Ibovespa ensaia recuperação após ‘fico’ de Guedes; dólar devolve ganhos do dia e opera em queda

Em pronunciamento de pouco mais de 40 minutos, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, juntos, evitaram que os ativos domésticos tivessem mais um dia de horror. 

Após a debandada de diversos secretários do Ministério da Economia e a corrida do Congresso para alterar as regras fiscais vigentes e encaixar novos gastos do governo federal, o mercado financeiro ainda amanheceu com os temores de que Paulo Guedes fosse o próximo a abandonar o barco. 

Mas Guedes fica - e defende as manobras encontradas para encaixar tanto o novo auxílio temporário de R$ 400 como a ajuda aos caminhoneiros. 

A situação ainda está longe do ideal, mas as palavras tiraram o Ibovespa do mergulho. O principal índice da bolsa brasileira chegou a operar brevemente no campo positivo, mas agora recua. Por volta das 16h, a queda era de 0,64%, aos 107.046, longe das mínimas. 

Alívio também no dólar e na curva de juros. A moeda americana devolveu os ganhos do dia e agora cai 0,18%, a R$ 5,660. Mais cedo, alguns contratos de DI chegaram a ter as negociações paralisadas após oscilação máxima permitida.  

As opções de Copom negociadas na B3 mostram que a maior parte do mercado já espera uma elevação de no mínimo 1,25% na próxima reunião. Confira as taxas do dia:

• Janeiro de 2022: de 7,89% para 8,11%
• Janeiro de 2023: de 10,58% para 10,93%
• Janeiro de 2025: de 11,50% para 11,72%
• Janeiro de 2027: de 11,78% para 11,95%

O bom desempenho da Vale, em alta de quase 2%, ajuda a limitar o efeito negativo no índice. Além de monitorar Brasília de perto, os investidores também começam olhar para o início da temporada de balanços, que começa com a Hypera Pharma nesta sexta-feira (22). 

Em Wall Street, o dia é mais uma vez de sinais mistos, principalmente após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltar a falar sobre a possibilidade de retirada de estímulos em breve.

Entre mortos e feridos

Na noite de ontem, Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento; Gildenora Dantas, sua adjunta; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e seu adjunto, Rafael Araujo, pediram exoneração do Ministério da Economia. 

A gota d’água teria sido a aprovação do furo no teto de gastos e as manobras feitas via PEC dos precatórios para encaixar mais de R$ 80 bilhões em novas despesas - o que incluiu os R$ 400 do Auxílio Brasil e do auxílio aos caminhoneiros anunciado por Bolsonaro. 

Funchal é visto pelo mercado como um dos principais responsáveis pela defesa da saúde fiscal do país e sua saída da equipe demonstra a fragilidade em que se encontra o ministro Paulo Guedes. 

Depois de algumas semanas de enrosco, a PEC dos precatórios parece avançar rapidamente. Depois do texto aprovado, a pauta deve seguir para votação no plenário da Câmara. Os principais pontos do texto são a mudança do indexador do teto de gastos e o prazo para o reajuste, medidas responsáveis por abrir espaço para financiar os novos gastos. 

O que diz o presidente

Em sua live semanal nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para criticar a reação do mercado ao furo no teto de gastos. Hoje, diante dos rumores da saída de Paulo Guedes, Bolsonaro voltou a mostrar apoio ao seu ministro. Nesta tarde, o presidente deve visitou o ministério da Economia e participou de um pronunciamento ao lado de Guedes.

Sobe e desce do Ibovespa

Com o câmbio estressado e nas alturas, as empresas exportadoras voltam para a ponta positiva da tabela, beneficiadas pela cotação elevada. As empresas de mineração e siderurgia também voltam a apresentar ganhos, acompanhando o desempenho do minério de ferro no exterior. Confira as maiores altas do dia:

Confira também as maiores quedas:

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