Índices futuros de NY invertem e operam em alta, mas indicador brasileiro cai
Veja o que será destaque para esta sexta-feira (05): Treasuries voltam a pressionar bolsas internacionais e ibovespa pode não resistir
Os papéis se inverteram no pregão de hoje. O exterior está apontando para uma abertura positiva enquanto o índice futuro brasileiro está no vermelho.
Por volta das 9h40, o índice futuro do Ibovespa ensaiava uma queda de 0,08%, aos 113.138 pontos, enquanto o dólar à vista via uma valorização de 0,34%, cotado a R$ 5,681.
No pregão da última quinta-feira (04), o Ibovespa navegou solitário pelos mares verdes. Descolado do exterior, o principal índice da B3 foi motivado pela aprovação da PEC emergencial no Senado e encerrou o dia com ganhos de 1,35%, aos 112.690 pontos. O dólar à vista ensaiou uma subida, mas também terminou em leve queda de 0,11%, aos R$ 5,658.
O noticiário interno, até que se prove o contrário, não deve trazer grandes emoções para o Ibovespa. Já o exterior pode influenciar negativamente o índice, com as principais bolsas do mundo em queda.
Veja o que será destaque para esta sexta-feira (05):
O que acontece lá fora
As bolsas da ásia fecharam em queda na manhã desta sexta-feira, influenciadas pelo movimento de valorização dos Treasuries da última quinta-feira (04). Ao mesmo tempo, os índices da Europa operam de maneira mista, também de olho nas movimentações dos títulos do Tesouro dos EUA.
Os índices futuros dos Estados Unidos inverteram o sinal e passaram a apontar para uma tendência de alta no pregão de hoje (05). Por volta das 9h30, o Dow Jones futuro operava em alta de 0,18%, enquanto o S&P 500 futuro subia 0,22% e o Nasdaq futuros também tinha ganhos de 0,16%.
Os investidores seguem de olho nos juros futuros do país, que influenciam diretamente os títulos do Tesouro norte-americano, os Treasuries. Entretanto, esses títulos passaram a operar na estabilidade na manhã de hoje.
Tanto o T-note de 10 anos quanto o de 5 anos estavam operando com variação positiva de 0,01%, enquanto o T-note de 2 anos estava em queda de 0,02% e o T-Bond de 30 anos avançava mais fortemente, com 0,16% de ganhos.
Panos quentes que queimaram
A fala de Jerome Powell deve repercutir ainda hoje nas bolsas mundiais. O presidente do Banco Central americano (Federal Reserve, o Fed) não deu maiores sinais de que pode fazer algo sobre a valorização dos títulos do tesouro no longo prazo.
Isso deve ofuscar os dados do mercado de trabalho norte-americano (payroll) e desemprego, que devem ser divulgados ainda hoje. Os indicadores dos últimos meses apontam para uma retomada mais fraca da economia, o que pressiona os Treasuries de longo prazo.
Dirigentes dos principais Bancos Centrais pelo mundo vêm afirmando que a política de estímulos é necessária neste momento de pandemia. Mas os investidores temem que essa enxurrada de dinheiro acabe pressionando a inflação, como o pacote de estímulos de Joe Biden, de US$ 1,9 trilhão, que tem sido pauta nas Casas legislativas dos EUA.
Talkeyshow
Em sua live semanal, o presidente da República Jair Bolsonaro minimizou as mortes de covid-19. Ele afirmou que “lamenta qualquer morte”, mas continuou, “mas temos que tocar a vida”. “Agora parece que só morre gente de covid no Brasil”.
Vale lembrar que economistas de todo o mundo reforçam que o combate à pandemia com a vacinação em massa é o único caminho para a retomada da atividade econômica.
Mais para frente, Bolsonaro afirmou que não interferiu na Petrobras e que “especuladores mafiosozinhos” teriam lucrado com especulações e rumores sobre a estatal. Entretanto, só nesta semana, cinco membros do conselho de administração pediram para sair do colegiado após o presidente trocar a gerência da estatal.
Lockdown
Diversos estados do país passarão a adotar medidas de restrição de circulação nessa próxima semana. A medida, criticada pelo presidente da República, busca reduzir o contágio pelo coronavírus.
Se, por um lado, o fechamento de estabelecimentos pode evitar aglomerações, por outro, diversos governadores enfrentam resistência dos lojistas porque não podem sustentar empregos sem uma contrapartida econômica, como o auxílio emergencial.
Produção industrial
O IBGE deve divulgar hoje os dados da Produção Industrial de janeiro. As expectativas do mercado são de um aumento de 0,40% (na mediana das projeções).
Entretanto, esses dados não devem alterar a projeção da Selic no curto prazo, que tem uma tendência de alta até o final do ano.
PEC emergencial
Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial no Senado, o texto agora vai para a Câmara na próxima semana. A proposta pode trazer de volta novas parcelas para o auxílio emergencial que, segundo o governo, pode ser no valor de R$ 150 a R$ 350.
Além disso, a proposta busca melhorar a situação fiscal da União, dos estados e dos municípios por meio de gatilhos fiscais, que impedem a implementação de novos gastos.
O texto deve ser votado no Congresso na quarta-feira (10), o que não deve influenciar a bolsa por aqui até o dia da votação. Mas a equipe econômica teme que, nesse período de espera, deputados busquem retirar alguns pontos importantes da PEC, como ocorreu no Senado, e ela seja ainda mais desidratada.
Agenda do dia: fique por dentro
- No Brasil, a FGV deve lançar os dados do mercado de trabalho (8h).
- O IBGE deve fazer a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal de janeiro (9h).
- Nos Estados Unidos, dados do mercado de trabalho (payroll) de fevereiro (10h30).
- Taxa de desemprego dos Estados Unidos (10h30).
- Participação da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em um webnar (11h).
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