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A vingança dos touros

Estamos novamente vivendo um bull market. Mas a bolsa já subiu demais novamente? É hora de vender? Leia no texto do colunista Ivan Sant’Anna

12 de dezembro de 2020
7:00 - atualizado às 16:29
O Touro de Wall Street, no distrito financeiro de Manhattan, em Nova York, nos EUA. - Imagem: Shutterstock

Com o Ibovespa fechando na sexta-feira, 11 de dezembro, a 115.130 pontos, podemos afirmar, com absoluta convicção, que estamos em pleno bull market no mercado de ações, bull market esse que, em certos momentos deste ano ímpar de 2020, parecia algo impossível de acontecer.

A máxima do ano (pelo menos até agora), 119.527 pontos, ocorreu em 23 de janeiro. Naquela ocasião, começaram a surgir notícias a respeito de um surto epidêmico na cidade de Wuhan, província de Hubei, no interior da China.

Com os traders atemorizados, a Bolsa brasileira encerrou um ciclo de alta iniciado em dezembro de 2016, a 58 mil pontos, quando se percebeu que o presidente Michel Temer dava início a um programa de reformas liberalizantes na economia.

Do high de 2020, a B3 levou um tombaço. Em apenas três meses, o índice caiu impressionantes 47%, fazendo a mínima do ano a 63.569 pontos no dia 23 de março. Naquela ocasião, a pandemia, após se espalhar pela Ásia e Europa, tomara o rumo das Américas, Norte e Sul.

Iniciou-se, então, teoricamente contrariando todos os fundamentos, o formidável bull market, do qual falo no primeiro parágrafo desta crônica e que estamos vivendo agora.

Aqueles que compraram nas mínimas do ano estão ganhando em média (considerando o Ibovespa como régua) 79%.

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Bull markets não necessariamente têm uma lógica. Quem aguentou o tranco até aquele 23 de março, topava qualquer parada. E parada foi o que o mercado fez, antes de tomar rumo norte.

Essas coisas, a gente só percebe depois que se materializam. E os que detectam a reversão logo no início lavam a égua.

Entre outros fundamentos, a alta da Bolsa se deveu aos cortes na taxa Selic até 2% ao ano, a menor de toda a série histórica do Copom.

Os fundos de renda fixa passaram a apresentar “rendimentos” reais negativos. A poupança, nem se fala.

A pergunta de um milhão de dólares é até onde o mercado poderá subir. Tocar na máxima de 119.527 e seguir adiante é a hipótese mais provável.

Nesse caso, 2020 será um ano com resultado positivo para a Bolsa, apesar de mais de um milhão e meio de mortes causadas pela pandemia, número esse equivalente a 500 onzes de setembro ou 625 Pearl Harbors ou 10 Hiroshimas.

A melhor maneira de entender o que se passa na cabeça dos investidores é raciocinar como a maioria deles.

Digamos que nesse desce-e-sobe um cara que, em determinado momento, chegou a perder 40% do valor de sua carteira recuperou seu prejuízo.

Será que ele vai dizer: "Pronto, me safei. Vou liquidar tudo e voltar para o meu Tesouro Direto"?

Acho difícil. Nessa volta do mercado, ele aprendeu a ganhar, mesmo que seja apenas aquilo que tinha perdido. E o Tesouro Direto, mal e porcamente, vai, na melhor das hipóteses, proporcionar um decepcionante zero a zero.

Há também aquele que comprou ações nesses últimos nove meses. O cara está lucrando, por exemplo, uns 25 por cento. Esse pode pular fora da Bolsa a qualquer momento.

Ele pode estar pensando: “Pô, ganhei um quarto do meu dinheiro. Agora vou pôr num fundo de renda fixa. Pode não render nada mas não vai tomar de volta minha grana.”

O mercado é a média de todas essas decisões e indecisões individuais.

A verdade é que os bull markets são imprevisíveis. O Ibovespa pode subir até 150 mil, 175 mil, 200 mil? Pode. Mas se vai acontecer é outra conversa. A notícia mais alvissareira das últimas semanas é que o dinheiro dos gringos está voltando para a Bolsa brasileira.

O mood do mercado de ações em todo o mundo, apesar da pandemia e do declínio econômico, é de alta por causa das taxas de juros baixíssimas e até mesmo negativas.

No Japão, se paga 0,15% para ter títulos de dois anos do governo. Na Suíça, os bancos cobram 0,58% ao ano para ficar com seu dinheiro por uma década. Na Holanda, 0,47%.

Não há como as Bolsas de Valores não subirem nesse quadro de taxas de juros.

Uma coisa que sempre costumo dizer é que o mercado não reflete aquilo que aconteceu, nem mesmo o que está acontecendo, muito menos aquilo que vai acontecer mas sim “o que não pode deixar de acontecer”.

E se há uma coisa que não poderá deixar de acontecer é o fim da pandemia, seja através da vacinação em massa, imunização de rebanho ou um medicamento salvador.

Quem sabe, até tudo isso ao mesmo tempo.

Já testemunhei ou estudei incontáveis bull markets.

O dos anos 1920, the Roaring Twenties, nos Estados Unidos, durou seis anos, de 1923, após o colapso imobiliário da Flórida, até o dia seguinte ao Labor Day (1ª segunda-feira de setembro) de 1929.

O crash para valer, onde a maioria dos papéis virou pó, aconteceu na Black Tuesday (o politicamente correto logo irá mudar esse nome), em 29 de outubro daquele ano.

Dali em diante, o mercado foi escorregando até que, no dia 8 de julho de 1932, em plena Grande Depressão, aconteceu o dia mais santo de compra na Bolsa de Valores de Nova York em todos os tempos.

Naquele data, que mal foi percebida pelos investidores, o Dow bateu 41,22.

Se considerarmos as quedas ocorridas desde aquele dia até hoje como correções, o atual bull market da NYSE já dura 88 anos e meio.

Nesse período, o Dow subiu 79.209,70%. Descontando a inflação americana no período, mesmo assim o ganho foi de 3.757,12%.

Isso é coisa de bisavô para bisneto.

Aqui no Brasil, assisti um bull market curioso, ocorrido no governo João Goulart (1961-1964).

Embora Jango lutasse pela estatização das empresas estrangeiras, reforma agrária abrangente e tentasse transformar o Brasil em uma república sindical, durante boa parte de seu mandato a Bolsa subiu. Isso por causa da reavaliação dos ativos das sociedades anônimas.

Naquela época, as ações eram negociadas por valores altos. A da Cia. Siderúrgica Belgo Mineira, por exemplo, valia mais do que um salário mínimo.

Com a reavaliação dos ativos, um papel que era cotado em Bolsa por Cr$ 21.000,00, dando uma bonificação de mil por uma, passou a custar Cr$ 21,00. Passar de 21 para 42 era sopa. Daí a alta considerável, apesar dos riscos de socialização do país.

Com a tomada do poder pelos militares, em 1964, a lógica indicava que as Bolsa iriam subir. Afinal de contas, o país se livrara de uma “cubanização”.. Mas não.

A dupla Roberto Campos/Otávio Gouveia de Bulhões pôs em marcha uma política monetária extremamente hawkish, com as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional rendendo correção monetária mais juros anuais de 6% a 8% ao ano, dependendo do prazo de vencimento.

Isso levou a Bolsa de Valores a um tombaço.

Debelada a inflação, que caiu de 92,1% a.a. (1964) para 19,2%, 19,3% (1969), teve início o que para mim foi o bull market mais fascinante que já aconteceu no Brasil. Isso porque envolveu quase toda a classe média e alta. Todo mundo queria aplicar na Bolsa.

Os pregões eram televisionados. Quem estava de fora do mercado de ações era considerado um alienado.

Nessa época, eu era operador de pregão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, a mais importante das inúmeras que havia no país.

Só que a quantidade de IPOs fajutos, sem a menor sustentabilidade, e o modo desonesto como os fundos de ações eram administrados, puseram fim à euforia, dando lugar a um bear market que durou quase uma década.

Mais tarde, já nos anos 1980, o desafio do mercado de ações era bater a inflação, que ameaçava virar hiper, como acabou acontecendo.

Um crescimento mensal de 20% do Ibovespa podia não significar absolutamente nada, com uma alta de preços no mesmo período de 25% ou 30%.

Um dos bull markets mais desconcertantes do mercado brasileiro de ações se iniciou nos últimos meses do segundo mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso.

O PT, com o candidato Lula, era franco favorito. Só que, desde sua fundação, o Partido dos Trabalhadores prometera que, tão logo assumisse o poder, decretaria moratórias externa e interna, estatizaria os bancos e faria uma reforma agrária de grandes proporções, distribuindo as terras dos latifúndios.

Quando se tornou óbvio que Lula venceria as eleições presidenciais de 2002, o dólar subiu a R$ 3,954, equivalentes hoje a R$ 15,31.

A Bolsa caiu e houve grande fuga de capitais do Brasil, inclusive de poupadores da classe média.

Lula escolhera o médico Antonio Palocci, prefeito da cidade de Ribeirão Preto, para chefiar seu gabinete de transição.

Em seus contatos com banqueiros e empresários paulistas, Palocci fez ver que o governo petista iria manter, e até reforçar em alguns pontos, a política econômica de Pedro Malan e de Arminio Fraga, respectivamente ministro da Fazenda e presidente do Banco Central na administração Fernando Henrique.

Palocci acabou assumindo o ministério da Fazenda de Lula. Uma de suas primeiras providências foi aumentar a meta de superávit (sim, nós já tivemos superávit nas contas públicas) primário.

Aliando o capitalismo travestido de socialismo da cleptocracia Lula a uma alta no preço das commodities, esse bull market durou de setembro de 2002 (em pleno governo FHC) até o auge da crise americana do subprime (maio de 2008).

Nesse período, o Ibovespa se valorizou nada mais nada menos do que 702%. Como, paralelamente, o dólar não fez outra coisa a não ser cair frente ao real, o ganho com ações, quando medido na moeda americana, foi absurdo.

Ou seja, bull markets de ações não podem ser dimensionados por regras simples do tipo x + y = z.

Cada uma dessas altas tem suas características específicas.

O atual ciclo do touro se ancora nas taxas de juros negativas e só deverá terminar quando elas voltarem a ser atraentes.

Nesse ínterim, ocorrerão algumas fortes quedas que deverão ser encaradas como pontos de compra e algumas altas exageradas que serão seguidas de correções, as “saudáveis realizações de lucros”, como os traders e analistas gostam de classificá-las.

No momento, com os números tenebrosos da Covid-19 já precificados nas cotações, não há nada no horizonte mostrando que chegou a hora de vender.

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