De olho em “pacote Biden”, bolsa sobe mais de 1% e dólar encosta em R$ 5,20
Expectativa por pacote trilionário nos Estados Unidos levou a moeda americana a ter um movimento de desvalorização em escala global.
Embora o mercado financeiro acompanhe bem de perto as idas e vindas do desenvolvimento e campanhas de vacinação em todo mundo, tem uma outra injeção que faz os olhos dos investidores brilharem ainda mais: aquela aplicada por bancos centrais e governos ao redor do globo e que dão sobrevida à atividade econômica.
A pandemia do nem-mais-tão-novo-assim-coronavírus está prestes a completar um ano. Vacinas que prometem imunizar a população já começam a ser aplicadas, mas os governos ainda possuem um longo caminho para percorrer.
Todos os dias, a lista de países e regiões que endurecem suas regras de isolamento social só crescem, limitando mais uma vez a atividade econômica. E é por isso que uma injeção de dinheiro na economia segue sendo tão importante.
Esses estímulos permitem uma manutenção de liquidez no mercado e prometem combater os piores efeitos econômicos causados pelas necessárias medidas de isolamento social.
A coisa segue feia em muitos lugares, mas a maior economia do mundo se encontra em uma situação particularmente delicada. Além de liderar o número de mortos por conta da doença, os Estados Unidos seguem batendo recordes de novas infecções e ainda mostram sinais de fraqueza econômica. Um número que indica essa realidade foi divulgado hoje. O número de pedidos de auxílio-desemprego na semana atingiu a maior alta em 5 meses no país, com 965 mil novos pedidos, acima do esperado pelos analistas.
Os EUA já injetaram trilhões de dólares na economia e vem mais alguns trilhões por aí. Pelo menos é isso que esperam os investidores, que sustentaram o otimismo durante o dia com a expectativa de que o novo pacote de ajuda, que deve ser revelado ainda hoje pelo presidente eleito Joe Biden, seja de pelo menos US$ 2 trilhões. Essa ansiedade deixou em segundo plano até mesmo o impeachment do atual presidente Donald Trump.
Leia Também
Depois de amargar uma queda acentuada na sessão passada, o Ibovespa decidiu deixar de lado os ruídos políticos que poderiam limitar o seu movimento de alta e pegou carona no apetite por ativos de risco do exterior. O perdeu um pouco de força no fim do dia, com a piora do clima em Nova York, mas ainda assim fechou o dia em alta de 1,27%, aos 123.481 pontos.
Jogando água no milkshake
Desde ontem, o mercado financeiro começou a precificar positivamente um provável novo pacote de estímulos fiscais nos Estados Unidos no valor de US$ 2 trilhões.
Desde o tempo de campanha, o presidente Joe Biden se mostra muito favorável a engordar a economia com novos estímulos e já se pronunciou dizendo que a cifra deve ficar na casa dos trilhões de dólares. Com o governo democrata controlando Câmara e Senado, a leitura é de que será mais simples autorizar novas medidas de estímulos, o que levou as bolsas globais a buscarem recorde atrás de recorde nas últimas semanas.
Hoje não foi diferente. O índice Dow Jones e o Nasdaq chegaram a renovar as suas máximas intraday. Bom, isso até o The New York Times noticiar que o pacote na verdade deve ser de "apenas" US$ 1,9 trilhão.
O mercado espera que o pacote inclua auxílio individual para os americanos, suporte aos estados e financiamento da distribuição de vacinas e, segundo o jornal, esses pontos realmente fazem parte do plano. Mas, ao invés de um cheque adicional de US$ 2 mil para os cidadãos afetados pela pandemia, o governo deve propor um auxílio de US$ 1,4 mil — que somado ao já aprovado US$ 600 totaliza US$ 2 mil.
A notícia foi suficiente para fazer com que as bolsas americanas devolvessem os ganhos e fechassem o dia no vermelho. O Nasdaq recuou 0,12%, o S&P 500 caiu 0,38% e o Dow Jones fechou em baixa de 0,22%.
Devagar com o andor
Ainda falando de estímulos, outro assunto que foi um grande catalisador de otimismo no mercado foi o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
O chefe do BC americano disse que existem chances da economia norte-americana voltar aos patamares pré-pandemia antes do previsto. Powell destacou que a política fiscal tem sido "fundamental" durante a crise e que a dívida pública americana cresce mais rápido do que a economia atualmente.
Embora tenha declarado que a situação é insustentável, afirmou também que o nível total da dívida é sustentável, negando que a dívida pública afete a política monetária.
Segundo Powell, os juros não devem voltar a subir tão cedo. Uma preocupação recente dos investidores, após declarações de outros dirigentes, era de que o Fed reduzisse o ritmo de compra de títulos, o que foi negado pelo presidente.
Buscando o 0 a 0
A moeda americana começou o ano em disparada, mas após três dias de intenso alívio, acumula agora uma valorização de apenas 0,40% em 2020.
A soma da fala de Powell, que confirmou a manutenção da atual política monetária por mais algum tempo, e a expectativa pelo "pacote Biden", que deve levar a uma desvalorização da divisa, pressionaram o dólar a seguir o seu trajeto de realização de lucros.
A moeda americana começou o ano em disparada, mas após três dias de intenso alívio, acumula agora uma valorização de apenas 0,40% em 2020. Só hoje, a moeda caiu 1,9%, a R$ 5,2097.
Segundo Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos, a fala de Powell aponta que "continuaremos a ter muito dinheiro transbordando para fora da economia americana, o que acaba apreciando as outras moedas. Isso é muito positivo para os emergentes".
O mercado de juros também seguiu em uma tendência de alívio com a fala de Powell e à espera de Biden na ponta mais longa. Confira as taxas de fechamento:
- Janeiro/2022: de 3,25% para 3,26%
- Janeiro/2023: de 5,03% para 4,96%
- Janeiro/2025: de 6,52% para 6,46%
- Janeiro/2027: de 7,28% para 7,10%
Ruídos (meio) ignorados
O dia começou carregado de ruídos políticos e grande pressão sobre as estatais no Brasil. O temor era de que essa tensão em Brasília pudesse trazer alguma cautela para os negócios, mas não foi bem assim.
O principal rumor ainda não foi de fato confirmado ou negado. Segundo o blog da Andréia Sadi, do G1, o presidente Bolsonaro está insatisfeito com os "efeitos políticos" da gestão de André Brandão, chefe do BB. Na visão de Bolsonaro, o anúncio do fechamento de agências aumenta o desgaste político em ano pré-eleitoral. Sadi também informa que a equipe econômica está tentando reverter a situação.
As ações do Banco passaram a subir mais de 1% após a notícia de que Brandão não deve sair do cargo e conta com o apoio da equipe econômica e do presidente do Banco Central, mas a companhia não conseguiu sustentar a alta e acabou fechando o dia em queda de 0,27%.
Após o fechamento dos mercados, o banco estatal voltou a afirmar que não recebeu nenhuma comunicação pedindo o desligamento de seu CEO.
O Banco do Brasil não foi a única estatal monitorada na sessão de hoje. O mercado também ficou de olho na Petrobras, pois existe uma desconfiança de que o governo vem evitando que a petroleira repasse a alta recente do petróleo para os consumidores.
Sobe e desce
Esse movimento de maior otimismo com as vacinas — seja ela feita em laboratório ou por bancos centrais — foi gatilho para um movimento de alta em empresas que normalmente são mais afetadas pela pandemia, em uma rotação de setores após as quedas recentes. A desvalorização do dólar também beneficiou aquelas companhias que possuem suas dívidas e/ou custos em dólar. Confira as principais altas do dia:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| EMBR3 | Embraer ON | R$ 9,98 | 8,48% |
| AZUL4 | Azul PN | R$ 38,57 | 7,26% |
| ECOR3 | Ecorodovias ON | R$ 13,55 | 5,61% |
| CVCB3 | CVC ON | R$ 20,37 | 5,49% |
| LREN3 | Lojas Renner ON | R$ 43,38 | 4,78% |
Confira também as principais quedas do índice:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| PRIO3 | PetroRio ON | R$ 78,00 | -1,86% |
| NTCO3 | Natura ON | R$ 50,35 | -1,66% |
| TOTS3 | Totvs ON | R$ 28,18 | -1,47% |
| MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 23,73 | -1,21% |
| JBSS3 | JBS ON | R$ 24,56 | -1,21% |
A bolsa nas eleições: as ações que devem subir com Lula 4 ou com a centro-direita na Presidência — e a carteira que ganha em qualquer cenário
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual, fala sobre como se posicionar para as eleições de 2026 e indica uma carteira de ações capaz de trazer bons resultados em qualquer cenário
As ações para ‘evitar ser estúpido’ da gestora cujo fundo rende 8 vezes mais que o Ibovespa
Atmos Capital tem 40% da carteira de R$ 14 bilhões alocada em concessionárias de serviços públicos; veja as ações da gestora
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
