Brasil vira mercado “inoperável” com “risco Bolsonaro” e ameaças ao teto de gastos, dizem gestores de fundos
O cenário piorou com a intervenção nas estatais e o risco fiscal, mas nos patamares atuais fica muito arriscado apostar contra o país, segundo gestores de fundos
Uma grande oportunidade ou um grande caso perdido? Essa é a pergunta que gestores de fundos e analistas do mercado financeiro se fazem neste momento em relação à perspectiva para os ativos brasileiros.
É consenso que o cenário para investir no Brasil piorou — e muito — após a decisão do governo de trocar o comando da Petrobras, que colocou definitivamente o chamado “risco Bolsonaro” na pauta dos investidores.
Ao mesmo tempo, a frágil situação fiscal do país em meio aos sucessivos furos no teto de gastos torna a economia brasileira suscetível a qualquer abalo externo.
Tudo isso indicaria um momento perfeito para apostar contra o Brasil, por exemplo com a clássica aposta de comprar dólares e ficar “tomado” no mercado de juros, que ganha com a alta da Selic.
Foi exatamente o que o mercado fez nas últimas semanas, com a queda da bolsa e a disparada da moeda norte-americana e dos juros futuros. O problema é que o Brasil ficou “barato demais” nos patamares atuais.
Isso significa que, embora a situação sempre possa piorar, a chance de perda de quem estiver na ponta contrária é enorme se o barco liberal do governo não virar e o cenário externo ajudar.
Leia Também
Quem resumiu da melhor forma o atual momento dos mercados locais foi Fabio Akira, sócio e economista-chefe da BlueLine Asset Management. “Está impossível operar Brasil”, ele me disse, em uma entrevista ontem à tarde.
Diante da total falta de visibilidade — para o bem ou para o mal — a gestora mantém hoje suas principais posições de risco nos mercados internacionais.
Akira disse que o país ultrapassou linhas importantes ao flertar com intervencionismo setorial e o risco fiscal, justamente no momento em que lá fora os mercados passam por uma turbulência provocada pela alta das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos.
“Se eu tivesse certeza de que o Brasil iria degringolar, operava short [vendido], mas o preço está tão deprimido que no caso de qualquer alento os ativos podem ter uma melhora rápida” — Fabio Akira, BlueLine Asset Management
Um exemplo da baixíssima visibilidade nos mercados se deu justamente durante a minha entrevista com Akira, quando o Ibovespa saiu do patamar dos 107 mil para a casa dos 112 mil pontos. Tudo isso em menos de meia hora.
O motivo para a súbita melhora foi a sinalização do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que o Bolsa Família não ficará de fora da regra do teto de gastos.
Sonho ou pesadelo?
O mais irônico nessa história é que o momento atual nos mercados globais em tese é favorável ao país. O tal do “reflation trade”, movimento em que os investidores apostam em ativos que ganham com a alta da inflação, impulsionou vários mercados exportadores de commodities, enquanto o país mais uma vez ficou para trás.
“Se você sonhasse com um cenário incrível para o Brasil não teria imaginado algo tão bom quanto agora”, me disse Sylvio Castro, sócio da Grimper Capital.
Baseado apenas no cenário atual dos mercados, os ativos brasileiros deveriam estar hoje em patamares muito mais altos, segundo o gestor. “A preocupação dos investidores deveria ser se a bolsa não estaria cara demais, e não o contrário como agora.”
Com a indefinição no cenário brasileiro, Castro prefere surfar na onda da valorização das commodities diretamente nesses ativos ou via outros países produtores.
Mas o gestor também não embarca na aposta contra os ativos locais. “Os preços poderiam estar ainda piores depois do que aconteceu nas últimas semanas. Mas é difícil 'shortear' [vender] Brasil.”
Leia também:
- 5 pontos para entender o resultado e a reação ao PIB do 4º trimestre
- A inflação nos EUA vai afetar os seus investimentos. Veja por que e o que fazer
- Mudança na Petrobras abala “casamento” do mercado financeiro com Bolsonaro
- Felipe Miranda: Governo dos 100 dias
Valor relativo
Com 17 anos de mercado, a Neo Investimentos está habituada às incertezas relacionadas à economia brasileira. Ao contrário de outras gestoras, a maior parte da exposição do principal fundo multimercado da casa permanece no país.
Mas para sobreviver — e ganhar dinheiro — em meio aos solavancos típicos do nosso mercado, a Neo aposta no chamado "valor relativo", o que torna os retornos do fundo menos dependentes do cenário econômico.
Mas o que isso quer dizer em relação ao Brasil de hoje? Para Mario Schalch, sócio-fundador da gestora, o mercado hoje embute uma perspectiva de alta muito acelerada da Selic, diante do risco fiscal e da inflação.
A chamada curva de juros indicava a possibilidade de uma alta de 7 pontos percentuais na Selic, o que levaria os juros brasileiros para 9%. “Temos a curva mais inclinada do mundo até três anos, e a menos inclinada depois desse período.”
Nesse contexto, o fundo se posiciona vendido no mercado de juros curto prazo, com a visão de que as taxas devem subir menos do que o projetado, e comprado nos prazos mais longos. O retorno vem do saldo entre as duas posições. “Mesmo que eu não esteja certo, consigo montar posições que trazem uma boa margem de manobra”, disse o gestor.
As ações para ‘evitar ser estúpido’ da gestora cujo fundo rende 8 vezes mais que o Ibovespa
Atmos Capital tem 40% da carteira de R$ 14 bilhões alocada em concessionárias de serviços públicos; veja as ações da gestora
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
