É preciso ficar atento em momentos de pânico: as duas empresas que o mercado está deixando passar
O “buy and hold” é muitas vezes interpretado como um casamento feudal inquebrável, quando, na verdade, divórcios são permitidos e, mais do que isso, muitas vezes desejáveis
O camarada que toma duas trombadas de três num mesmo final de semana precisa dar uma organizada nas ideias. Ainda sem Renato Augusto e Giuliano, a derrota pro Flamengo já era esperada, admito. Mas a sangria de 3% do Ibovespa no último dia de julho teve requintes de crueldade. Foi uma somatória de fatores: medo da regulação chinesa, desconforto com o resultado da Amazon, preocupação com o Bolsa Família fora do teto de gastos e pedaladas fiscais com os precatórios — dois governos Dilma já bastam, né? Perder de três também, aí já seria demais.
Hoje, os mercados esboçam recuperação, numa caça clássica às barganhas. Para mim, é assim mesmo que deve ser.
Muito se fala sobre o “buy and hold”. Virou até descolado e inteligentão se colocar como investidor de longo prazo, aquele que “compra ações para dez anos e esquece”. Passa um ar de superioridade intelectual e serenidade, como se o sujeito não ligasse para variações mundanas típicas da volatilidade.
Vejo uma distorção na ideia original, ao menos se a entendermos dentro do escopo clássico do value investing. Você compra e segura uma ação não porque deve esquecê-la dentro do seu portfólio para sempre, como se adotasse uma postura ativa somente no ato da compra, tornando-se passivo posteriormente, carregando indefinidamente a ação como se sua realidade objetiva não mais importasse ou merecesse atenção.
No ato da compra, você deve comparar preço (a cotação da tela) com o valor intrínseco estimado para aquela companhia (soma dos fluxos de caixa estimados de hoje até o futuro, trazidos a valor presente por uma taxa de desconto apropriada, ou alguma análise relativa que indique preços atrativos por múltiplos). Mas você também deve fazê-lo no dia seguinte. E no outro. E em todos os demais dias da sua vida de investidor.
Você compra e segura porque normalmente leva tempo para que a assimetria de informação hoje presente e fonte original da distorção entre preço e valor seja resolvida. À medida que novas informações sobre a respectiva empresa vão chegando e/ou que ela execute seu business plan, o mercado vai percebendo o valor mais alto do negócio. E se o negócio vai bem, a ação tende a seguir, como ensina Buffett. Isso leva tempo.
Leia Também
Ocorre, porém, que qualquer comparação entre preço e valor intrínseco requer uma postura ativa e dinâmica. Como ambos mudam a todo momento, você precisa sempre revisitá-los. Você compra com a intenção de segurar, mas, se o preço sobe muito e se aproxima do valor intrínseco, deve vender, ainda que isso aconteça muito rápido. Analogamente, se você compra com a intenção de segurar e o valor intrínseco piora muito, sem que o preço tenha acompanhado essa deterioração de fundamentos, você também deve vender.
Do mesmo modo, se o preço piora muito (fica mais barato) e o valor intrínseco está razoavelmente inalterado, o que você faz? Em tese, você deveria comprar mais. É exatamente isso que entendo que as pessoas deveriam fazer hoje.
E como somos, para além da retórica, verdadeiramente talebianos, sabemos que uma opinião sem exposição vale zero. “Não me diga o que eu devo fazer com meu portfólio. Me diga o que você está fazendo com o seu.” Eu estou comprando mais. Com a transparência de sempre, reporto meu mais recente aporte no fundo Vitreo Oportunidades de Uma vida, cujo objetivo é perseguir a carteira de ações indicada na série Palavra do Estrategista. Por questões de privacidade, borrei o nome do meu fundo exclusivo; peço desculpas por isso, mas espero que entenda:

Volto ao “buy and hold” e suas desprezadas nuances.
É verdade que, durante um bull market, você ganha mais dinheiro no “hold” do que no “buy”. Qualquer coisa que você compra sobe. Então, importa mais a capacidade de esperar do que propriamente a decisão sobre o que adquirir.
Claro que a autoavaliação de seres narcísicos vai sempre atribuir o mérito para a capacidade individual de escolher ações. Mas sabemos: era apenas a maré subindo como um todo.
Agora, quando estamos num mercado mais de lado, volátil ou em queda, não podemos apenas esperar e carregar. Se falta beta (sistêmico ajudando), havemos de recorrer ao alfa (superação dos benchmarks), e isso necessariamente vai exigir boas escolhas, tanto de preços de entrada e reforços de posição, quanto de ações.
Outro ponto pouco comentado sobre o “buy and hold” nas insuportáveis rodas de conversa sobre investimentos se refere ao fato de que, em algumas situações, pode ser racional vender uma determinada ação ainda que nada tenha acontecido com ela.
Se você tem uma determinada carteira de ações, mas surge uma nova oportunidade mais atraente do que a sua, o certo seria ir em direção a esse novo ativo. Como sua carteira precisa somar 100% ou, mesmo que você se alavanque, há limites para o endividamento, o investimento sempre será uma decisão relativa. Você pode ter uma boa ação na carteira, mas decidir vendê-la porque apareceu outra melhor.
O “buy and hold” é muitas vezes interpretado como um casamento feudal inquebrável, quando, na verdade, divórcios são permitidos e, mais do que isso, muitas vezes desejáveis, porque apareceu uma novinha mais bacana. Calma. A prescrição é válida somente para investimentos.
Em situações de pânico como as de sexta-feira ou em mercados sem muito comprador marginal, aparecem distorções muito gritantes. Como se discutíssemos filigranas irrelevantes enquanto passam elefantes voando na nossa frente.
Há duas ações neste momento com cara de Dumbo. Existem várias dúvidas pertinentes no ar. Muitas situações complexas. Se você me perguntasse se a inflação nos EUA é persistente ou transitória, se o volume de quantitative easing vai ter consequências sérias ou não, se os valuations de algumas techs farão sentido quando e se os juros subirem, se o Brasil vai abandonar sua âncora fiscal, a resposta mais honesta que eu poderia dar seria: eu não sei. Temos de monitorar dia a dia. Gestão de recursos é isso.
Agora, quando vejo uma empresa boa, barata e crescendo, com bom management, eu compro, com razoável nível de convicção.
Os dois elefantes voando na minha frente são Direcional Engenharia e WDC Networks.
A primeira tem apresentado resultados simplesmente espetaculares, surpreendendo o mercado com lançamentos, vendas contratadas e margens. Riva mostra um ramp-up da operação muito superior ao que qualquer um poderia esperar. Analistas têm trabalhado com projeções de margem bruta de 34-35%, sendo que, na minha opinião, isso vem mais para 37-38% no segundo trimestre e sem sinal de queda iminente. A empresa deve lançar R$ 1 bilhão (R$ 1 bi!) no terceiro trimestre, com condições de fazer R$ 3 bilhões em 2022. Roda a 6 vezes lucros para 2022, com um ROE superior a 20%, pagando dividendos de dois dígitos, sob um management impecável.
A segunda deu azar de fazer um IPO encaixotado em vários outros. Como era um deal pequeno, com incentivo fiscal e muito centrado na figura do Vanderlei, o mercado praticamente deixou passar. Ninguém olhou direito e foi forçado um valuation muito barato. Azar de uns, sorte de outros, daqueles que podem comprar barato. Negociando a 10 vezes lucros para 2022 e com esse crescimento, parece ótima combinação de risco-retorno.
Essa, pra mim, é a essência do buy and hold.
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado