A cautela deve predominar nas bolsas pelo mundo por mais um dia, com a decisão de política monetária do Federal Reserve já cruzando a linha do horizonte em direção ao investidor. As atenções se voltam para o discurso de Jerome Powell, presidente da autoridade, após a divulgação.
A extensão do teto da dívida do governo americano deve dar um alívio limitado aos investidores nesta quarta-feira (15). Um novo debate para mais um aumento dos gastos públicos só deve ficar para o segundo semestre de 2022, mas os republicanos conseguiram a aprovação de um dispositivo que coloca o furo no teto na conta dos democratas — o que deve pesar nas próximas decisões do presidente americano Joe Biden.
Por aqui, a votação dos destaque da PEC dos precatórios deve movimentar os negócios, em dia de prévia do PIB, medida pelo IBC-Br. Ainda, a participação de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, ministro da Economia, em um evento da Fiesp deve chamar a atenção.
Nos últimos dois pregões, a bolsa brasileira amanheceu em alta, mas inverteu o sinal e fechou em queda com a piora do sentimento internacional. Ontem (14), o Ibovespa encerrou o dia com um recuo de 0,59%, aos 106.760 pontos, enquanto o dólar à vista alcançou o maior patamar desde abril: R$ 5,6937, alta de 0,35%.
Prepare-se para o dia e confira o que movimenta o Ibovespa hoje:
Federal Reserve
A tão esperada decisão de política monetária do Banco Central americano acontece na tarde desta quarta-feira (15). Os investidores devem permanecer atentos à decisão de hoje, que deve manter a taxa de juros entre 0% e 0,25%, mas a coletiva de Jerome Powell, presidente da autoridade, será o grande destaque.
Powell já abriu mão do discurso de inflação transitória no país e deu sinais de que a taxa de juros americana pode subir nos primeiros meses de 2022. Além disso, o tapering, a retirada de estímulos da economia dos EUA, deve começar antes — e a vazão da torneira de dinheiro do Fed deve diminuir mais rápido do que o esperado.
Teto da dívida
Ainda nos Estados Unidos, o Congresso americano aprovou uma medida que aumenta o limite de endividamento do governo em US$ 2,5 trilhões juntamente com uma proposta que lança o próximo impasse com o teto da dívida para um período pós eleições de meio de mandato em 2022.
A proposta ainda precisa passar pela aprovação do presidente americano Joe Biden, que deve sancionar a medida sem maiores complicações.
Por outro lado, também foi aprovado um dispositivo em que os democratas (partido de Biden) aumentem ainda mais o limite de empréstimos por maioria simples, o que retira a responsabilidade dos republicanos (oposição) em caso de descontrole das contas públicas, de acordo com o Dow Jones Newswires.
Dessa forma, um novo aumento do teto pode ser aprovado por 50 votos contra 49, diferentemente do sistema atual, em que são necessários 60 votos. Mas os analistas já começam a questionar se os sucessivos aumentos do teto da dívida não são uma irresponsabilidade da gestão atual, o que mexe diretamente com os mercados.
Coronavac
Um estudo conduzido pela Universidade de Hong Kong indicou, em resultados preliminares, que duas doses da vacina da Sinovac, conhecida no Brasil como Coronavac, geraram “níveis inadequados” de proteção contra a variante ômicron da covid-19.
Novos estudos estão sendo conduzidos para verificar a eficácia de uma imunização com três doses da coronavac. A vacina sinovac foi produzida no Brasil em parceria com o instituto Butantã, de São Paulo, e é a mais utilizada no país.
PEC dos precatórios
A Câmara aprovou na noite de ontem (14) a segunda parte da proposta que parcela as dívidas que o governo tem com o judiciário, com a manutenção do limite de pagamento dos débitos até 2026. Ainda permanece o dispositivo que limita as despesas com precatórios, o que abre um espaço de R$ 43,8 bilhões no teto de gastos em 2022.
A mudança na regra de cálculo que limita o crescimento das despesas pela inflação também abre outros R$ 62,2 bilhões.
Ainda hoje, os deputados devem votar os destaques da PEC dos precatórios, o que já gerou certa tensão com os gestore estaduais sobre as parcelas envolvendo o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que deve ser paga ainda em 2022 e ficar fora do teto.
Nos indicadores do dia…
A FGV divulga agora cedo o IGP-10 de dezembro e, mais tarde, o Banco Central publica os números do IBC-Br de outubro, considerado uma prévia do PIB oficial.
A expectativa é de que o indicador recue 0,40% em outubro frente a setembro, mediana das projeções de especialistas ouvidos pelo Broadcast. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda é de 0,80% na mediana.
O presidente da República Jair Bolsonaro participa de um evento da Fiesp juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que deve comentar o resultado do IBC-Br e reforçar sua tese de crescimento em “V” da economia após a pior fase da covid-19.
Bolsas pelo mundo
A cautela antes da decisão de política monetária do Federal Reserve reduziu o apetite de risco dos investidores na Ásia, somado a um novo estudo da Universidade de Hong Kong que indicou que duas doses da vacina Sinovac (Coronavac, no Brasil) não induziram a uma proteção suficiente contra a variante ômicron da covid-19, derrubou as bolsas por lá.
Na Europa, os primeiros minutos do pregão foram de alta, enquanto os investidores aguardam a decisão de juros do Fed, divulgada hoje, e do Banco Central Europeu, lançada amanhã.
Por fim, os futuros de Nova York operam sem direção definida pela manhã.
Agenda do dia
- FGV: IGP-10 de dezembro (8h)
- Banco Central: IBC-Br de outubro (9h)
- Estados Unidos: Vendas no varejo de novembro (10h30)
- Política: Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Economia, Paulo guedes, devem participar de evento na Fiesp (16h)
- Estados Unidos: Federal Reserve anuncia decisão de política monetária (16h)
- Estados Unidos: Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, concede coletiva após decisão de política monetária (16h30)
- Câmara deve concluir votação da PEC dos Precatórios
- Tribunal de Contas da União analisa privatização da Eletrobras