dos mercados.
Mas não é assim que as coisas funcionam – ou, pelo menos, não é assim que elas deveriam funcionar. Se é dessa maneira que você está cuidando dos seus investimentos, você precisa mudar urgentemente.
Risco vs retorno
Enquanto a maioria dos investidores gostam de brincar de tudo ou nada – terminando a brincadeira geralmente com nada –, os grandes nomes do mercado vão ajustando as suas posições de acordo com o risco vs. retorno dos ativos.
Se a economia está em crise, mas as ações já estão muito depreciadas, os bons gestores começam a colocar um pouco mais de ações na carteira.
Não porque acordaram em uma determinada manhã com a premonição de que a bolsa iria subir no dia seguinte – mais uma vez, nem eu, nem você, nem ninguém consegue adivinhar isso.
Eles fazem isso porque as ações atingiram um nível de preço tão baixo que se tornaram bons investimentos. Apenas isso.
Mas eles não vão entrar com tudo de uma vez. Se o fundo está com 5% de exposição em ações, aumenta para 10%, depois para 15%, e assim por diante, à medida que a convicção aumenta.
Da mesma forma, quando o cenário é perfeito, as bolsas estão nas alturas e os preços das ações esticados, carregar muitas ações começa a se tornar arriscado, e os gestores começam a reduzir a quantidade de ações no portfólio.
Novamente: não porque eles acham que a bolsa vai cair no dia seguinte, mas porque o risco vs. retorno já não é mais tão convidativo.
Não é para vender tudo
Neste ponto eu volto àquela lição sobre o "tudo ou nada", lembra?
Não é porque a assimetria piora que esses gestores vendem todas as ações e colocam o dinheiro do fundo embaixo do colchão.
Eles apenas reduzem marginalmente a alocação em ações e colocam em ativos mais seguros (como Tesouro Direto, CDBs de bancos grandes, ouro, dólar).
Mas se eles estão pessimistas, porque não tiram todo o dinheiro de ações?
Porque eles não sabem de verdade se a bolsa vai cair. Mais uma vez: ninguém sabe!
O fato de ela ter dobrado em um ano não quer dizer que ela não pode subir 100%, 200% ou mais no ano seguinte. E se isso acontecer, vender todas as ações teria sido um erro gigantesco.
É por isso que a melhor estratégia é reduzir aos poucos à medida que o risco vs retorno piora. Não vender tudo, nem ficar 100% alocado.
Se o mercado continuar subindo, eles ainda conseguem ganhar dinheiro com as ações.
E se o mercado virar para baixo, eles sofrerão menos com a queda e ainda poderão utilizar parte do dinheiro recebido com a venda das ações no topo para comprar as mesmas ações depois a preços bem mais interessantes.
Ajustando o portfólio
Antes que você me pergunte, apesar do tom da coluna de hoje, eu continuo otimista com as ações.
Apesar dos valuations esticados, as empresas estão mostrando boa recuperação, os juros estão nas mínimas e, aos trancos e barrancos, o plano de vacinação começou a andar no Brasil.
No entanto, eu gostaria de lembrar que é justamente quando as bolsas estão nas máximas que os investidores comuns costumam ir para o tudo ou nada, comprando ações desesperadamente para aproveitar o "oba oba".
Se você está no grupo dos que investem conscientemente e mantêm um portfólio equilibrado, ótimo.
Mas se você é como a grande maioria e acabou de sacar o seu FGTS, todo o dinheiro da poupança, ou vendeu a casa para investir tudo o que tem em ações porque seu vizinho está ganhando rios de dinheiro com elas, lembre-se que essa é a melhor maneira de quebrar a cara no mercado financeiro.
Um portfólio com cerca de 50% a 60% de exposição em renda variável (ações e fundos imobiliários) e o restante dividido entre caixa, Tesouro, dólar e ouro nos parece uma alocação apropriada para este momento – aliás, é com base nela que a Carteira Empiricus está posicionada atualmente.
Mas é claro que isso pode mudar, à medida que os preços se alteram. Os assinantes da Carteira Empiricus recebem em primeira mão não apenas as mudanças de alocação sugeridas, como também quais ativos inserir no portfólio a cada flutuação de mercado.
Não à toa, o Felipe Miranda costuma dizer que essa é a série mais completa da casa.
Se quiser conferir, deixo aqui o convite. E lembre-se que a melhor maneira de construir riqueza no longo prazo é evitar fazer loucuras com o seu dinheiro no meio do caminho.
Um grande abraço e até a próxima!
Leia também:
- Ford vs Tesla: As oportunidades e os perigos das narrativas na bolsa
- Por que as ações do Magazine Luiza, Natura e Localiza iniciaram 2021 em queda
- Como planejar sua aposentadoria rápida?
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa