7 Lições de investimentos aprendidas em 2020
Eu garanto que as lições aprendidas em 2020, independente se você ganhou ou perdeu dinheiro no ano que passou, têm potencial para tornar você um investidor muito melhor

"A grande vantagem de ficar mais velho é que você acumula uma porção de experiências negativas e acaba virando gênio depois de tantos anos."
Antes que você ache que o ensinamento acima é meu, já adianto que não.
A verdade é que ele nem poderia ser. Primeiro, porque estou longe de poder me considerar gênio.
Segundo, porque, apesar da lataria já um pouco maltratada, ainda estou nos meus 30 anos e não deu tempo de acumular tantas cagadas assim – sigo trabalhando nisso.
Na verdade, a frase acima foi dita por André Jakurski, um dos fundadores da JGP, no evento Investidor 3.0, realizado pela Empiricus. Ele, sim, um gênio e com algumas décadas de experiências acumuladas na bolsa para se gabar.
Nunca desperdice uma boa crise
Você pode não ter ainda as mesmas décadas de erros e experiências de Jakurski para te ajudar a tomar decisões superiores na hora de investir.
Leia Também
Mas eu garanto que as lições aprendidas em 2020, independente se você ganhou ou perdeu dinheiro no ano que passou, têm potencial para tornar você um investidor muito melhor nos anos e décadas que virão pela frente.
Como disse Winston Churchill, "nunca desperdice uma boa crise".
Por isso, hoje eu decidi lembrar das lições mais valiosas aprendidas nos últimos doze meses e como podemos utilizá-las para nos tornar melhores investidores daqui em diante.
Lição #1: Nunca coloque mais dinheiro em renda variável do que suporta perder.
Eu já falei isso centenas de vezes, mas a verdade é que enquanto a bolsa está renovando máximas a cada semana, todo mundo se esquece que ela pode cair.
No entanto, 2020 nos lembrou que as ações não só podem cair, como podem derreter 45% em menos de um mês.
Numa situação dessas, se você tiver mais dinheiro investido do que deve (ou do que aguenta), vai deixar a emoção tomar conta e vai acabar fazendo o mesmo que a maioria das pessoas: venderá suas ações no pior momento possível.
Calma, porque piora: vai ficar traumatizado e só vai tomar coragem para voltar quando a bolsa já estiver lá no alto, perto do momento no qual os "Jakurskis" já estarão pensando seriamente em vender. Essa receita não tem a menor chance de dar certo.
Limitar seu investimento em renda variável ao quanto você está disposto a arriscar não faz bem apenas para a sua cabeça. No final, livra você de decisões precipitadas e resulta em melhores resultados para o seu bolso.
Lição #2: Investimento em ações é para o longo prazo
Essa deveria ter sido uma lição em 2020, mas depois da rápida recuperação, acabou virando uma "meia-lição".
Mas não custa lembrar que, apesar de a bolsa ter se recuperado rapidamente depois do tombo, a trajetória poderia ter sido bem diferente.
Poderíamos ter demorado muito mais para conter a contaminação.
Poderíamos ter demorado muito mais para melhorar os protocolos de tratamento.
Poderíamos ter demorado muito mais para desenvolver vacinas eficientes.
E em qualquer um desses cenários (que eram, sim, possíveis), o resultado seria o mercado de ações ainda perto das mínimas.
Nessa situação, seria crucial para qualquer investidor lembrar que, apesar da derrocada, boa parte do valor de uma empresa está nos lucros que ela vai proporcionar nos próximos cinco ou dez anos.
Com essa cabeça, fica muito mais fácil para qualquer um suportar ver os preços caindo por causa de um ano difícil e se manter firme para esperar a recuperação.
Lição #3: sempre tenha dinheiro em caixa
Quando a bolsa está renovando máximas, dia após dia, não existe nada mais tentador do que pegar todo o dinheiro que ainda resta no caixa, ou resgatar aquela grana investida em Tesouro Selic, para colocar tudo em ações e aumentar ainda mais os ganhos enquanto o mercado continuar subindo, não é?
Mais uma vez, muita gente esquece nesses momentos que o mercado pode voltar a cair – e muito. Se isso acontecer, é crucial ter dinheiro sobrando para aproveitar a temporada de caça às barganhas, que certamente vão aparecer.
O movimento correto, como bem sabe Jakurski, é reduzir a alocação em ações à medida que as bolsas vão ficando muito caras. Infelizmente, os investidores comuns normalmente fazem o contrário.
Lição #4: um pouco de proteção na hora da euforia não faz mal à ninguém
Além de deixar um pouco mais de dinheiro em caixa, nunca devemos nos esquecer que momentos de euforia costumam implicar em seguros baratos.
E seguros baratos devem ser comprados, ponto final!
Quem tinha um pouco de dólares, moedas fortes e puts (opções de venda) no portfólio no início do ano, quando ninguém queria saber desses ativos e eles estavam negociando a preços de banana, acabou sofrendo bem menos do que quem estava totalmente alocado em ações.
Isso é ruim, mas normalmente fica pior. Porque quem é pego desprevenido normalmente corre para comprar proteção depois que o desastre aconteceu. Vai pagar caro por uma proteção que a partir daquele momento será inútil. Receita perfeita para quem quer perder muito dinheiro no longo prazo.
Seguro deve ser comprado em pequenas quantidades e quando ninguém espera que o desastre vai acontecer.
Lição #5: diversificação geográfica
Sou brasileiro, não desisto nunca, e ainda mantenho a parcela majoritária dos meus investimentos em companhias nacionais.
Mas 2020 nos mostrou que ter uma parte do portfólio alocada nas maiores economias globais é importante para diversificar os riscos locais.
O real se mostrou extremamente volátil e chegamos a flertar seriamente com o abismo em termos fiscais no meio da pandemia. Neste momento, quem tinha uma parcela dos investimentos em ações globais sofreu bem menos.
É verdade que, com 2020 encerrado, tudo parece ter dado certo. No entanto, o bom investidor não foca apenas no que aconteceu. Mas sim, no que poderia ter acontecido. E poderia ter sido bem ruim não ter nem um pouco do seu dinheiro investido em companhias com marcas fortes globais, rentáveis e de elevado crescimento.
Aliás, a série as Melhores Ações do Mundo está em promoção de fim de ano. Fica aqui o convite caso queira conferir.
Lição #6: taxas de juros importam, e muito
Se você acha que o Ibovespa retornou às máximas por causa do "coronavoucher" e da retomada em "V" da atividade, saiba que a taxa Selic talvez tenha sido ainda mais importante.
O fato de as taxas de juros estarem nas mínimas históricas – aqui e no resto do mundo – forçou os investidores a colocarem dinheiro em ações. Não existe mais a possibilidade de se ganhar 10% ao ano sem risco.
A recuperação da atividade econômica até aqui foi interessante, mas não há garantias de que continuará no ano que vem. O nível de desemprego continua elevado, e ninguém sabe o quanto a retirada do apoio emergencial vai afetar o consumo.
O que sabemos é que, com a inflação ainda controlada, as chances são de que a Selic permaneça bem próxima dos patamares atuais. Pode não ser os 2% ao ano, como agora, mas um nível de 4% ou 5% ainda ajudaria a manter um apetite grande pelas ações das melhores companhias do país, e a bolsa em patamares apreciados.
Lição #Howard Marks: o mercado tende a extrapolar o sentimento atual (para o bem, ou para o mal)
Guardei para o final a lição do sempre genial Howard Marks, que costuma dizer que o mercado se move em ciclos.
Apesar de acompanhar uma tendência secular de longo prazo que indica o preço justo do mercado (linha roxa), as bolsas costumam passar pouquíssimo tempo negociando nesses patamares "justos".
Na verdade, elas passam a maior parte do tempo alternando entre um estado exageradamente otimista, que logo se reverte e vai para outro exageradamente pessimista.
Isso acontece porque somos tentados a extrapolar o sentimento atual para o futuro. Se as coisas estão muito ruins agora, achamos que vão continuar ruins para sempre e vendemos as ações por preços medíocres, fazendo a bolsa cair ainda mais.
Como você já percebeu, o mercado ficou exageradamente pessimista em março, mas a pandemia não marcou o fim da humanidade, nem das empresas, nem do mercado de capitais, e os preços voltaram a se recuperar.
Mas o que aconteceu em março agora é passado.
O importante é lembrar dessa lição quando, depois de alguns anos muito bons, os investidores começarem a achar que os lucros das empresas continuarão crescendo rápido e para sempre.
Nesse momento, o mercado estará no modo "exageradamente otimista" e será uma boa hora para diminuir a exposição em ações, aumentar a parcela de dinheiro em caixa e comprar um pouquinho de dólar e puts.
A Carteira Empiricus será a primeira a alertar aos seus assinantes e realizar essas mudanças quando o risco vs retorno estiver desfavorável às ações. Mas essa hora ainda não chegou. Por enquanto, 2021 nos parece mais um ano de recuperação.
Um grande abraço e um feliz 2021 para todos nós!
Leia também:
O pior está por vir? As ações que mais apanham com as tarifas de Trump ao Brasil — e as três sobreviventes no pós-mercado da B3
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5% assim que a taxa de 50% foi anunciada pelo presidente norte-americano, enquanto o dólar para agosto renovou máxima, subindo mais de 2%
A bolsa brasileira vai negociar ouro a partir deste mês; entenda como funcionará o novo contrato
A negociação começará em 21 de julho, sob o ticker GLD, e foi projetada para ser mais acessível, inspirada no modelo dos minicontratos de dólar
Ibovespa tropeça em Galípolo e na taxação de Trump ao Brasil e cai 1,31%; dólar sobe a R$ 5,5024
Além da sinalização do presidente do BC de que a Selic deve ficar alta por mais tempo do que o esperado, houve uma piora generalizada no mercado local depois que Trump mirou nos importados brasileiros
FII PATL11 dispara na bolsa e não está sozinho; saiba o que motiva o bom humor dos cotistas com fundos do Patria
Após encher o carrinho com novos ativos, o Patria está apostando na reorganização da casa e dois FIIs entram na mira
O Ibovespa está barato? Este gestor discorda e prevê um 2025 morno; conheça as 6 ações em que ele aposta na bolsa brasileira agora
Ao Seu Dinheiro, o gestor de ações da Neo Investimentos, Matheus Tarzia, revelou as perspectivas para a bolsa brasileira e abriu as principais apostas em ações
A bolsa perdeu o medo de Trump? O que explica o comportamento dos mercados na nova onda de tarifas do republicano
O presidente norte-americano vem anunciando uma série de tarifas contra uma dezena de países e setores, mas as bolsas ao redor do mundo não reagem como em abril, quando entraram em colapso; entenda por que isso está acontecendo agora
Fundo Verde, de Stuhlberger, volta a ter posição em ações do Brasil
Em carta mensal, a gestora revelou ganhos impulsionados por posições em euro, real, criptomoedas e crédito local, enquanto sofreu perdas com petróleo
Ibovespa em disparada: estrangeiros tiveram retorno de 34,5% em 2025, no melhor desempenho desde 2016
Parte relevante da valorização em dólares da bolsa brasileira no primeiro semestre está associada à desvalorização global da moeda norte-americana
Brasil, China e Rússia respondem a Trump; Ibovespa fecha em queda de 1,26% e dólar sobe a R$ 5,4778
Presidente norte-americano voltou a falar nesta segunda-feira (7) e acusou o Brasil de promover uma caça às bruxas; entenda essa história em detalhes
Em meio ao imbróglio com o FII TRBL11, Correios firmam acordo de locação com o Bresco Logística (BRCO11); entenda como fica a operação da agência
Enquanto os Correios ganham um novo endereço, a agência ainda lida com uma queda de braço com o TRBL11, que vem se arrastando desde outubro do ano passado
De volta ao trono: Fundo imobiliário de papel é o mais recomendado de julho para surfar a alta da Selic; confira o ranking
Apesar do fim da alta dos juros já estar entrando no radar do mercado, a Selic a 15% abre espaço para o retorno de um dos maiores FIIs de papel ao pódio da série do Seu Dinheiro
Ataque hacker e criptomoedas: por que boa parte do dinheiro levado no “roubo do século” pode ter se perdido para sempre
Especialistas consultados pelo Seu Dinheiro alertam: há uma boa chance de que a maior parte do dinheiro roubado nunca mais seja recuperada — e tudo por causa do lado obscuro dos ativos digitais
Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3), lança programa de BDRs na B3; saiba como vai funcionar
Os certificados serão negociados na bolsa brasileira com o ticker EVEB31 e equivalerão a uma ação ordinária da empresa na Bolsa de Nova York
Quem tem medo da taxação? Entenda por que especialistas seguem confiantes com fundos imobiliários mesmo com fim da isenção no radar
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, especialistas da Empiricus Research, da Kinea e da TRX debateram o que esperar para o setor imobiliário se o imposto for aprovado no Congresso
FIIs na mira: as melhores oportunidades em fundos imobiliários para investir no segundo semestre
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, do Seu Dinheiro, especialistas da Empiricus Research, Kinea e TRX revelam ao que o investidor precisa estar atento no setor imobiliário com a Selic a 15% e risco fiscal no radar
Ibovespa sobe 0,24% e bate novo recorde; dólar avança e termina dia cotado em R$ 5,4248
As bolsas norte-americanas não funcionaram nesta sexta-feira (4) por conta de um feriado, mas o exterior seguiu no radar dos investidores por conta das negociações tarifárias de Trump
Smart Fit (SMFT3) falha na série: B3 questiona queda brusca das ações; papéis se recuperam com alta de 1,73%
Na quarta-feira (2), os ativos chegaram a cair 7% e a operadora da bolsa brasileira quis entender os gatilhos para a queda; descubra também o que aconteceu
Ibovespa vale a pena, mas vá com calma: por que o UBS recomenda aumento de posição gradual em ações brasileiras
Banco suíço acredita que a bolsa brasileira tem espaço para mais valorização, mas cita um risco como limitante para alta e adota cautela
Da B3 para as telinhas: Globo fecha o capital da Eletromidia (ELMD3) e companhia deixa a bolsa brasileira
Para investidores que ainda possuem ações da companhia, ainda é possível se desfazer delas antes que seja tarde; saiba como
Os gringos investiram pesado no Brasil no primeiro semestre e B3 tem a maior entrada de capital estrangeiro desde 2022
Entre janeiro e junho deste ano, os gringos aportaram cerca de R$ 26,5 bilhões na nossa bolsa — o que impulsionou o Ibovespa no período