Debêntures voltam a render mais que o CDI; hora de investir?
Após a crise que levou a uma onda de saques nos fundos que investem nos títulos de crédito emitidos por empresas, resultado do mês passado foi o melhor desde agosto de 2017
Manja debêntures? A pergunta lançada pela antiga propaganda de um bancão talvez faça mais sentido agora, diante da crise que mexeu com o mercado de títulos emitidos por empresas ao longo do segundo semestre do ano passado.
Depois da forte sacudida que derrubou a rentabilidade e levou a uma onda de saques nos fundos que investem nesses papéis, o mercado começa a dar sinais de volta à normalidade.
Em janeiro, o retorno do Idex, índice de debêntures calculado pela gestora JGP, foi de 0,70% – o equivalente a 184% do CDI. Foi o segundo mês seguido em que o indicador bate o referencial das aplicações de renda fixa.
O resultado do mês passado também deixou aplicações como a bolsa e fundos imobiliários no chinelo e foi o melhor desde que o índice começou a ser calculado, em agosto de 2017.
É claro que o retorno de curto prazo diz muito pouco sobre o que esperar daqui para frente. Por isso eu conto para você o que deu errado no passado recente e se vale a pena (voltar a) investir nos fundos que compram debêntures.
O que aconteceu?
De certo modo, esse mercado foi “vítima” do próprio sucesso. Com a queda da taxa básica de juros (Selic), os fundos de crédito privado, que investem boa parte do patrimônio em debêntures, se tornaram uma opção para o investidor que buscava um retorno adicional sem sair do conforto da renda fixa.
Leia Também
O forte aumento na captação desses fundos – muitos deles vendidos de forma errada pelas plataformas de investimento – provocou uma distorção no mercado de debêntures.
Como acontece toda vez em que há mais demanda do que oferta, os papéis ficaram caros demais. Foi o ajuste a esse movimento que fez a rentabilidade dos papéis (e por tabela dos fundos) despencar a partir de agosto do ano passado.
O rendimento das debêntures chegou a registrar queda por dois meses consecutivos, o que derrubou por tabela a retorno dos fundos. Imagine o efeito disso para os investidores habituados até então a ganhos acima do CDI praticamente sem volatilidade.
Resgates diminuem
No acumulado de 2019, o índice de debêntures marcou alta de 5,57% em 2019, abaixo dos 5,97% do CDI. Longe de ser uma tragédia, mas o suficiente para os investidores, principalmente os que não “manjavam debêntures”, pedirem o resgate dos fundos.
Na estimativa da JGP, o volume aplicado nos fundos de crédito “puro sangue” saltou de R$ 15 bilhões em 2014 para R$ 100 bilhões no auge da euforia, em julho do ano passado. Com a crise, eles perderam quase 15% do patrimônio nos meses seguintes.
Os resgates, contudo, vêm diminuindo desde dezembro, em outro sinal de que o mercado começa a voltar ao normal. Para a XP Investimentos, o segundo semestre de 2019 foi traumático (e elucidador) para os investidores de fundos de crédito privado. Não tanto pelos retornos magros, mas pela quebra de expectativas.
A recuperação do mercado tem se dado em um ritmo mais rápido do que o esperado, escreveu Samuel Ponsoni, responsável pela área de análise de fundos da XP. A expectativa dele é que os resgates nos fundos continuem caindo e se revertam para captações ainda antes do Carnaval.
Mercado parou
Justamente quando a balança voltou a pender favoravelmente para o lado do investidor com a melhora nas taxas, o volume de novas ofertas de debêntures teve forte queda.
Sem contar os papéis que ficam na carteira dos bancos, a estimativa é que as emissões tenham ficado abaixo de R$ 1 bilhão em janeiro, me disse Alexandre Muller, sócio e responsável pela área de crédito da JGP. Para efeito de comparação, a média mensal de ofertas de debêntures no ano passado superou os R$ 10 bilhões.
Depois da paradeira de janeiro, as empresas se preparam para voltar ao mercado e captar recursos com a emissão de debêntures, segundo Philip Searson, responsável pela área de renda fixa do Bradesco BBI.
“O ponto positivo desse ajuste no mercado é que ele não teve nada a ver com a qualidade de crédito das companhias”, disse.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Então, vale a pena investir?
Com a melhora nas taxas e a menor oferta, os títulos de dívida emitidos pelas empresas ficaram mais atrativos para o investidor. O principal risco para quem entrar em um fundo de crédito neste momento é o de que o ajuste não tenha terminado.
Mas o executivo do Bradesco BBI vê pouco espaço para uma repetição do movimento nos patamares atuais. “Quando os spreads de crédito das debêntures abrem, os ativos ficam interessantes para os bancos comprarem, o que traz estabilidade e um teto para os preços.”
Fiz a mesma pergunta para Alexandre Muller, da JGP. Para ele, o nível de taxa de juros pago pelas empresas com melhor qualidade de crédito deve se estabilizar na casa de 1% a 1,10% sobre o CDI.
“Como os spreads encerraram o mês passado na casa de 1,26% acima do CDI, nossa sensação é de que há algum espaço para compressão”, disse. Isso significa que, sim, investir em um bom fundo de crédito privado pode ser uma oportunidade para diversificar a parcela da sua carteira dedicada à renda fixa.
Como escolher?
Na hora de escolher um fundo, eu considero melhor evitar os que pagam o resgate imediato ou em um prazo menor que uma semana. Apesar da liquidez mais restrita (ou justamente por ela), os produtos com carência de pelo menos 30 dias são os mais adequados nessa modalidade.
Isso porque o maior prazo para o pagamento dos resgates garante mais tempo para que o gestor consiga administrar a compra e venda de papéis da carteira sem prejudicar os demais cotistas.
Os fundos de crédito também não são indicados para os recursos da reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar a qualquer momento. Outra dica –que vale para qualquer investimento, aliás – é não se guiar apenas pela rentabilidade passada e "manjar" os riscos de cada aplicação para evitar surpresas negativas no futuro.
De seguro pet a novas regiões: as apostas da Bradesco Seguros para destravar o próximo ciclo de crescimento num mercado que engatinha
Executivos da seguradora revelaram as metas para 2026 e descartam possibilidade de IPO
Itaú com problema? Usuários relatam falhas no app e faturas pagas aparecendo como atrasadas
Usuários dizem que o app do Itaú está mostrando faturas pagas como atrasadas; banco admite instabilidade e tenta normalizar o sistema
Limpando o nome: Bombril (BOBR4) tem plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça de SP
Além da famosa lã de aço, ela também é dona das marcas Mon Bijou, Limpol, Sapólio, Pinho Bril, Kalipto e outras
Vale (VALE3) fecha acima de R$ 70 pela primeira vez em mais de 2 anos e ganha R$ 10 bilhões a mais em valor de mercado
Os papéis VALE3 subiram 3,23% nesta quarta-feira (3), cotados a R$ 70,69. No ano, os ativos acumulam ganho de 38,64% — saiba o que fazer com eles agora
O que faz a empresa que tornou brasileira em bilionária mais jovem do mundo
A ascensão de Luana Lopes Lara revela como a Kalshi criou um novo modelo de mercado e impulsionou a brasileira ao posto de bilionária mais jovem do mundo
Área técnica da CVM acusa Ambipar (AMBP3) de violar regras de recompra e pede revisão de voto polêmico de diretor
O termo de acusação foi assinado pelos técnicos cerca de uma semana depois da polêmica decisão do atual presidente interino da autarquia que dispensou o controlador de fazer uma OPA pela totalidade da companhia
Nubank (ROXO34) agora busca licença bancária para não mudar de nome, depois de regra do Banco Central
Fintech busca licença bancária para manter o nome após norma que restringe uso do termo “banco” por instituições sem autorização
Vapza, Wittel: as companhias que podem abrir capital na BEE4, a bolsa das PMEs, em 2026
A BEE4, que se denomina “a bolsa das PMEs”, tem um pipeline de, pelo menos, 10 empresas que irão abrir capital em 2026
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio
Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320
Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história
Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”
Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026
As ligações (e os ruídos) entre o Banco Master e as empresas brasileiras: o que é fato, o que é boato e quem realmente corre risco
A liquidação do Banco Master levantou dúvidas sobre possíveis impactos no mercado corporativo. Veja o que é confirmado, o que é especulação e qual o risco real para cada companhia
Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições
A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital
RD Saúde (RADL3) anuncia R$ 275 milhões em proventos, mas ações caem na bolsa
A empresa ainda informou que submeterá uma proposta de aumento de capital de R$ 750 milhões
Muito além do Itaú (ITUB4): qual o plano da Itaúsa (ITSA4) para aumentar o pagamento de dividendos no futuro, segundo a CFO?
Uma das maiores pagadoras de dividendos da B3 sinaliza que um novo motor de remuneração está surgindo
