Existem diversas técnicas disponíveis para os atletas de maratona na hora de encarar uma prova. Alguns são adeptos à constância e buscam manter o mesmo ritmo do início ao fim; outros optam por uma disparada inicial para garantir a dianteira já na largada e administram a vantagem nos quilômetros restantes.
Na corrida financeira protagonizada pelas empresas da bolsa brasileira, a Vale (VALE3) parecia optar pela primeira tática. Até setembro, a mineradora estava sempre entre as líderes na disputa da Ação do Mês do Seu Dinheiro, acumulando 21 aparições consecutivas no pódio.
Até que, no mês seguinte, faltou fôlego e a empresa desapareceu dos primeiros lugares da seleção que reúne os papéis preferidos dentro das carteiras recomendadas dos analistas. Sentindo o peso da forte queda do minério de ferro no período, foi ultrapassada pela concorrência.
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Durante dois meses, ficou difícil até para nós — que observamos essa maratona de perto e relatamos todos os movimentos para você — distinguir a Vale entre o pelotão de ações com pouco destaque para as corretoras. Com apenas uma indicação em novembro, o gás da empresa dava indícios de que, assim como o ano, estava chegando ao fim.
Mas eis que, próximo ao fim da disputa, a Vale mostrou que não estava sem combustível: na verdade, a estratégia da companhia consistia em guardar fôlego para os últimos quilômetros. Com o asfalto todo esburacado pela quebradeira fiscal e a descoberta de uma nova variante do coronavírus assustando a todos, eles exigiram muito mais força dos participantes.
Além de ser a preferida para dezembro, a Vale ela também foi a ação mais recomendada do ano, aparecendo no pódio em dez meses. Em sete deles a mineradora esteve em primeiro lugar, enquanto as outras três aparições foram na segunda posição.
O Itaú Unibanco (ITUB4), que vinha liderando o último trecho da maratona, teve que se contentar com o segundo lugar. Indicada como uma das ações preferidas por seis corretoras neste mês, a mineradora ultrapassou o banco, rasgou a fita primeiro e ficou com a medalha de ouro.
Além de perder a ponta no final do da disputa, o Itaú viu outras duas empresas encostarem para dividir a medalha de prata. Com três indicações cada, Gerdau (GGBR4) e PetroRio (PRIO3) também conquistaram o segundo lugar.
Vale destacar também as empresas que empataram na disputa pelo bronze. São elas: Banco do Brasil (BBSA3), Bradesco (BBDC4) e Vibra Energia (VBBR3), recomendadas por duas corretoras cada. Confira aqui todos os papéis apontados pelas 14 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro:
Entendendo a Ação do Mês: todos os meses, o Seu Dinheiro consulta as principais corretoras do país para descobrir quais são suas apostas para o período. Dentro das carteiras recomendadas, normalmente com até 10 ações, os analistas indicam as suas três prediletas. Com o ranking nas mãos, selecionamos as que contaram com pelo menos duas indicações.
Vale (VALE3) — queda do minério não assusta
Depois de dois meses sumida, a Vale (VALE3) fez um retorno triunfal ao lugar mais alto do pódio da Ação do Mês do Seu Dinheiro. A mineradora permaneceu entre as ações preferidas da Órama e apareceu no top 3 da Mirae, Modalmais, Nova Futura, Terra Investimentos e Warren.
Com isso, ela retoma a trajetória vitoriosa que, até setembro, ostentava a marca de 21 meses consecutivos no pódio. Agora a contagem se inicia novamente, mas quem seguiu a recomendação desde lá já acumulou valorização de cerca de 66%.
O que explica a sua volta ao posto de queridinha dos analistas? Sabemos que o mesmo vilão que a prejudicou no passado continua assombrando as ações: o minério de ferro, carro-chefe da companhia, fechou novembro em queda de 3,9%, o quinto recuo mensal seguido.
Apesar disso, as perspectivas para a commodity melhoraram significativamente. A China ainda pressiona as cotações, mas o pacote de estímulos de US$ 1,2 trilhão aprovado nos Estados Unidos traz alívio ao setor.
Serão gastos cerca de US$ 550 bilhões apenas em estradas, pontes, ferrovias, hidrovias, rede elétrica, internet de alta velocidade e outras obras públicas que demandarão commodities como o aço durante alguns anos.
E, nesse quesito, a Vale sai na frente da concorrência: a qualidade de seu minério de ferro é referência no mercado global. Além disso, é capaz de suprir a demanda extra, conforme destaca a Órama em sua recomendação.
“A companhia possui algumas plantas que estão paradas e assim, mesmo que a demanda por minério aumente, será possível honrar os pedidos sem grandes problemas”, escrevem os analistas.
Os dividendos robustos distribuídos pela mineradora também são um atrativo a parte para os investidores. Os pagamentos, que já somavam R$ 73 bilhões até setembro, são os maiores entre as empresas listadas na B3.
Com o endividamento devidamente controlado, nem mesmo as obrigações financeiras com os desastres de Mariana e Brumadinho devem impedir a empresa de continuar presenteando seus acionistas com as somas bilionárias.
Gerdau (GGBR4) — explorando a cadeia do aço
Saindo das menções honrosas para o segundo lugar, uma das três medalhas de prata da nossa seleção também está inserida na cadeia do aço. Mas, ao contrário da Vale, a Gerdau (GGBR4) se destaca pela diversificação na exposição ao produto.
A siderúrgica, que acumula alta de quase 1% no que foi mais um mês difícil para as ações brasileiras, garantiu o pódio ao estrear em grande estilo entre as indicações favoritas de Ativa, Inter e Modalmais e também é bem vista por casas de análise.
O Itaú BBA, por exemplo, recomenda a compra para os papéis preferenciais da empresa e estima um potencial de alta de 33% na cotação. Segundo os analistas, Gerdau também pode ser uma boa defesa para o patrimônio em ano eleitoral, já que boa parte da sua receita é dolarizada.
Com unidades nos Estados Unidos, a siderúrgica brasileira também deve pegar na veia o impulso do pacote de estímulos à infraestrutura recém-aprovado pelo governo de Joe Biden.
Para os analistas do Inter, a Gerdau “está bem posicionada para aproveitar as oportunidades e sobrepor os desafios” esperados para o próximo ano. O banco destaca que os resultados do terceiro trimestre já superaram “de longe” as suas projeções, e as perspectivas para o final do ano são otimistas.
Para quem gosta de proventos, o papel também é uma boa escolha. No mês passado foram distribuídos R$ 2,7 bilhões em dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP).
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Itaú Unibanco (ITUB4) — Bancão com “B” maiúsculo
Apesar de ter perdido a primeira posição, o Itaú Unibanco (ITUB4) conseguiu segurar o segundo lugar entre as ações mais recomendadas pelas corretoras. O banco é mais uma vez um dos preferidos da Guide e Santander e passou a integrar o top 3 da Terra.
Os resultados da instituição financeira — cujo lucro líquido superou as expectativas dos analistas e avançou 34,8%, para R$ 6,7 bilhões no terceiro trimestre — e sua disposição para correr atrás das fintechs são um dos principais atrativos para os analistas
O Iti, sua marca digital, bateu os 10 milhões de clientes no período, com 2,2 milhões de novos CPFs. Ao todo já são 5,7 milhões de novos clientes digitais neste ano, considerando o aplicativo Itaú.
O bancão também indicou ao mercado que um dos seus objetivos é tornar-se cada vez mais internacional ao aumentar mais uma vez sua participação no CorpBanca. A história com o banco chileno começou em 2014, em uma operação que incluiu sua maior fusão fora das fronteiras nacionais.
Agora, com uma nova transação de US$ 3,7 bilhões, o Itaú assumiu o controle acionário do CorpBanca e ampliou sua presença no Chile e na Colômbia, onde a instituição financeira chilena também encontra-se bem posicionada.
Por fim, um empurrãozinho do cenário macroeconômico aumenta ainda mais o apelo das ações no banco nos próximos trimestres: o ciclo de alta da Selic.
A taxa básica de juros brasileira, que influencia as taxas cobradas no crédito pessoal e imobiliário, engatou seis elevações seguidas neste ano e promete subir ainda mais antes do final de 2021, encerrando o ano em 9,25%.
PetroRio (PRIO3) — estratégia eficiente agrada
A terceira medalha de prata da seleção esperou até o final do ano para sair da sombra das menções honrosas e desbancar a Petrobras (PETR4) no posto de petroleira preferida das corretoras.
Para isso, a PetroRio (PRIO3) manteve-se no top 3 da Warren e conquistou um lugar entre as favoritas da Ativa e Toro em dezembro.
A companhia, que é a maior produtora independente de petróleo do país, é beneficiada pela alta nos preços da commodity. No auge da pandemia, o barril chegou a ser vendido por US$ 20; agora a cotação já está próxima aos US$ 70.
E, segundo o Goldman Sachs, há mais espaço para alta. Com a demanda aquecida, os analistas atualizaram suas projeções e apostam que o preço deve chegar a US$ 90 neste final de ano, contra previsão anterior de US$ 80.
O mercado também gosta do posicionamento da empresa em relação à exploração do produto. Conforme explica a Toro Investimentos, o foco está no desenvolvimento de poços maduros e “não mais na descoberta de campos, estratégia que possui um alto risco e exige investimentos pesados”.
Dentro dessa estratégia, um alvo em especial animou os investidores. Os consórcios das quais a PetroRio participa foram escolhidos para a negociação final com a Petrobras para a aquisição dos campos de Albacora e Albacora Leste.
As estimativas apontam para uma cifra próxima aos US$ 4 bilhões, no que seria a maior aquisição da história da empresa. Os ativos, que fazem parte do plano de desinvestimentos da estatal, podem dobrar a produção da PetroRio, de acordo com o Credit Suisse.
Repercussão — queda é motivo para desespero ou compra?
Com a PEC dos Precatórios ainda em tramitação no Congresso, o ruído fiscal não deu trégua para a bolsa. Juntando o enrosco político à descoberta da variante ômicron e ao novo discurso do presidente do banco central dos Estados Unidos sobre a inflação no país, o resultado foi o quinto mês seguido de queda do Ibovespa. O principal índice acionário brasileiro encerrou novembro com um recuo de 1,53%.
Mas, apesar da nova derrota do índice, a tabela com as ações recomendadas está menos vermelha do que no mês passado. Os campeões de novembro, Itaú e JBS (JBSS3) — que recuaram 4,65% e 6,58%, respectivamente — estão entre as quedas, mas longe de serem os destaques negativos do período.
Entre as ações preferidas deste mês, a Gerdau foi a única a registrar ganhos, com alta de 0,94%. A Vale recuou 2,85% e a PetroRio caiu 15,45%, o que pode significar uma boa oportunidade de compra a preços descontados para quem seguir a recomendação. Veja a lista completa:
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