Estamos para ver o surgimento de um grande conglomerado de moda no Brasil?
Varejo é um jogo de escala. Quanto mais você vende, mais compra. Isso vale não só para os insumos, mas para tudo
Há alguns dias, iniciou-se um movimento de resgate dos sobreviventes da moda.
A Arezzo &Co deu a largada, abordando a Hering com uma oferta de aquisição com prêmio de 20% sobre o valor das ações.
A agitação aumentou com os rumores sobre um generoso follow-on das Lojas Renner, que logo soltou um fato relevante confirmando um aumento de capital de até R$ 6,5 bilhões.
Com a porteira já escancarada, o Grupo Soma anunciou que está em negociações para a compra da marca de vestuário feminino Shoulder e, não contente, afirmou que também está procurando ativos de moda fitness.
Veja bem. Esta não é uma crítica, apesar das tônicas; pelo contrário. Acho até que demorou para começarem as tentativas. O momento é oportuno para essas combinações.
No momento da proposta da Arezzo, a ação da Hering caíra mais de 45% desde o saudoso janeiro de 2020, e seu múltiplo Preço/Lucro dos últimos 12 meses, mais de 65%. O papel da Arezzo, por sua vez, subira 12% no período, de forma que, no momento da oferta, seu múltiplo tinha um prêmio de 145% sobre o da Hering.
Leia Também
Varejo é um negócio difícil. Varejo de moda, então...
A imensa sorte de itens de estoque, a grande quantidade de espaço de armazenamento e a extensa capilaridade são apenas algumas das complexidades inerentes à operação de comércio. Em moda, há ainda dificuldades adicionais: o paulatino investimento em marketing, a necessidade constante de criar e antecipar tendências e, principalmente, a perecibilidade do estoque.
O lendário Karl Lagerfeld, quando questionado sobre uma potencial aposentadoria dos seus longos anos como diretor criativo da Chanel, respondeu com uma frase bem ilustrativa desse ponto: “A fundadora Coco Chanel morreu no meio de uma coleção quando tinha quase 90 anos. Eu tenho tempo! Na moda, você pensa em seis meses, seis meses, seis meses. Agora são três meses, três meses, três meses. O mundo é diferente. Não há futuro distante, não é coisa futurística. Moda é algo que as pessoas devem consumir imediatamente”.
Pois bem, voltando à nossa realidade. Há de se reconhecer quem sabe operar esse tipo de empreitada. A Lojas Renner é um desses casos: nos últimos dez anos, a empresa gerou um retorno sobre capital investido (ROIC) médio de 15% ao ano. A Arezzo também não deixa a desejar, com um ROIC de 17% no mesmo período. Esses patamares são invejáveis para qualquer empresa de varejo brasileira.
A título de comparação, o indicador da Lojas Marisa foi de 7% no período. O da Guararapes, dona da Riachuelo, foi de 10%. A Hering até que foi bem, tendo entregado uma média de 23% no período — o problema, neste caso, é a consistência. O ROIC da companhia saiu de uma máxima de 38% em 2011 para 13% no ano passado.
Não que essa década tenha sido fácil. Se foi difícil para as maiores varejistas de moda do país, imagine para os pequenos e médios, ainda mais nesses últimos meses. Vivemos um momento desafiador para qualquer comerciante.
Varejo é um jogo de escala. Quanto mais você vende, mais compra com os fornecedores e melhores descontos consegue nas negociações. Isso vale não só para os insumos, mas também para a quantidade de lojas e armazéns que aluga com os mesmos proprietários. Além disso, quanto mais você vende, mais gira seu estoque e menos chance você tem de se ver obrigado a saldar coleções obsoletas por descontos proibitivos. Já deu pra ver que, quanto mais volume (com desejabilidade, claro), melhor para as margens, os retornos e os acionistas.
O leitor começa a compreender minha simpatia pelas combinações de negócios?
Há quem diga que Hering e Arezzo atendem públicos totalmente diferentes. Concordo até certo ponto. Uma camiseta básica masculina na Hering pode ser encontrada por cerca de R$ 50, versus R$ 120 para a Reserva, agora parte do grupo Arezzo &Co. O mesmo item pode ser encontrado por R$ 40 na Renner. Não está muito longe da Hering. E mais: não é qualquer brasileiro que se dispõe a comprar uma camiseta por R$ 50. Diria que essas três companhias atendem a um público das classes A e B, com pequenas variações de espectro.
O topo da pirâmide é sempre estreito. Há um limite de escala que pode ser atingido atendendo a esse público.
Existem exemplos bem-sucedidos de marcas que dialogam com essa restrita audiência e gradualmente se expandem para camadas mais amplas.
Tomemos como exemplo o Grupo Armani, que faturou US$ 2,4 bilhões em 2019. A companhia italiana começou com a marca Giorgio Armani e criou outras organicamente, até chegar à Armani Exchange, mais acessível e jovial. E, claro, o grupo não vive só de sapatos ou roupas, mas de um portfólio amplo de vestuário e acessórios.
Extrapolando para o ramo de cosméticos, a francesa L’Oréal também desenvolveu um conglomerado com dezenas de marcas, desde Maybelline, que pode ser comprada em um sem-número de farmácias brasileiras, até a luxuosa Lancôme.
Não precisamos ir longe para encontrar outro exemplo: a brasileiríssima Natura &Co construiu um portfólio de marcas que vai desde Avon até a Aesop, grife mais premium do grupo. Não há problema em ter diversidade na carteira de clientes, desde que cada marca tenha uma identidade definida e um público satisfeito.
Quem sabe por aqui também não surge um grande conglomerado da moda?
Diretamente da bacia das almas.
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje