Mercado chinês: minha casa, minhas regras

Tudo começou com o curioso sumiço de Jack Ma.
Quando o Ant Group, subsidiária do gigante Alibaba, tentou seu IPO na Nasdaq, o governo chinês barrou a tentativa depois de uma reunião misteriosa da companhia com o governo chinês. Isso foi no final do ano passado.
Daí, veio o sumiço do bilionário Ma, que provavelmente é o empreendedor chinês mais famoso no Ocidente.
Depois de três meses sumido, ele apareceu, meio raquítico, em uma curiosa palestra para professores da área rural chinesa. O tema foi a importância do dever com a sociedade e o desenvolvimento do país acima de tudo.
Depois, veio o anúncio de que empresas chinesas com a intenção de se listar na gringa passariam por um escrutínio especial.
Posteriormente, o Didi, espécie de Uber chinês, foi o alvo. O governo manifestou que a empresa estava capturando dados demais de seus usuários, sem, ao mesmo tempo, usar esses dados em benefício da sociedade chinesa. Daí a CVM deles barrou o IPO da empresa, que também seria na Nasdaq.
Leia Também
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
Então, o governo logo suspendeu — temporariamente — todas as listagens de empresas nacionais fora do país.
Daí, veio a tacada final.
O governo disse que as empresas educacionais do país não poderiam cobrar pelos seus cursos, os quais devem estar a serviço da sociedade chinesa. Muitas famílias desesperadas para dar educação de qualidade aos seus filhos não têm as condições necessárias para pagar por isso. As empresas de educação devem servir ao país.
O que era um cenário ruim aos olhos do financista ocidental, acostumado a investir sob a bandeira da liberdade americana, ficou catastrófico.
Mas Ray Dalio pensa que não é bem assim.
Veja bem.
A economia americana prosperou sob o lema da livre-iniciativa, o que gerou enormes benefícios econômicos, mas acabou criando gigantes da tecnologia superpoderosas — mais até que o governo.
O Google sabe o que você conversa com seu colega de mercado no almoço de quarta-feira. O assunto do seu domingo em família, também.
Se você estiver insatisfeito com sua experiência no Waze, pode migrar para… o Google Maps? Se for muito radical, pode partir para o relegado Maps... da Apple?
As big techs sabem não só o que você fala, mas também para onde vai o tempo todo.
Nossa vida é um extenso conjunto de dados para as gigantes de tecnologia americanas.
Como disse Maquiavel, não há espaço de poder vazio, e o governo americano percebeu que os dados dos seus cidadãos estão sob o domínio de entes privados. E começou a agir — vide as numerosas condenações das big techs pelo uso indevido de dados. Assim, o governo colocou um precedente na jurisprudência, base do sistema político americano, para maior regulação dessas empresas.
A China quer evitar esse poderio excessivo das empresas de tecnologia. Mas não é de hoje. Desde meados do século 20, a sociedade chinesa se constituiu sob a forma de um sistema socialista que usa — sim, usa — o mercado a serviço da sociedade. E não o contrário.
Veja. A diferença é conceitual: o mercado chinês está a serviço do país por definição. A expectativa já foi determinada lá atrás — ou deveria ter sido.
Os investidores ocidentais, erradamente, esperavam colocar capital nos ativos chineses sob a proteção da bandeira de liberdade azul e vermelha (e com estrelas).
Como versa o ditado, cada proprietário que cuide do seu quintal — ou cada cachorro, que... deixa para lá.
A prioridade do Estado chinês é o desenvolvimento da sociedade, ponto final.
Os serviços financeiros devem melhorar a sociedade. Os aplicativos de carona devem servir a mobilidade dos seus cidadãos, e não roubar dados dos usuários. A educação deve ser acessível para toda a população do país.
É como se o governo dissesse "mi casa, su casa", mas se quiser investir aqui, eu dito as regras. Ray Dalio já sabe disso desde a primeira vez que foi à China, há 36 anos.
Agora é o momento de eu e você, banhados na Coca-Cola americana, adaptarmos nossas expectativas à nova ordem mundial. E ela já chegou — a China tem mais medalhas de ouro que qualquer outro país nas Olimpíadas de Tóquio.
Novos tempos. Adapte-se ou morra.
Um abraço
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado