🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Investir ou não investir em ações em IPOs?

Vários IPOs estão previstos para este ano de 2020. Em princípio, não gosto de comprar ações em lançamentos, a não ser que conheça profundamente a empresa e saiba que suas perspectivas são ótimas

13 de fevereiro de 2020
4:37 - atualizado às 17:57
Ilustração relaciona IPO a casamento
IPO representa uma espécie de "casamento" das empresas com investidores na bolsa - Imagem: Pomb

Nos Estados Unidos, a década de 1920, chamada de Roaring Twenties (Esfuziantes Anos Vinte), é vista até hoje como um dos períodos mais felizes e prósperos do país.

A Europa também vivia uma época de boom econômico. Terminada a Primeira Guerra Mundial (1914/1918), dissipadas a Gripe Espanhola e as hiperinflações alemã e austríaca, agora floresciam as artes, a música e o cinema.

Mesmo o messiânico Adolf Hitler, líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido por sua abreviação, “Nazista”, perdera a maior parte dos seus adeptos.

Nos dois lados do Atlântico Norte era comum alguém dizer que chegara o momento onde todos seriam ricos.

A Bolsa de Valores de Nova York refletia essa onda de otimismo. Bastava comprar ações, praticamente qualquer uma, e aguardar a valorização, que raramente deixava de acontecer.

Como era pouco papel para muito comprador, pipocavam os underwritings (o termo IPO ainda não era usado).

Leia Também

Alguns lançamentos eram de empresas boas, outros de companhias sem grandes perspectivas de lucro, ou precificadas em níveis altos demais.

Finalmente, havia os trambiques: consórcios que compravam cotas de outros consórcios, que compravam cotas de outros consórcios e finalmente de consórcios que não compravam cotas de nada.

Como as cotações desses consórcios de araque, sem lastro algum, não faziam outra coisa a não ser subir, os investidores não questionavam as indicações dos brokers.

“What is the big tip for today? (Qual é a grande dica para hoje?)” – era só o que queriam saber.

Eis como narro essa face da febre especulativa em um parágrafo do capítulo 11 de meu livro “1929: quebra da bolsa de Nova York – a história real dos que viveram um dos eventos mais impactantes do século”, que os leitores Premium do Seu Dinheiro podem baixar no formato e-book:

“Evidentemente os investidores não faziam a menor ideia de onde o seu dinheiro fora parar. Muito menos se interessavam por esse detalhe. O que os deixava felizes era abrir o jornal todas as manhãs e ver que as cotas de seus consórcios de investimento haviam subido mais uma vez. Aqueles que resgatavam seus papéis, seja para garantir o lucro, seja por causa de uma necessidade inesperada, logo se arrependiam ao ver, nos dias e semanas seguintes, o quanto estavam deixando de ganhar.”

Como se sabe, logo após as férias de verão e do Labor Day, o mercado de ações fez uma máxima histórica e começou a cair.

A queda se acelerou em outubro, até que sobreveio o Grande Crash, ou Black Tuesday, que é como os americanos se referem ao dia 29 de outubro daquele ano, quando a NYSE (New York Stock Exchange) simplesmente evaporou.

Fortunas foram perdidas, milhares de bancos quebraram, iniciou-se a Grande Depressão dos Anos Trinta, que só teria fim com o advento da Segunda Guerra Mundial.

Ou seja, o mundo saiu da tragédia para a desgraça total, que resultou em mais de 50 milhões de mortos.

Mas, voltando ao Grande Crash, como sempre acontece puseram o cadeado depois da porta arrombada.

Foi criada a SEC (Securities and Exchange Commission), cujo princípio básico era “Full and Fair Disclosure (Transparência Justa e Completa)”. O novo órgão, entre outras atribuições de xerife do mercado, passou a fiscalizar os lançamentos de ações.

Sem a chancela da SEC, nenhum IPO pode ser levado a cabo.

Curiosamente, o primeiro chairman nomeado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt para a SEC foi Joseph Kennedy, pai de John Fitzgerald Kennedy e um dos maiores especuladores da Bolsa de Nova York. Por sinal, dos poucos que saiu lucrando na derrocada do mercado de ações.

