Ministro do STF, Celso de Mello diz que “o presidente da República, embora possa muito, não pode tudo”

O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, afirmou em nota que considera "gravíssima" a convocação de manifestações contra o Congresso Nacional e afirmou que caso revela a "face sombria de um presidente que desconhece o valor da ordem constitucional" e que não está "à altura do altíssimo cargo que exerce'. O decano frisou: "O presidente da República, embora possa muito, não pode tudo".
"Essa gravíssima conclamação, se realmente confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático", afirmou o decano.
"O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das Leis da República", conclui Celso de Mello.
Nessa terça-feira, 25, o Estado revelou que Bolsonaro compartilhou pelo WhatsApp vídeo de convocação para protestos de teor anti-Congresso Nacional. A gravação exibe a facada que o então candidato à Presidência sofreu em Juiz de Fora (MG), em setembro de 2018, para dizer que o presidente "quase morreu" para defender o País e que agora precisa "que as pessoas vão às ruas para defendê-lo". A mensagem que acompanha o vídeo afirma: "- 15 de março/Gen Heleno/Cap Bolsonaro/O Brasil é nosso, não dos políticos de sempre".
Lideranças políticas da oposição reagiram à divulgação do vídeos por parte do presidente, afirmando se tratar de um ataque à separação dos poderes. Mais cedo, o ministro Gilmar Mendes afirmou que as instituições brasileiras "devem ser honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las".
Bolsonaro respondeu às críticas afirmando se tratar de "troca de mensagens de cunho pessoal, de forma reservada". "Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República", afirmou.
Leia Também
Como vai funcionar o ressarcimento após a fraude do INSS: governo detalha plano enquanto tenta preservar a imagem de Lula
Haddad viaja à Califórnia para buscar investimentos para data centers no Brasil
Dias Toffoli fala em clima de disputa
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, afirmou nesta quarta-feira (26) que o Brasil "não pode conviver com um clima de disputa permanente" e que é preciso "paz para construir o futuro". Em nota, o chefe do Judiciário também diz não existir "democracia sem um Parlamento atuante, um Judiciário independente e um Executivo já legitimado pelo voto".
Sem mencionar o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter compartilhado através de mensagens no WhatsApp vídeos que convocam a população a sair às ruas no dia 15 para protestar contra o Congresso, Toffoli finaliza a declaração citando que a "convivência harmônica entre todos é o que constrói uma grande nação".
O posicionamento de Toffoli, divulgado ao fim da tarde desta quarta, se dá após forte repercussão negativa do episódio envolvendo Bolsonaro. O tom do chefe do Judiciário foi o mesmo adotado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Cobrado por parlamentares a se posicionar sobre o caso, mais cedo, o deputado também defendeu o diálogo, a união e a paz na sociedade.
Também sem citar Bolsonaro diretamente, o presidente da Câmara afirmou que "criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir". "O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir." Até o momento, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não se manifestou oficialmente.
Confira a nota do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, na íntegra:
"Sociedades livres e desenvolvidas nunca prescindiram de instituições sólidas para manter a sua integridade. Não existe democracia sem um Parlamento atuante, um Judiciário independente e um Executivo já legitimado pelo voto. O Brasil não pode conviver com um clima de disputa permanente. É preciso paz para construir o futuro. A convivência harmônica entre todos é o que constrói uma grande nação.
Dias Toffoli, presidente do STF".
IAB fala em "limites da legalidade"
Já o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), com quase duzentos anos de história, repudiou o compartilhamento do presidente.
Em nota pública, o Instituto conclama 'as instituições civis a defenderem os valores democráticos tão caros ao povo brasileiro'.
O texto é subscrito pela presidente do IAB, Rita Cortez. "O IAB exige que haja por parte do presidente uma postura responsável, compatível com o cargo e a função assumidos, nos termos do artigo 85, inciso II da Constituição Federal."
"Não é a primeira vez que o presidente lança no ar a vontade de promover atos de conteúdo autoritário, que atentam contra as liberdades democráticas e os direitos fundamentais", segue a nota.
Segundo Rita, "os fatos recentes chamam a atenção dos juristas, posto que é inconcebível, segundo os princípios constitucionais, propagar ou incentivar manifestações de cunho fascista, contrárias ao estado democrático".
Para o Instituto, "o presidente insufla a população contra os poderes republicanos, conduta inadequada ao exercício do cargo que ocupa e que exige responsabilidade".
"As sucessivas declarações das mais graduadas autoridades públicas do País passaram a ter caráter aberto e provocativo, deixando de ser mais um balão de ensaio."
Na avaliação do IAB, "trata-se de conduta que ultrapassa os limites da legalidade".
Rita Cortez argumenta que "a autonomia e a liberdade dos poderes da República são inquestionáveis e indispensáveis ao equilíbrio da representação da Nação".
Ela faz um alerta. "O IAB não assistirá impassível aos ataques à democracia. O IAB reagirá com vigor, aliado a outras instituições, movimentos sociais e representações democráticas, porque é hora de unir forças para, o quanto antes, se contrapor ao golpismo."
Íntegra da nota:
'O Instituto dos Advogados Brasileiros, diante da gravidade do ato do presidente da República de convocar a população, via redes sociais, para manifestações de protesto contra o os poderes Legislativo e Judiciário, não pode deixar de registrar, mais uma vez, o seu veemente repúdio a esse tipo de comportamento, e conclama as instituições civis a defenderem os valores democráticos tão caros ao povo brasileiro.
Com quase 200 anos de ativa dedicação aos grandes temas jurídicos e políticos que reforçam o estado democrático de direito, o IAB exige que haja por parte do presidente uma postura responsável, compatível com o cargo e a função assumidos, nos termos do artigo 85, inciso II da Constituição Federal.
Não é a primeira vez que o presidente lança no ar a vontade de promover atos de conteúdo autoritário, que atentam contra as liberdades democráticas e os direitos fundamentais.
Os fatos recentes chamam a atenção dos juristas, posto que é inconcebível, segundo os princípios constitucionais, propagar ou incentivar manifestações de cunho fascista, contrárias ao estado democrático.
O presidente insufla a população contra os poderes republicanos, conduta inadequada ao exercício do cargo que ocupa e que exige responsabilidade. As sucessivas declarações das mais graduadas autoridades públicas do País passaram a ter caráter aberto e provocativo, deixando de ser mais um balão de ensaio.
Trata-se, portanto, de conduta que ultrapassa os limites da legalidade.
A autonomia e a liberdade dos poderes da República são inquestionáveis e indispensáveis ao equilíbrio da representação da Nação.
O IAB não assistirá impassível aos ataques à democracia.
O IAB reagirá com vigor, aliado a outras instituições, movimentos sociais e representações democráticas, porque é hora de unir forças para, o quanto antes, se contrapor ao golpismo.'
Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2020.
Rita Cortez
Presidente nacional do IAB
*Com Estadão Conteúdo.
Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment
Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades
Com eleições de 2026 no radar, governo Lula melhora avaliação positiva, mas popularidade do presidente segue baixa
O governo vem investindo pesado para aumentar a popularidade. A aposta para virar o jogo está focada principalmente na área econômica, porém a gestão de Lula tem outra carta na manga: Donald Trump
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Eleições 2026: Lula tem empate técnico com Bolsonaro e vence todos os demais no 2º turno, segundo pesquisa Genial/Quaest
Ainda segundo a pesquisa, 62% dos brasileiros acham que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria se candidatar à reeleição em 2026
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Eletrobras (ELET3) e União dão mais um passo em acordo ao assinar termo que limita poder de voto dos acionistas a 10%
O entendimento ainda será submetido à assembleia geral de acionistas, a ser convocada pela companhia, e à homologação pelo Supremo Tribunal Federal
STF torna Bolsonaro réu por tentativa de golpe; o que acontece agora
Além de Bolsonaro, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus sete aliados do ex-presidente
Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom
Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros
O rugido do leão: Ibovespa se prepara para Super Semana dos bancos centrais e mais balanços
Além das decisões de juros, os investidores seguem repercutindo as medidas de estímulo ao consumo na China
Na presença de Tarcísio, Bolsonaro defende anistia e volta a questionar resultado das eleições e a atacar STF
Bolsonaro diz que, “mesmo preso ou morto”, continuará sendo “um problema” para o Supremo Tribunal Federal (STF)
X, rede social de Elon Musk, fica fora do ar — e dessa vez a culpa não é de Moraes
Os problemas começaram por volta das seis horas da manhã (horário de Brasília), com usuários reclamando que não conseguiam carregar o aplicativo ou o site do antigo Twitter
Eletrobras (ELET3): os principais pontos do acordo que resolve pendências da privatização com governo — e faz as ações subirem forte na B3
Acordo resolve participação do governo na gestão da Eletrobras (ELET3) após a privatização e investimentos na Usina de Angra 3
Popularidade de Lula em baixa e bolsa em alta: as eleições de 2026 já estão fazendo preço no mercado ou é apenas ruído?
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o professor da FGV, Pierre Oberson, fala sobre o que os investidores podem esperar do xadrez eleitoral dos próximos dois anos
De onde não se espera nada: Ibovespa repercute balanços e entrevista de Haddad depois de surpresa com a Vale
Agenda vazia de indicadores obriga investidores a concentrarem foco em balanços e comentários do ministro da Fazenda
Manda quem pode, obedecer é outra coisa: depois de Elon Musk, a briga de Alexandre de Moraes agora é com Donald Trump
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro não perdem tempo e usam o movimento das empresas de Trump para atacar o ministro do STF e essa história ainda pode ir mais longe
Como não ser pego de surpresa: Ibovespa vai a reboque de mercados estrangeiros em dia de ata do Fed e balanço da Vale
Ibovespa reage a resultados trimestrais de empresas locais enquanto a temporada de balanços avança na bolsa brasileira
PGR denuncia Bolsonaro e mais 33 por tentativa de golpe de Estado; veja tudo o que você precisa saber sobre as acusações
As acusações da procuradoria são baseadas no inquérito da Polícia Federal (PF) sobre os atos de 8 de janeiro de 2022, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes
Kassab estava errado? Pesquisa Genial/Quaest indica que Lula venceria todos candidatos se eleição fosse hoje – mas há um sinal amarelo para o presidente
A pesquisa da Genial/Quaest realizou seis simulações de segundo turno e quatro do primeiro, e Lula sai na frente em todas elas. Mas não significa que o caminho está livre para o petista
Michelle e Eduardo Bolsonaro eram de grupo pró-golpe mais radical, diz Cid em delação premiada
O teor desse depoimento foi revelado pelo jornalista Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Donald Trump volta à Casa Branca nesta segunda-feira; confira os preparativos e como acompanhar a posse do presidente dos EUA
A cerimônia de posse de Donald Trump contará com apresentações, discursos e a presença de líderes internacionais. Porém, até lá, o republicano participa de diversos outros eventos