Com problemas domésticos de montão e um exterior com o pé no freio, o Ibovespa tendeu a focar nas tensões locais nos últimos dias, um movimento que persiste na largada do segundo semestre.
Os dados do Caged divulgados pela manhã vieram mais fortes do que o esperado e as bolsas internacionais operam em alta após dias de forte cautela com a variante delta do coronavírus. Mas todos esses aspectos positivos são eclipsados pelo tempo fechado em Brasília.
A CPI da covid-19 investiga denúncias de corrupção envolvendo membros do governo para a compra de vacinas contra o coronavírus. Além disso, o "superpedido" de impeachment, protocolado ontem por membros dos mais diversos partidos também causa desconforto, principalmente após a fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que afirmou que a pauta não deve ser banalizada.Para Rafael Passos, sócio da Ajax Capital, o movimento não deve ganhar forças, mas é suficiente para causar estragos na base do governo.
A bolsa brasileira até chegou a operar no azul nos primeiros minutos do pregão, mas o ambiente vem se deteriorando ao longo do dia, com bolsa, dólar e juros pressionados. Por volta das 16h o principal índice da B3 operava em queda de 1,31%, aos 125.161 pontos, ignorando os dados melhores do que o esperado do mercado de trabalho brasileiro. O dólar à vista sobe 1,27%, a R$ 5,0363.
A curva de juros também é pressionada pelo aumento do risco político, principalmente nos vencimentos mais longos. Confira:
- Janeiro/22: de 5,69% para 5,71%
- Janeiro/23: de 6,70% para 7,15%
- Janeiro/25: de 8,06% para 8,19%
- Janeiro/27: de 8,49% para 8,62%
A reforma tributária também segue incomodando, com impacto principalmente no setor bancário, o que ajuda a manter o Ibovespa no vermelho. Para Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, tanto a reforma tributária quanto os ruídos políticos devem ter efeitos limitados, com a bolsa passando por uma correção técnica. “Mesmo que no curto prazo ocorram realizações pontuais, a expectativa segue positiva com a melhora das projeções para a economia”
Mercado de trabalho em foco
Em Wall Street, as bolsas exibem uma leve alta, repercutindo positivamente os dados do mercado de trabalho do país. Mais cedo, o país anunciou a queda do número de novos pedidos de auxílio desemprego para o menor nível da pandemia, a 364 mil. Embora seja um número positivo, ainda é menor do que a projeção dos analistas.
No Brasil, também temos novidades. Ontem, a taxa de desemprego deixou um gosto amargo na boca dos analistas, mesmo que o número de 14,7% tenha vindo em linha com o esperado. Hoje, o Caged mostrou que o Brasil criou 280.666 novas vaga, acima do esperado.
Sobe e desce
A BR Distribuidora lidera as altas do dia após a Petrobras confirmar a precificação das ações da companha em R$ 26 no processo de desinvestimentos. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
BRDT3 | BR Distribuidora ON | R$ 27,44 | 2,85% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 20,01 | 2,67% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 19,55 | 2,36% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 19,33 | 0,99% |
HGTX3 | Cia Hering ON | R$ 34,50 | 0,85% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 36,66 | -2,63% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 26,45 | -2,25% |
CSAN3 | Cosan ON | R$ 23,42 | -2,25% |
ENGI11 | Engie units | R$ 45,59 | -2,17% |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 83,11 | -2,14% |