Puseram a raposa para tomar conta do galinheiro e, como ela sabia de todos os truques, deu certo.

IPO na Prefeitura de BH

Meu primeiro contato profissional com IPOs, que ainda não eram conhecidos no Brasil por essa sigla (apenas “lançamentos”) aconteceu em 1961, quando tinha 21 anos de idade e já três de mercado.

Nessa ocasião, eu trabalhava na corretora H. Picchioni, em Belo Horizonte.

O prefeito da cidade, Amintas de Barros, decidiu criar uma empresa de economia mista, a qual deu o nome de Ferrobel – Ferro de Belo Horizonte S. A. O objetivo era explorar as jazidas de minério no parque das Mangabeiras, na periferia de BH.

Para o lançamento, não houve necessidade da autorização de nenhum órgão do governo federal. O Banco Central e a CVM ainda não existiam.

A H. Picchioni foi escolhida para vender ações ao público.

Puseram mesas e cadeiras no saguão da prefeitura.

Nós, os brokers, ficávamos sentados às mesas, atendendo os compradores.

Como a propaganda foi bem feita, e as opções de investimento na época eram poucas, milhares de pessoas acorreram ao local.

Não tenho certeza do preço unitário das ações, mas acho que foi Cr$ 1,00 (um cruzeiro). O candidato a acionista dizia quantas queria e preenchia um cheque no valor. Alguns pagavam em dinheiro. E levavam um recibo, que mais tarde seria trocado pelas cautelas.

Nós, os corretores, ganhamos nossa comissão. Já os investidores, nunca viram um centavo de lucro. A Ferrobel (o nome até que foi sugestivo) chegou a ensaiar as primeiras escavações, mas jamais conseguiu produzir com preço competitivo.

Em 1965, quando fui estudar mercado de capitais na NYU, é que passei a conhecer a mecânica dos IPOs.

As duas grandes vedetes daquela época eram as ações da Xerox e da Polaroid, ambas listadas na New York Stock Exchange.

Testemunhei, sem me dar muita conta de sua importância, o lançamento público das ações da cadeia de lanchonetes McDonald’s.

Se tivesse posto uns trocados nesse papel, e mantido o investimento até hoje, meu lucro teria sido de 2.700%, um ótimo retorno mesmo considerando a inflação americana no período: 715%.

Scotch garantido

De volta ao Brasil, e agora sócio da corretora Fator, além de operador de pregão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, testemunhei e participei de diversos lançamentos públicos.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ainda não fora criada e a fiscalização dos IPOs era praticamente nenhuma.

Nessa época, a Fator lançou ações da Norte Gás Butano, empresa com sede em Fortaleza mas que tinha praticamente monopólio de venda de gás em botijão de Sergipe até o Pará.

O dono da companhia, altamente lucrativa, era o empresário Edson Queiroz. O preço de venda, meio salgado: Cr$ 7,00. Mas valia a pena.

Fretei um Electra da Varig e levei, para Fortaleza, uma comitiva de profissionais de mercado, gente que tomava decisão nos fundos e grandes carteiras.

Não eram ações novas. Queiroz queria apenas ter as vantagens fiscais de ser uma companhia aberta e, para isso, diminuía sua participação na empresa, sem perder o controle.

Todas as pessoas que foram comigo sabiam disso. Mas não gostaram quando, na apresentação da Gás Butano, feita pelo próprio Edson Queiroz, alguém lhe perguntou o que faria com o dinheiro do lançamento.

Ele respondeu:

“Tomar scotch”, e levantou o copo de uísque que tinha em mãos.

Como se tudo isso não bastasse, numa reunião à noite na mansão do empresário, o governador do Ceará, César Cals, para cartear uma marra, disse que se os investidores não comprassem as ações que estavam sendo lançadas, o governo do Estado o faria.

O lançamento só não foi um fracasso total porque consegui fazer uma troca com o Joãozinho do Nascimento, dono e presidente do Banco Mineiro do Oeste, cuja instituição, por sinal, não ia lá muito bem das pernas. Tanto é assim que a chamavam de Banco Mineiro do Faroeste.

Entreguei as ações da Gás Butano para eles. Em troca, recebi CDBs de sua emissão, com vencimento em seis meses.

Foram 180 dias sofridos, até que os títulos venceram e pude resgatá-los. Mais tarde o Faroeste foi comprado pelo Bradesco por um valor simbólico.

"A grande enrabada"

Portanto underwritings e lançamentos não me trazem boas lembranças. A exceção fica por conta da BM&F. Não que eu tenha participado do IPO, mas eles me contrataram, pagando uma grana de respeito, para escrever um livro sobre a operação e o road show que a precedeu. O título é Projeto Maratona.

Se me dei bem neste episódio, o mesmo não aconteceu com os compradores dos papéis. Lançados a RS 20,00, em pouco tempo caíram mais de 50%, em parte por causa da crise do subprime.

Depois a BM&F se fundiu com a Bovespa.

O livro Projeto Maratona foi lançado meio que na moita, durante um almoço reunindo umas dez pessoas. Foram impressos mil exemplares.

Certa ocasião, cochichei no ouvido de um dirigente da bolsa:

“Poxa, bastava a gente ter mudado o título do livro para ‘A grande enrabada’.”

Acho que ele não gostou muito de meu deboche.

Felizmente, para os investidores brasileiros, a quase totalidade dos compradores das ações da BM&F no IPO era composta de grandes fundos estrangeiros. O dinheiro entrou aqui e aqui ficou.

Como e quando investir

Vários IPOs estão previstos para este ano de 2020. Em princípio, não gosto de comprar ações em lançamentos, a não ser que conheça profundamente a empresa e saiba que suas perspectivas são ótimas.

Prefiro esperar o comportamento dos papéis nas primeiras semanas, para então adquiri-los, mesmo que pague mais caro.

Honestamente, acho que aquelas histórias do “scotch” e a Ferrobel me deixaram meio traumatizado.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

SEXTOU COM O RUY

Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso

25 de abril de 2025 - 6:03

A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.

A TECH É BIG

Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre

24 de abril de 2025 - 17:59

A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)

COMPRAR OU VENDER

Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo

24 de abril de 2025 - 16:06

Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles

FUNDOS DE HEDGE

O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis

24 de abril de 2025 - 12:06

Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA

TÁ CHEGANDO

OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações? 

24 de abril de 2025 - 10:45

Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos

Conteúdo Empiricus

‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado

24 de abril de 2025 - 10:00

CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações

IR 2025

É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025

24 de abril de 2025 - 7:07

A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos

BONS VENTOS A CAMINHO?

Desempenho acima do esperado do Nubank (ROXO34) não justifica a compra da ação agora, diz Itaú BBA

23 de abril de 2025 - 19:15

Enquanto outras empresas de tecnologia, como Apple e Google, estão vendo seus papéis passarem por forte desvalorização, o banco digital vai na direção oposta, mas momento da compra ainda não chegou, segundo analistas

ILUMINADA

Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?

23 de abril de 2025 - 16:22

Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel

TENTANDO EVITAR UMA PANE

A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)

23 de abril de 2025 - 11:45

Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.

VOANDO

Embraer (EMBR3) divulga carteira de pedidos do 1º tri, e BTG se mantém ‘otimista’ sobre os resultados

23 de abril de 2025 - 10:17

Em relatório divulgado nesta quarta-feira (23), o BTG Pactual afirmou que continua “otimista” sobre os resultados da Embraer

LANTERNINHA

Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?

22 de abril de 2025 - 6:00

O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores

DÉCIMO ANDAR

Ainda há espaço no rali das incorporadoras? Esta ação de construtora tem sido subestimada e deve pagar bons dividendos em 2025

20 de abril de 2025 - 8:00

Esta empresa beneficiada pelo Minha Casa Minha Vida deve ter um dividend yield de 13% em 2025, podendo chegar a 20%

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar