A Ambev anunciou nesta quinta-feira (29) que registrou no terceiro trimestre um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, queda de 9% em relação aos R$ 2,5 bilhões apurados no mesmo período de 2019.
Mesmo recuando por conta do forte crescimento das despesas financeira, o resultado veio acima da média das estimativas de analistas ouvidos pela Bloomberg. A expectativa era de um lucro de R$ 1,3 bilhão no período.
A receita, por sua vez cresceu 30,5%, para R$ 15,6 bilhões, também ficando acima do esperado pelo mercado, de R$ 10,5 bilhões. O faturamento foi beneficiado pelo crescimento de 12% do volume de vendas, puxado pelo avanço de 20% no Brasil.
Segundo a companhia, a alta das vendas no País foi puxada por iniciativas comerciais próprias, como oferecer serviço de entrega em domicílio aos consumidores, a adaptabilidade do calendário de preços e o efeito positivo do auxílio emergencial do governo federal. Estes fatores ajudaram a compensar a queda nas vendas a bares e restaurantes.
A Ambev informou que também teve ganhos em termos de volume em suas operações internacionais, com os países em que atua apresentando melhorias sustentadas a partir do segundo trimestre, à medida em que as restrições impostas para combater a pandemia de covid-19 foram gradualmente flexibilizadas.
“O terceiro trimestre da Ambev foi marcado pela contínua recuperação em formato de “V” impulsionada pela estratégia comercial da companhia, à medida em que inovação, flexibilidade e excelência operacional ganharam momentum”, diz trecho do relatório da empresa.
O bom desempenho das vendas resultou em um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado – que exclui itens como participação de não controladores e nos resultados de coligadas – de R$ 5 bilhões, alta de 15%.
Mesmo assim, a parte operacional também apresentou algumas questões. A margem bruta caiu de 56,3% para 52,4%, enquanto a margem Ebitda recuou de 36,9% para 32,5%, levemente acima do esperado (32%).
No período, a Ambev viu um aumento de 26,6% do custo dos produtos vendidos, devido principalmente às pressões inflacionárias na Argentina, taxas de câmbio desfavorável para compra de insumos e custos com embalagens.
Já a despesa financeira líquida cresceu 3,7 vezes, para R$ 1,1 bilhão. Parte é explicado pela distorção provocada pelo ganho provocado pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins no ano passado, mas a Ambev também viu um aumento das despesas com juros e das perdas com instrumentos derivativos, em parte provocada por custo de carrego de hedges cambiais vinculados à exposição na Argentina.